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terça-feira, 9 de julho de 2013

O HOMEM DE AÇO

Man of Steel-EUA
Ano: 2013 - Dirigido por: Zack Snyder
Elenco: Henry Cavill, Michael Shannon, Amy Adams, Russell Crowe, Kevin Costner, Diane Lane, Laurence Fishburne

NOTA: «««««

Sinopse: No panteão dos super-heróis, Superman é o mais reconhecido e reverenciado personagem de todos os tempos. Clark Kent/Kal-El (Henry Cavill) é um jovem jornalista que se sente diferente por ter poderes além da imaginação de qualquer ser humano. Há anos enviado de Krypton, um avançado planeta alienígena, à Terra, Clark sofre com a derradeira questão: "Por que estou aqui?" 


Apesar de gostar muito de “Superman – O Filme” de 1978 dirigido por Richard Donner, e achar o segundo um bom entretenimento, particularmente o herói Superman nunca me conquistou. Nunca gostei da maneira infantil de explorar o seu heroísmo e muito menos das resoluções oportunistas presentes em suas histórias, tornando-o um ser capaz de tudo onde sua única fraqueza é um cristal verde advindo do seu planeta natal. Isso é algo pessoal, respeito muito os fãs, mas ao menos no cinema isso sempre me incomodou. E quando Bryan Singer resolveu fazer uma homenagem aos filmes de Christopher Reeve, o resultado, ainda que visualmente magnífico, ficou a desejar novamente na exploração desse icônico personagem. 

Resumindo tudo o que falei no parágrafo anterior, eu gosto do realismo e quando fazem de um herói surreal algo crível e palpável. E o Superman sempre foi esse super herói que tinha poderes para todas as ocasiões, um disfarce grotesco e uma mitologia muitíssimo interessante, mas não transmitida com o devido valor. 


Após o repúdio do público para com “Superman – O Retorno”, eis que Christopher Nolan, diretor da trilogia “O Cavaleiro das Trevas”, junto com o roteirista David S. Goyer, com quem trabalhou nos filmes do morcego, levaram aos chefões da Warner uma nova ideia para o herói mais antigo do planeta, trazendo uma abordagem mais realista e convincente, explorando a fundo sua história desde os tempos de seu pai em Krypton até o seu amadurecimento como alguém que precisa se descobrir e lidar com os seus poderes. 

O filme começa logo em Krypton mostrando Jor-El (o pai biológico do Superman) tentando convencer o conselho político do planeta a investir em suas tecnologias para salvar a nova geração de Krypton, já que, segundo ele, o planeta será destruído em breve. A conversa é interrompida com a invasão do general Zod, que se opondo a maneira lenta e monótona de agir do conselho, se rebela com a ambição de findar uma nova ordem e defender Krypton da sua ruína. Tal atitude não é muito bem recebida por Jor-El, que em meio a uma guerra civil e com o núcleo do planeta chegando ao fim, decide juntamente com sua esposa Lara salvar a história de Krypton enviando o seu filho recém-nascido para o planeta Terra antes de Krypton. 


Aos mais conservadores talvez “O Homem de Aço” seja uma decepção. Nolan, Goyer e o diretor Zack Snyder deixam de lado toda e qualquer ligação com o que já foi apresentado até hoje no cinema, e criam do zero a história do herói, como o que foi feito pelo próprio Nolan em “Batman Begins”. E deixam de seguir até certas ordens estabelecidas nos próprios quadrinhos, criando algo original calcado na realidade explorando a fundo questões de como seria o mundo se existisse um super homem e como seria esse ser diante da humanidade. 

Desde o inicio e ao longo de todo o filme, Nolan e Goyer não tornam fácil a figura de Clark Kent. Ele precisa lidar com a rejeição durante a infância e não deixar se levar pelos impulsos dos seus sentimentos, preservando assim sua natureza e não correr o risco que as pessoas descubram quem ele é de fato. Ou seja, um disfarce com óculos e mudança de cabelo não transformam Clark Kent em alguém pouco notável. 


Não temos em “O Homem de Aço” o grande herói líder da Liga da Justiça, salvador da pátria e o símbolo da esperança. Ao menos não ainda. O que temos aqui é a construção dessa história, mostrando um sujeito que está amadurecendo e aprendendo a lidar com as responsabilidades que lhe foi delegada. Afinal, já dizia o tio de outro famoso super-herói: “Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades!”. O Superman aqui ainda não é o Superman. E sim, um indeciso e imaturo Kar-El, que não se sente preparado para trilhar o seu destino e não sabe como ser o símbolo de esperança para a humanidade. 

A escolha do general Zod para ser o vilão do filme cria não só uma ligação maior com o passado do herói, como um embate de gigantes entre dois seres indestrutíveis e super poderosos. Aí entramos em outro quesito espetacular do filme: sua ação! 


Zack Snyder (“300” e “Watchmen”) sabe filmar como ninguém cenas de ação, extraindo todo o fervor, beleza e empolgação daquele momento. Em um filme onde dois seres com poderes sobre-humanos se enfrentam, o que temos em “O Homem de Aço” é destruição atrás de destruição. Proporções gigantescas e estragos épicos que refletem toda a magnitude daqueles seres. Sem dúvida é um dos melhores clímax deste ano até agora, mostrando o Superman que sempre sonhei em ver. 

Mas em meio a esta ação, o filme acaba derrapando justamente na parte em que se passa em Metrópolis. As cenas continuam soberbas e a pancadaria muitíssimo empolgante, mas o plano de Zod não soa muito convincente, e parece que Goyer decidiu criar tal momento unicamente com o interesse de causar mais e mais destruição em proporções monumentais. Um exagero ambicioso e desconfortável que cria uma sensação horrível de demasia. 


Outro detalhe fundamental em um filme do Superman é a trilha sonora. A trilha criada por John Williams para o clássico de 78 tornou-se uma das mais aclamadas de todos os tempos e sem dúvida é marcante e inesquecível. A responsabilidade para encarar esse desafio de fazer algo tão monumental como fez John Williams foi entregue a Hans Zimmer, um gênio da atualidade que criou trilhas históricas como a de “O Rei Leão”, “Piratas do Caribe”, “A Origem” e da trilogia “O Cavaleiro das Trevas”. Aqui em “O Homem de Aço” Zimmer pode não ter criado um tema tão memorável como o de John Williams, mas cria não só uma trilha épica que exala a grandiosidade que é o filme, como algo que torna o Superman extremamente íntimo do público. 


Falando agora do elenco, Henry Cavill encaixa-se perfeitamente no papel do Homem de Aço. É até covardia comparar Cavill com Christopher Reeve, já que cada um protagoniza filmes com interesses completamente opostos. Reeve é sensacional transitando entra o cômico e o sério como ninguém, trazendo vida e simpatia como Superman e Clark Kent. Mas Cavill dentro da proposta deste novo filme transmite uma sensibilidade dramática notável. O ator constrói um personagem tão humano que entendemos melhor os seus medos e suas inseguranças, ao mesmo tempo em que sentimos confiança em sua pessoa. 

Michael Shannon traz insanidade na pele do General Zod. Se em “O Cavaleiro das Trevas” o surgimento do Coringa desestabilizava a estrutura do Batman, o Zod de Shannon vêm com o mesmo propósito. As atitudes insanas, o olhar paranoico e intimidador do general, Shannon cria uma figura amargurada escondida atrás de um cargo cujas atitudes servirão para colocar a prova os ideais de Clark. E o desejo por destruição se aflora tanto em Zod, que há momentos que nossa esperança começa a se esvair ao ponto de não acreditarmos haver uma saída. 


E Russell Crowe surpreende mais ainda como Jor-El. O ator é ideal para fazer papéis de homens íntegros, e na pele do pai biológico do Superman, o ator não só passa credibilidade como traz aquela sensibilidade de pai, e empolga também na ação com uma seqüência ótima no inicio do filme. 

Kevin Costner e Diana Lane também não fazem por menos como os pais adotivos do herói. Amy Adams cria uma Lois de gênio forte e com muita presença de cena, porém, sua personagem não é muito útil neste filme, e talvez realmente tenha sido cedo ingressá-la na história. Ainda que eu tenha gostado dos novos rumos criados para o seu envolvimento com Clark Kent, algo muito mais lógico que traz uma afinidade maior entre os dois, ainda assim, Lois Lane é um acréscimo pouco relevante. Para este filme. 


Se em 1978 o mundo acreditou que o homem podia voar, agora em 2013 temos um filme que traz ao nosso nível um ser magnânimo, explorando suas fraquezas e medos. Alguns podem não gostar desse realismo dentro da história de um ser nada realista. Particularmente, gostei e muito da adaptação, trazendo o Superman ao nosso alcance e nos mostrando que até alguém como ele é falho e cheio de conflitos. 

Seguindo a linha da trilogia do Homem Morcego dirigida por Nolan, vamos acompanhar agora a formação do herói mais antigo e conhecido do planeta, e como o nosso mundo pode comportar alguém da sua natureza. Em “O Homem de Aço”, mais do que conhecer o mito, você irá conhecer a pessoa por trás da roupa. 


O Homem de Aço” marca também o começo da unificação do universo DC no cinema. Ainda que a empresa esteja meio perdida sem saber muito bem o que fazer, acredito que Christopher Nolan, David S. Goyer e Zack Snyder mostrarão o rumo certo a ser seguido. Diferente da Marvel, e para não ficar igual também, gosto da pegada realista que deram ao Batman, e agora ao Superman, tornando possível e palpável um mundo com os dois presentes. Prova disso é o símbolo da Wayne Enterprises que aparece em um satélite rapidamente em certo instante do filme. O que traz a esperança de um dia vermos, enfim, os dois heróis dividindo a telona.

Comentário por Matheus C. Vilela

1 comentários:

Éder dos Santos disse...

Eu gostei do fato de que ele não tem mais cueca por fora da calça.