Total de episódios: 13
Ano: 2013
Dirigido por: David Fincher, James Foley, Joel Schumacher, Charles McDougall, Carl Franklin, Allen Couter.
“House Of Cards” é a segunda série original realizada para a Netflix, a maior empresa de TV online do mundo, e os 13 episódios que compõem a primeira temporada, diferente do habitual, foram disponibilizados no site simultaneamente podendo ser adquiridos em pacote. A ideia deu certo e a série foi a mais assistida da Netflix desde o seu lançamento, sem falar do sucesso de críticas que, evidentemente, deram sinal verde para os próximos 13 capítulos.
Criada por Beau Willimon e produzida por pessoas como David Fincher (que dirige os dois primeiros episódios) e Kevin Spacey (que também estrela), a série é baseada em uma minissérie de mesmo nome produzida pela BBC em 1990, que foi baseada no romance homônimo de Michael Dobbs, cuja trama se passa em Londres após a renúncia de Margareth Thatcher como primeira ministra e acompanhamos a disputa pelo disputado cargo. Nesta nova adaptação o cenário muda para os Estados Unidos, Washington D.C, onde após a vitória de Garret Walker para presidente da república, o líder do partido republicano e congressista Frank Underwood espera dele o cumprimento da promessa de torná-lo Secretário de Estado, já que ele foi fundamental para a vitória do atual presidente.
Surpreendentemente, Frank é mantido no congresso sob alegações que sua presença ali é fundamental para o governo, e o cargo de secretário é oferecido a outra pessoa. A partir de então, Frank começa uma série de táticas para derrubar o atual presidente.
Não vemos aqui no Brasil uma separação tão acentuada e competitiva entre democratas e republicanos como vemos nos Estados Unidos. Existem sim os conflitos e diferenças, mas tudo tendo outros interesses e motivos, já lá a idealização de cada um desses partidos é tão forte e martelada com tanta frequência na cabeça das pessoas, que um cidadão norte-americano já sabe bem de que lado é desde cedo.
O que vemos em “House Of Cards” é a dinâmica existente por trás desse mundo e como, muitas vezes, ou em grande maioria, tudo não passa de um jogo onde quem vence é quem for mais esperto e tiver mais poder. Frank Underwood é influente, esperto e preza sempre por sua imagem, e para isso, cobre com extremo cuidado os seus rastros e não mede esforços para alcançar aquilo que deseja. Ele sabe argumentar, sacrificar um peão para matar a rainha, coloca os seus subalternos sob suas rédeas, entrega o que o oponente deseja em troca, não de dinheiro, mas de lealdade e poder. Pois assim como o próprio personagem exemplifica no episódio número 02: “Dinheiro é a mansão no bairro errado, que começa a desmoronar depois de 10 anos. Poder é o velho edifício de pedra que se mantém de pé por séculos”.
A série conta com diretores de nome como David Fincher e Joel Schumacher na direção de alguns episódios. Fincher, sendo também um dos principais produtores, mantém seu estilo de filmagem com pouca câmera na mão e uma fotografia que lembra trabalhos como “Millenium – Os Homens Que Não Amavam As Mulheres” e “Seven – Sete Crimes Capitais”. A câmera que anda pelo ambiente, que vai se aproximando ou se afastando dos atores é frequentemente usada aqui. Outro fator que ajuda muito no envolvimento do público com a história, é a quebra da quarta parede com a interação direta com o público. Kevin Spacey, que dá vida ao protagonista Frank Underwood, para o que está fazendo e se dirige fixamente para a câmera explicando o que pretende fazer ou o que está acontecendo naquele momento, tornando-nos assim uma espécie de cúmplices.
Por falar em Kevin Spacey, o ator de 53 anos mostra-se completamente a vontade na pele do congressista Frank Underwood. Usando grande parte do tempo uma voz mansa e arrastada recheada de sarcasmo e desdém, Spacey consegue, apesar do caráter dúbio de seu personagem, criar uma figura simpática que desperta o nosso interesse em querer acompanhá-lo e saber o que fará em seguida.
Outros atores também merecem elogios como Robin Wright interpretando a esposa de Frank, Claire Underwood. Ela não é apenas uma esposa que serve para satisfação sexual e propaganda politica do marido, Claire Underwood e Frank Underwood se amam, mantém os seus casos extraconjugais movidos por interesses, e ambos trabalham juntos criando uma forte muralha contra os ataques de fora. São como Bonnie e Clyde, unidos no amor, unidos no crime.
Kate Mara, Corey Stoll, Michael Kelly, Kristen Connoly (linda e maravilhosa!) completam o elenco principal trazendo interpretações fortes e consistentes. E Gerald McRaney empresta sua competência e talento interpretando um bilionário no ramo de energia.
“House Of Cards” merece todo o sucesso e respeito a que vêm tendo. Geralmente obras politicas tende a ser cansativas e pouco agrada o grande público, mas “House Of Cards” com sua desenvoltura ágil e diálogos estupendos, a série é uma das melhores desses últimos anos. Traz os bastidores da política norte americana de um jeito empolgante, imprevisível, interessante e bem irônico.
A escolha de lançar os 13 episódios juntos foi um acerto e tanto, pois assim como eu, tenho certeza que você não irá se contentar em assistir apenas um episódio por dia.
Nota: «««««
Comentário por Matheus C. Vilela
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