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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

NoCinema: AZUL É A COR MAIS QUENTE

La Vie d´Adèle: Chapitres 1et 2-FRANÇA
Ano: 2013 - Dirigido por: Abdellatif Kechiche
Elenco: Adèle Exarchopoulos, Léa Seydoux, Jérémie Laheurte

NOTA: «««««

Sinopse: Adèle (Adèle Exarchopoulos) é uma garota de 15 anos que descobre, na cor azul dos cabelos de Emma (Léa Seydoux), sua primeira paixão por outra mulher. Sem poder revelar a ninguém seus desejos, ela se entrega por completo a este amor secreto, enquanto trava uma guerra com sua família e com a moral vigente.


Classificar “Azul É A Cor Mais Quente” meramente como um filme gay é simplesmente diminuir o filme a uma visão restrita e injusta, já que o longa dirigido por Abdellatif Kechiche não busca tratar o romance entre duas mulheres como algo distópico da nossa sociedade e muito menos explorar como essa era reagir diante disso. O que temos em “Azul É A Cor Mais Quente” é a busca de uma personagem para encontrar o seu espaço no mundo. É o drama de um “casal”, da vida a dois tão frequente explorada pelo cinema, mas aqui com a diferença de, ao invés de ser um homem e uma mulher, são duas pessoas do mesmo sexo. 

Mas a base é a mesma. Abdellatif Kechiche não se preocupa com a reação dos pais da protagonista Adèle por se envolver com uma mulher, tanto que o diretor faz um salto brusco partindo da vida adolescente de ambas para o momento em que as duas já estão morando juntas. E a maneira como Kechiche explora esse relacionamento, desde as sequencias longas de sexo, até os diálogos intimistas entre as duas, a solidão de Adèle após o ajuntamento com a parceira, tudo para retratar esse mundo vazio da personagem, tentando, de alguma forma, se realizar. E Adèle encontra em Emma um sentimento tão forte, tão vivo, que a faz se entregar de cabeça. 


Com o tempo de convivência, Emma se distancia, começa a dedicar mais tempo ao trabalho e estar pouco presente, o que resulta na rendição de Adèle as investidas de um colega de trabalho na escola onde leciona. Adèle é professora de ensino fundamental. E tal atitude não apenas comprova que “Azul É A Cor Mais Quente” está longe de ser um drama sobre lesbianismo, como ressalta o vazio profundo existente na nossa protagonista. 

A palavra que posso usar para descrever as atuações é apenas uma: sublime! Se Léo Seydoux oferece maturidade ao filme na pele de Emma, decidida nas suas escolhas e totalmente oposta a pessoa insegura de Adèle, a atriz Adéle Exarchopoulos oferece uma das melhores atuações do ano como a protagonista de “Amor É A Cor Mais Quente”. Os olhares, o fervor da paixão, a dor da perda e a angústia existencial são transmitidos com tanta entrega que é impossível não se convencer com a atriz. 


Azul É A Cor Mais Quente” talvez seja um dos filmes mais verdadeiros já feitos nos últimos anos em relação a vida. Sem julgamentos e sem criar polêmicas em torno da sexualidade, o filme é um retrato humano sobre o que acontece na vida de todos nós. Não interessa se são homens com homens, mulheres com mulheres ou homens e mulheres. Ninguém está isento de decepções e muito menos das inseguranças que nos cercam acerca do futuro e dos nossos próprios planos. Belíssimo filme!

Comentário por Matheus C. Vilela

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