The Longe Ranger-EUA
Ano: 2013 - Dirigido por: Gore Verbinski
Elenco: Johnny Depp, Armie Hammer, Helena Bohan Carter, Ruth Wilson, Tom Wilkinson
NOTA: «««««
Sinopse: Colby, Texas, 1869. John Reid (Armie Hammer) é um advogado que acaba de retornar à sua cidade-natal, onde vive seu irmão Dan (James Badge Dale), a cunhada Rebecca (Ruth Wilson) e o sobrinho Danny (Bryant Prince). John está disposto a cumprir a justiça ao pé da letra, levando os criminosos ao tribunal, apesar da resistência local. Ao acompanhar o irmão e outros Texas Rangers em uma patrulha pelo deserto, o grupo é atacado pelos capangas de Butch Cavendish (William Fichtner), um bandido que tem a fama de comer carne humana. Todos são assassinados, com exceção de John, que fica à beira da morte. O índio Tonto (Johnny Depp) o encontra e, ao perceber que um cavalo branco escolhe John, passa a ajudá-lo. Tonto acredita que John foi escolhido por um mensageiro espiritual e que, como voltou da morte, não pode mais ser morto. A partir de então John passa a usar uma máscara e, ao lado de Tonto, faz de tudo para reencontrar Cavendish.
Criado por George Washington Trendle e desenvolvido pelo escritor Fran Striker, “O Cavaleiro Solitário” começou como uma radionovela transmitida pela primeira vez em 1933 na rádio WXYZ de Detroit. O personagem ganhou posteriormente a televisão com um seriado produzido entre 1949 a 1957 estrelado inicialmente por Clayton Moore que foi trocado por John Hart entre 1952 a 1954. Moore retornou depois e estrelou dois filmes na pele do justiceiro mascarado conhecido como “O Cavaleiro Solitário”, que era acompanhado em suas missões pelo fiel amigo, o índio Tonto. Anos mais tarde, na década de sessenta, ganhou um desenho animado na CBS, e apareceu nos anos 80 ao lado de personagens como Zorro e Tarzan.
A série foi um enorme sucesso durante os anos em que foi transmitida e não só tornou a frase “Hi-ho Silver, away!” memorável, como sua música tema, escrita pelo italiano Gioachino Rossini, tornou-se uma das canções mais icônicas do gênero aventura, sendo usada repetidas vezes em desenhos animados até os dias de hoje.
Dentre as tentativas de trazer o personagem para a nova geração em 2003 a Warner Brothers lançou um telefilme de duas horas no intuito de avaliar a reação do público, e quem sabe, investir numa série televisiva. O longa não empolgou e obteve pouquíssima repercussão, engavetando totalmente o projeto. Eis que a Disney junto com o diretor Gore Verbinski, os roteiristas Terry Rossio e Ted Rossio, o produtor Jerry Bruckheimer e o astro Johnny Depp decidem adaptar o seriado para as telonas numa super produção orçada em 225 milhões, que foi marcada por inúmeras regravações e estouro de orçamento. Indo aos trancos e barrancos, “O Cavaleiro Solitário” chega aos cinemas com grandes pretensões e uma produção grandiosa, porém, com uma execução pífia e adormecida.
Totalmente realizado pela mesma equipe da franquia “Piratas do Caribe”, o diretor Gore Verbisnki continua habilidoso em filmar sequencias de ação criativas, megalomaníacas que divertem e empolgam. Mas juntamente com um roteiro mal escrito e falho, suas habilidades acabam sendo desperdiçadas em um filme que se estende além do necessário e que não traz profundidade alguma ao herói principal.
O roteiro escrito pelos irmãos Ted e Terry Rossio, junto com o também roteirista Justin Haythe, cria bem o clima de aventura com cenas exageradas eficientes que usam o melhor da tecnologia atual, e utilizam a música nostálgica do seriado para fazer funcionar, e o resultado compensa. Entretanto, o grande pecado desse roteiro é justamente a construção não só do protagonista, como também do seu companheiro Tonto. Contando a história por meio de flashbacks narrados pelo próprio “índio Tonto” a um garotinho no ano de 1933, algo desnecessário que só atrapalha a fluidez da história, os irmãos Rossio e Haythe transformam o justiceiro mascarado numa figura cômica e caricata que não convence como herói em nenhum momento e não sentimos maturidade nas suas ações, algo absolutamente oposto ao personagem de Clayton Moore no seriado.
Chamando um ator pouco conhecido do grande público como Armie Hammer para interpretar o Cavaleiro Solitário, isso justifica a intenção dos realizadores de transformar uma história focada no nascimento de um justiceiro em meio a um Texas sem justiça comandado por autoridades corruptas, em um filme cujo destaque acaba sendo não o personagem título, mas o índio Tonto, interpretado por Johnny Depp.
Sou fã incondicional de Johnny Depp, e não só antes de alcançar o estrelato com “Piratas do Caribe” em 2003 (quando era considerado um ator de filmes menores), mas também depois quando se tornou um astro e sinônimo de rentabilidade. Ainda assim o considero um ator versátil e criativo e discordo totalmente das afirmações de alguns que dizem que depois da sua primeira aparição como o Capitão Jack Sparrow, Depp apenas recicla o mesmo personagem. Suas atuações em obras dramáticas como “Em Busca da Terra do Nunca” (2003) e “Inimigos Públicos” (2010) ou em papéis excêntricos como nos ótimos “A Fantástica Fábrica de Chocolate” (2005) e “Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet” (2007), ou até mesmo em filmes inferiores como “Alice no País das Maravilhas” e “Diário de Um Jornalista Bêbado”, vejo uma versatilidade notável em Depp que mostra não só ser inovador no visual, como em trazer algo de interessante para cada personagem. E mesmo na franquia “Piratas do Caribe”, que não escondo ser um apaixonado, Depp diverte muito, mesmo sem trazer nada de novo.
Johnny Depp é um ator que consegue ser sempre um Jack Sparrow excepcional e muitíssimo carismático, como um ator com talento para ir muito além, e isso ele já mostrou mesmo depois de “Piratas do Caribe”, cujo personagem dividiu sua carreira em um antes e depois. Mas nesses últimos anos Depp vem nitidamente trabalhando no automático mostrando pouca ousadia em criar algo diferente. Filmes como “O Turista” e “Sombras da Noite” servem para comprovar um Depp que vêm reutilizando o seu Jack Sparrow e caindo numa triste e lamentável rotina. E mais do que nunca o ator se repete neste “O Cavaleiro Solitário”, onde se entrega por completo ao famoso pirata abusando dos mesmos trejeitos, caras e bocas, de uma maquiagem e figurino quase semelhantes e utilizando na mesma medida o humor irônico do Lord Pirata do Caribe.
Por ser um apreciador e fã do ator, insisti, e muito, para não ter essa imagem do seu índio Tonto nas quase duas horas e meia de duração. Mas infelizmente Depp, mesmo com todo o carisma e talento, pouco ousa e não se sobressai aqui. Sem dúvida é um ator que têm presença de cena e o mais curioso é que mesmo sendo o Jack Sparrow na pele de um índio, ele consegue ser a figura mais simpática e atrativa do filme, que de resto é um fiasco.
Com um desenrolar longo e cansativo, que nunca chega a lugar algum, “O Cavaleiro Solitário” transforma um personagem sério e imponente numa figura cômica e banal, e abre imenso espaço para momentos engraçados sem propósitos, que deixam uma sensação de vazio e inutilidade, e acaba deixando a impressão de que o principal interesse do filme é apenas fazer graça.
Insosso, demorado, fútil e pretensioso demais, “O Cavaleiro Solitário” está longe de trazer o espírito que o seriado tinha, e muito menos de ser um entretenimento divertido e empolgante. Por mais que o final seja nostálgico, infelizmente e com muita dor no coração, afirmo que “O Cavaleiro Solitário” é uma fita esquecível lamentável. Até agora, para mim, é a maior decepção que tive neste ano. Bomba!
Comentário por Matheus C. Vilela
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