A PEQUENA LOJA DE SUICÍDIOS

Le Magasin des Suicides-FRANÇA, BÉLGICA

Ano: 2012  - Dirigido por: Patrice Leconte

Elenco: Bernard Alane, Isabelle Spade, Isabelle Giami

NOTA: «««««

Sinopse: Em uma cidade triste e depressiva, as pessoas não tem mais passatempos, e o comércio mais lucrativo é uma loja com produtos para suicídio. São cordas, venenos e outros instrumentos para ajudar cada cidadão a encurtar sua vida. O único problema é quando a proprietária da loja engravida e dá à luz a um filho alegre, repleto de vida. Grandes problemas esperam estes pobres comerciantes...

Com mais de trinta filmes no currículo, e aos 65 anos, o diretor Patrice Leconte, conhecido por filmes como “A Viúva de Saint Pierre” e “Confidências Muito Íntimas”, embarca no universo da animação com este “A Pequena Loja de Suicídios”, um excêntrico trabalho adaptado do livro de mesmo nome escrito pelo francês Jean Taulé em 2007. 

Na trama conhecemos um mundo tomado pela tristeza e amargura, onde as pessoas vivem pensando na morte e de que maneira irão morrer. Em meio à descrença e a falta de esperança das pessoas, eis que uma pequena loja se destaca vendendo objetos, desde cordas a venenos, para que os cidadãos possam cometer suicídio. O casal de comerciantes que administra a loja está esperando o nascimento do seu próximo filho, que surpreendentemente nasce uma criança alegre que irá colocar em risco não só os negócios da família, com também será a esperança de um novo futuro para humanidade. 

Além de uma animação, Leconte decide realizar um musical e é impossível assistir “A Pequena Loja de Suicídios” sem se lembrar de Tim Burton. Não apenas pelo tom sombrio característico do diretor norte-americano, como também pela mescla de amargura e música que o próprio Burton fez maravilhosamente bem em “A Noiva Cadáver”, e Leconte transmite essa mesma impressão aqui, onde em meio a um mundo obscuro tomado pela dor e sofrimento renasce, através de um sentimento simples como o amor, a perspectiva de um futuro feliz. 

Só penso que o problema do filme seja a sua brevidade em explorar esse despertar dos personagens e seus sentimentos, principalmente do casal dono da loja. Duas figuras que escondem seus problemas, mas que se aproveitam da fraqueza das pessoas para ganhar dinheiro, e quando o filho mais novo torna-se uma ameaça, algumas atitudes tornam-se extremas ao ponto do próprio pai induzir o filho a fumar logo quando criança com olhares que entregam suas reais intenções. Isso não é explorado afundo sendo suavizado por Leconte que insisti em permanecer com seu olhar irônico, o que impede o filme de trilhar caminhos mais ousados. 

“A Pequena Loja de Suicídios” não é uma animação para crianças. Mas busca ter uma pegada mais amena e otimista, principalmente pelo lado musical, que de certa forma atraí o público menor. E sem dúvida Tim Burton serviu de inspiração nesta deliciosa e agradabilíssima animação francesa.

Comentário por Matheus C. Vilela