Total de episódios: 13
Ano: 2013
Hannibal Lecter não é o serial killer mais aclamado da cultura pop sem motivos. O personagem criado por Thomas Harris e que teve o seu rosto eternizado no cinema pelo ator Anthony Hopkins (que ganhou o Oscar de Melhor Ator pelo papel em “O Silêncio dos Inocentes”) é o típico assassino que possui todos os elementos que o público adora: é manso, simpático, sagaz, não age por impulso, pensa minuciosamente nos seus atos, gosta de trabalhar com o psicológico das pessoas e é aquela figura que dificilmente é vencida por alguém, pois é boa de argumento e conhece diferentes tipos de comportamento.
Tanto nos livros, quanto nos filmes, Hannibal tornou-se um alvoroço, e com o sucesso que a TV vem proporcionando nos últimos anos, chega à vez do personagem ganhar as telinhas. A emissora NBC iniciou o desenvolvimento da série em 2011 e chamaram o produtor Bryan Fuller para escrever o episódio piloto. Fuller é um veterano na televisão. Começou como co-produtor na última temporada da série “Jornada nas Estrelas: Voyager” em 2001, foi produtor executivo em “Pushing Daisies” e “Wonderfalls”, mas o seu ápice foi em 2009 quando trabalhou como produtor e roteirista na série “Heroes” também da NBC.
A ideia de Fuller para o personagem na série, que se passa antes dos acontecimentos de “Dragão Vermelho” (quem não conhece o livro, têm também o filme de 2002), não era de colocar Hannibal como o vilão central da trama, mostrando-o como o assassino sorrateiro eficiente em cobrir os seus rastros e que gosta de comer, literalmente, pessoas. Nada disso! Nesta primeira temporada, temos uma excelente construção da figura enigmática do personagem. O vemos atuando como psicólogo, e temos ressalvas importantes do seu talento para a medicina, já que ele havia sido cirurgião anos antes, e, principalmente para a culinária, mostrando o seu prazer em comer sempre do melhor.
No decorrer dos 13 episódios sabemos o que ele esconde por trás daquele ser amigável e passivo. Mas não os demais personagens da série, gerando um suspense ascendente e um ambiente imprevisível onde sempre colocamos Hannibal como um dos possíveis responsáveis por alguns crimes.
Porém, apesar de ser o mais famoso psicopata da série, o foco principal acaba não sendo Hannibal, e sim, o detetive especial do FBI Will Graham (que para quem viu o filme “Dragão Vermelho” sabe que foi ele o responsável pela prisão do Dr. Lecter). Will é chamado por Jack Crawford (agente especial responsável pelo departamento de Ciências Comportamentais do FBI) para auxiliar nas investigações de assassinatos, onde Will têm o talento de se colocar no lugar do assassino e reconstruir, passo a passo, suas ações, facilitando o trabalho da polícia em prender o individuo.
Mas esse talento de Will o torna uma pessoa instável psicologicamente, e um alvo fácil para Hannibal, que é contratado pelo FBI para ser o seu psicólogo e auxiliá-lo nos assassinatos. Obviamente, Hannibal e Will criam uma amizade. Duas pessoas que pensam como assassinos e entendem a mente humana. Mas Hannibal é astuto e sabe usar essa amizade a seu favor, e na medida em que a situação de Will vai piorando, Hannibal aproveita para colocar esse dom e vulnerabilidade de Will contra o próprio Will.
Não entrarei muito em detalhes, pois a série cria maravilhosamente bem essa imagem que tornou Hannibal um personagem tão icônico. A tensão crescente a cada episódio é um deleite para os fãs de suspense e thriller policial, assim como para os apaixonados por histórias de serial killer.
Anthony Hopkins ficou marcado para sempre como sendo O Hannibal. Os olhares compenetrantes e a fala mansa e melódica do ator o tornaram um clássico. Como chamar alguém a altura de Hopkins? Pois bem, o ator dinamarquês Mads Mikkelsen não só traz os olhares compenetrantes e a fala mansa e melódica de Hopkins, como oferece charme ao personagem, que, aliás, o torna ainda mais perigoso.
Hugh Dancy, que sempre fez papéis leves em filmes como “Os Delírios de Consumo de Becky Bloom” e “Hysteria”, mostra carisma e convence no papel do perturbado Will Graham, aparecendo como a figura mais complexa e problemática da série.
Nesta primeira temporada tivemos a construção das figuras de Hannibal e Will Graham e da amizade entre ambos. Como fica evidente no final do último episódio, podemos esperar na segunda temporada um embate fervoroso entre o detetive e o doutor Hannibal Lecter.
Podemos até saber como essa amizade entre os dois termina, porém, o que vale à pena é acompanhar como tudo aconteceu e o que fizeram de Will Graham e Hannibal Lecter inimigos tão mortais. Mais que recomendado!
Nota: «««««
Comentário por Matheus C. Vilela
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