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terça-feira, 27 de agosto de 2013

BEN AFFLECK É O NOVO BATMAN!!! E AGORA?

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

SEM DOR, SEM GANHO

Pain Gain-EUA
Ano: 2013 - Dirigido por: Michael Bay
Elenco: Mark Wahlberg, Dwayne Johnson, Ed Harris.

NOTA: «««««

Sinopse: Flórida. Daniel Lugo (Mark Wahlberg) é um fisiculturista que sonha com o chamado "sonho americano", no qual tem dinheiro à vontade para levar a vida como quiser. Para alcançar este objetivo ele conta com a ajuda de um colega, Adrian Doorbal (Anthony Mackie), e do ex-presidiário Paul Doyle (Dwayne Johnson). Juntos eles planejam o sequestro e a extorsão de um conhecido criminoso local, Victor Kershaw (Tony Shalhoub). Só que, ao realizarem o golpe, eles não contavam com as inevitáveis consequências que ele traria.


O que falar de um filme de Michael Bay? Repetir as mesmas afirmações frequentemente colocadas em pauta ao longo desses anos? A questão é: Michael Bay é um diretor da massa, faz filmes para o grande público e este retribui com boa bilheteria em cada um dos seus trabalhos. O estrelato absoluto chegou com a franquia “Transformers”, mas já vinha aflorando com filmes como “Bad Boys I e II”, “Armageddon”, “Pearl Harbor” e “A Ilha”, todos tremendamente bem recebidos pelo público. Não tanto pela crítica. 

Michael Bay é um diretor que divide e sempre dividirá opiniões. Vai de acordo com cada pessoa se identificar ou não com os exageros do diretor. Particularmente não guardo ódio de Bay como muitos, sempre vou assistir os seus filmes sem grandes pretensões já sabendo o que vou encarar pela frente. O grande problema é que para mim Michael Bay soa não só como um péssimo realizador, incapaz de atingir o ápice de emoção nas cenas, como também um diretor que se esconde por trás de maneirismos e efeitos, e no fim, a proposta de diversão é prejudicada por causa unicamente de Bay. 


Bay ama surtar com a câmera, e pelo visto, influencia completamente a equipe de edição que segue trilhando o gosto do diretor. Takes rápidos, cortes súbitos, uma história que nunca se tem tempo para respirar, é sempre agitada cheia de acontecimentos e reviravoltas sequenciais (algo que faz parte dos seus filmes). E neste “Sem Dor, Sem Ganho” (primeiro filme após cinco anos envolvido com “Transformers”) não é diferente. 

Na trama, dois fisiculturistas (Mark Wahlberg e Anthony Mackie) e um ex-presidiário (Dwayne Johnson) se unem para sequestrar um conhecido criminoso da Flórida (Tony Shalhoub) para obrigá-lo a assassinar alguns documentos que fará toda sua fortuna passar para as mãos dos três rapazes. Obviamente, nada sai como o planejado e a situação fica cada vez mais e mais perigosa. 


Diz ser uma história baseada em fatos reais – Michael Bay até mostra a foto verdadeira de alguns personagens nos créditos finais – “Sem Dor, Sem Ganho” entra nas características já mencionadas anteriormente nesse texto e que, ao menos eu, não consigo me identificar. Primeiro por ser um filme longo. Segundo porque Michael Bay é um diretor cujo estilo começa suportável, mas depois de uma hora já se torna cansativo e repetitivo. E terceiro porque Bay busca sempre transformar cada cena em algo empolgante e frenético que em nenhum momento consegui entrar no clima e me divertir com os personagens e as reviravoltas malucas do roteiro. Há momentos de puro humor sádico que me fizeram ter saudades de “Breaking Bad” e da competência com que se fazia isso na série. Mas aqui... 

Tenho certeza absoluta que muitos vão gostar de “Sem Dor, Sem Ganho”, principalmente os fãs do diretor. A meu ver, toda a intenção de Michael Bay em fazer uma comédia, ou um filme de ação, ou um filme de guerra se perdem por causa da má estrutura da história e, acima de tudo, da péssima estrutura narrativa que bagunça todo o material e cansa a paciência. Nem mesmo a presença de Dwayne Johnson, que acho muito simpático, salva este filme do tédio e do marasmo.

Comentário por Matheus C. Vilela

42 - A HISTÓRIA DE UMA LENDA

42-EUA
Ano: 2013 - Dirigido por: Brian Helgeland
Elenco: Chadwick Boseman, Harrison Ford, Christopher Meloni.

NOTA: «««««

Sinopse: 1946. Jackie Robinson (Chadwick Boseman) é um jogador de baseball que disputa a liga nacional dos negros até ser recrutado por Branch Rickey (Harrison Ford), o executivo de um time que disputa a maior competição do esporte nos Estados Unidos. Rickey quer que Robinson seja o primeiro negro a disputar a Major League na era moderna, o que faz com que ambos tenham que enfrentar o racismo existente não apenas da torcida e da diretoria, mas também dentro dos campos.


Aparentemente, “42 – A História de Um Herói” não passa de mais um filme sobre beisebol e superação como o cinema estadunidense faz aos baldes. Mas isso só aparentemente! O tema superação persiste, mais o beisebol é apenas um pano de fundo para o roteiro escrito pelo também diretor Brian Helgeland se centrar na trajetória de Jack Robinson, o primeiro negro a integrar um time de beisebol nos Estados Unidos numa época onde os negros ainda eram vistos como seres marginalizados que não mereciam viver na sociedade. 

Nesse período onde o preconceito era forte e demonstrado pelos brancos a torta e a direita nas ruas e em diversos estabelecimentos públicos e particulares, “42” cria uma abordagem envolvente e orgânica onde o maniqueísmo de emoções favorece a própria história. Não é um filme sobre beisebol, mas sobre o racismo, o que transforma a fira em um material mais abrangente e interessante. 


“42” é cheio de trilha sonora melosa e momentos triunfais nitidamente construídos para emocionar o público. Se não bem trabalhado tal efeito pode tornar-se exacerbado e cair no ridículo. Mas o diretor Brian Helgeland (conhecido por ter dirigido “Coração de Cavaleiro” com o falecido Heath Ledger) foca nos personagens e utiliza-se do melodrama de forma controlada. Nos faz se interessar pelo protagonista e principalmente na sua determinação em superar o racismo, presente não só no esporte mas em todos os lugares. 

O resultado é um filme belo, encantador e tocante. Chadwick Boseman brilha como Jack Robinson enquanto que Harrison Ford traz maturidade e peso ao filme como o dono do time que contrata Robinson para integrar a equipe, uma atuação, aliás, nada menos que soberba. 


42 – A História de Uma Lenda” surpreende e merece ser visto. Recomendo!

Comentário por Matheus C. Vilela

terça-feira, 20 de agosto de 2013

NoCinema: PERCY JACKSON E O MAR DE MONSTROS

Percy Jackson: Sea of Monsters-EUA
Ano: 2013 - Dirigido por: Thor Freudenthal
Elenco: Logan Lerman, Brandon T. Jackson, Alexandra Daddario.

NOTA: «««««

Sinopse: O aniversário de 17 anos de Percy Jackson (Logan Lerman) foi surpreendentemente calmo, sem ataques de monstros ou algo do tipo. Entretanto, uma inocente partida faz com que Percy e seus amigos se vejam desafiados a um jogo de vida ou morte contra um grupo de gigantes canibais. A chegada de Annabeth (Alexandra Daddario) traz ainda outra má notícia: a proteção mágica do Acampamento Meio-Sangue foi enveneada por uma arma misteriosa e, ao menos que seja curada, todos os semideuses serão mortos. Não demora muito para que Percy e seus amigos tenham que enfrentar o mar de monstros para salvar o local.


O primeiro filme de Percy Jackson, intitulado “Percy Jackson e o Ladrão de Raios” fez relativo sucesso e recebido com críticas mistas. Dirigido por um diretor que entende como fazer uma aventura para a família, Chris Columbus, de filmes como “Harry Potter e a Pedra Filosofal” e “Esqueceram de Mim”, se remexeu com o orçamento de quase 90 milhões disponibilizado pela 20th Century Fox para criar um filme que fosse o precursor de uma nova franquia adolescente atualmente. 

A série é baseada nos livros escritos por Rick Riordan e mistura elementos da mitologia grega dentro de um contexto moderno e atual. A ideia não deixa de ser bacana levando ao público adolescente um conhecimento de personagens mitológicos da Grécia, ainda que, claro, com suas estórias distorcidas e adaptadas para os personagens da trama. 


Particularmente, “Percy Jackson e o Ladrão de Raios” não conseguiu me divertir nem alcançar o ápice de empolgação que geralmente esperamos em um filme de aventura. Com tramas bobas e diálogos pré prontos, outro quesito que prejudicou o filme foi o seu ritmo lento e pouco empolgante. 

Por isso, fico feliz em dizer que esta continuação, dirigida agora por um tal de Thor Freudenthal consegue ser mais eficiente e divertido que o anterior. Obviamente que as situações continuam previsíveis e o roteiro envolto de diálogos clichês e sentimentais, e resoluções oportunistas, algo que me deixa tremendamente irritado e que torna ainda mais previsível o filme. No entanto, “Percy Jackson e o Mar de Monstros” investe especificamente na ação e na aventura, e nesse ponto, atinge um resultado mais eficiente, divertido e empolgante que o anterior. 


Nunca li os livros de Riordan para relacionar os filmes com as obras literárias. Mas como telespectador, considero “Percy Jackson e o Mar de Monstros” uma Sessão da Tarde (no bom sentido) competente e divertida.

Comentário por Matheus C. Vilela

domingo, 18 de agosto de 2013

Especial DEL TORO: "HELLBOY 2 - O EXÉRCITO DOURADO"

Hellboy 2 - The Gonden Army
Ano: 2008
Elenco: Ron Perlman, Selma Blair, Luke Goss

NOTA: «««««

Sinopse: Hellboy (Ron Perlman), Liz Sherman (Selma Blair) e Abe Sapien (Doug Jones) seguem trabalhando para a Agência de Pesquisa e Defesa Paranormais. Apesar dos constantes avisos para não se expôr ao público, Hellboy permite que seja flagrado pela TV. Isto faz com que ele e a agência fiquem famosos, o que permite que ajam à luz do dia e sem se esconderem sempre. Para coordenar a nova fase da agência é chamado Johann Krauss (James Dodd / John Alexander), com quem Hellboy enfrenta problemas por não respeitar suas ordens. Paralelamente uma antiga trégua existente entre a humanidade e os filhos da Terra é rompida, quando o príncipe Nuada (Luke Goss) resolve reunir os fragmentos de uma coroa para trazer à vida o exército dourado, composto por máquinas assassinas aparentemente indestrutíveis.       


Em um ano em que “Batman – O Cavaleiro das Trevas” foi lançado nos cinemas e explodiu a cabeça do mundo inteiro se consagrando como um clássico instantâneo e um dos melhores filmes de super heróis de todos os tempos, “Hellboy 2 – O Exército Dourado” passou batido e sem grande repercussão. Ainda que o primeiro não tenha feito um estrondoso sucesso, as chances de “Hellboy 2” em tentar cair na graça do público foram um tanto quanto prejudicadas. Uma pena, pois o filme não só consegue ser melhor que o primeiro, como possui muito mais fantasia e aventura de deixar orgulhoso nosso querido mentor do gênero, o mestre Steven Spielberg. 

Esta continuação pode parecer estranha em certo momento porque no anterior não tivemos tanta profundidade no universo fantasioso de Hellboy. Não como vemos aqui, onde somos apresentados a mundo escondido de monstros, a criaturas que vivem no nosso meio disfarçadas de seres humanos (lembra de MIB?) , e outras coisas. Uma abordagem claramente advinda dos contos fadas, cujo DNA se encontra em todo o filme. 


Optando por criar uma história única para cada filme, Guillermo Del Toro nitidamente se inspira em Spielberg aqui. Com muito mais ação, investigação e fantasia, o filme é um baita exemplar de cinema matinê, algo que Spielberg é mestre em fazer, e que Del Toro mostra aqui ser um apaixonado pelo estilo, e cria um filme muito mais dinâmico que o anterior, cuja história flui melhor, o humor é mais acentuado e as cenas de ação altamente empolgantes. Uma obra memorável que vale muito a pena!

Comentário por Matheus C. Vilela

CURIOSIDADES

- A empresa Revolution Pictures estava interessada em participar da produção deste "Hellboy 2", porém, depois da Sony Pictures abandonar o filme alegando que o personagem Hellboy não poderia proporcionar uma franquia de sucesso, a Sony então colocou os direitos a venda e a Universal Pictures comprou os direitos e deu continuidade ao projeto. 

- O ator Ron Perlman recebeu uma proposta para interpreta o personagem Piccolo em "Dragonball Evolution" (2009) mas recusou para encarnar pela segunda vez Hellboy.

- Rupert Evans, que interpretou o agente Meyers no primeiro filme, não pode participar da continuação porque estava comprometido com a peça "O Beijo da Mulher Aranha", o que resultou na retirada do seu personagem do roteiro. 

sábado, 17 de agosto de 2013

Especial DEL TORO: "O LABIRINTO DO FAUNO"

El laberinto del fauno-MÉXICO, ESPANHA
Ano: 2006
Elenco: Sergi López, Ariadna Gil, Maribel Verdú.

NOTA: «««««

Sinopse: Espanha, 1944. Oficialmente a Guerra Civil já terminou, mas um grupo de rebeldes ainda luta nas montanhas ao norte de Navarra. Ofelia (Ivana Baquero), de 10 anos, muda-se para a região com sua mãe, Carmen (Ariadna Gil). Lá as espera seu novo padrasto, um oficial fascista que luta para exterminar os guerrilheiros da localidade. Solitária, a menina logo descobre a amizade de Mercedes (Maribel Verdú), jovem cozinheira da casa, que serve de contato secreto dos rebeldes. Além disso, em seus passeios pelo jardim da imensa mansão em que moram, Ofelia descobre um labirinto que faz com que todo um mundo de fantasias se abra, trazendo consequências para todos à sua volta.


Em “A Espinha do Diabo” Guillermo Del Toro já buscava retratar a dor, não diretamente, mas presente no ambiente, da Guerra Civil Espanhola. E já usava a fantasia como ferramenta para exemplificar esse temor e descrença. Mas no filme de 2001 a fantasia era sutil e superficial, em “O Labirinto do Fauno”, Del Toro cria um universo muito mais fantástico, a trama se passa também durante a Guerra Civil Espanhola e o resultado final é um filme com um peso dramático maior e mais surpreendente que “A Espinha do Diabo”. 

Considerado por muitos críticos o seu melhor trabalho, e foi sim o seu maior sucesso de críticas até hoje, tendo concorrido ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e ganho 3 estatuetas nas categorias técnicas em 2007, “O Labirinto do Fauno” possui um olhar incisivo e esnobe das guerras, seja a Civil Espanhola ou as tantas outras que tivemos.


Na trama a Guerra Civil Espanhola chegou ao fim, mas rebeldes ainda lutam pelos seus direitos nas regiões das montanhas do norte. O exército espanhol se fixa numa casa da região e Ofélia, uma menina de 10 anos, junto com sua mãe, casada e gravida do coronel responsável pelo local, se mudam para a base do exército escondida nas florestas. Lá, Ofélia irá encontrar um labirinto e um mundo de fantasias que desperta para ajudá-la a enfrentar a solidão, a dor da perda do pai e o padrasto que não ama. 

Notem que o mundo fantástico vivenciado por Ofélia é passado sempre de maneira alegre e feliz que o próprio mundo real. Os verdadeiros vilões não são os seres mitológicos e sim os seres humanos causadores de dor e sofrimento. O coronel e padrasto de Ofélia, interpretado magistralmente por Sergi López, é um ser humano sem escrúpulos, violento e ameaçador, tipificando a imagem de homens que, assim como ele, foram os responsáveis pelo sofrimento de milhares de pessoas. 


Equilibrado, tenso, angustiante e desesperador, “O Labirinto do Fauno” é um conto de fadas ao estilo Guillermo Del Toro, triste mais esperançoso. A produção impecável, as atuações excelentes e o ótimo roteiro consagram o filme como o mais importante e significativo da carreira do diretor mexicano até agora.

Comentário por Matheus C. Vilela

CURIOSIDADES

- O ator Doug Jones ficava 5 horas na maquiagem para se caracterizar como o homem pálido. Depois de pronto, o ator usava os buracos do nariz do personagem para poder enxergar. 

- Ganhador de 3 Oscar: Melhor Maquiagem, Melhor Direção de Arte e Melhor Fotografia. 

- Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

ANTES DA MEIA NOITE

Before Midnight-EUA
Ano: 2013 - Dirigido por: Richard Linklater
Elenco: Ethan Hawke, Julie Delpy

NOTA: «««««

Sinopse: Nove anos após os eventos de Antes do Pôr-do-sol, Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy) vivem juntos em Paris, ao lado das filhas gêmeas que tiveram. Ele busca sempre manter contato com Hank (Seamus Davey-Fitzpatrick), o filho adolescente que teve com a ex-esposa e que vive em Chicago com a mãe. Quando o casal resolve ir à Grécia com as filhas, Jesse decide também convidar Hank para a viagem. Neste contexto, Jesse segue tentando se tornar um romancista de sucesso, enquanto que Celine considera seriamente a possibilidade de aceitar um emprego junto ao governo francês.


O final de “Antes do Pôr do Sol” é algo tão fantástico e marcante que é impossível esquecer o sorriso maroto de Ethan Hawke para Julie Delpy após ela dizer que ele não conseguirá chegar ao aeroporto a tempo para pegar o avião e voltar para os Estados Unidos. Somente quem acompanhou desde o primeiro filme, “Antes do Amanhecer” de 1995, sabe do impacto desse final do segundo filme lançado nove anos depois! 

Depois de outros nove anos o diretor Richard Linklater nos traz este “Antes da Meia Noite” encerrando a trilogia desses dois personagens que se tornaram tão queridos ao longo dos anos. A ideia inicial de dar sequência a um encerramento tão perfeito como a do filme de 2004, inicialmente me pareceu desconfortante. O final em aberto onde era deixado para o público imaginar o que poderia ter acontecido com aqueles dois sujeitos após o personagem de Ethan Hawke ter perdido o avião, era magistral nos colocando como peças importantes daquele mundo. 


Confesso que nos primeiros instantes de “Antes da Meia Noite” estava com dificuldades em comprar a ideia de se ter outro filme. Além de acrescentar outros personagens, a falta de conflito inicial gerou em mim uma sensação horrível onde tudo ali me pareceu desnecessário, e a história sendo levada a um ponto que não precisava. Principalmente, repito, depois daquele final! 

Mas felizmente Richard Linklater encontra o rumo com rapidez e cria não só um filme maduro sobre casamento, como também se aprofunda nos personagens trazendo maturidade a eles. Se no primeiro filme tínhamos dois adolescentes vivendo uma paixão instantânea, e no segundo dois adultos já maduros com suas respectivas vidas e responsabilidades e que se reencontram depois de muitos anos, neste daqui temos esses dois personagens casados, com duas filhas gêmeas e cada um passando por insatisfações e inseguranças normais de um casamento. 


Quando “Antes da Meia Noite” entra nesta discussão mostrando a realidade da vida, e que amar é muito além do que meros prazeres e diferente de quando éramos jovens, Linklater cria os longos takes de conversação entre Hawke e Delpy, que se tornou a marca registrada dos filmes, e nos leva a um nível acima em relação a esses dois indivíduos que desde 1995 acompanhamos. 

“Antes da Meia Noite” é o encerramento perfeito de uma trilogia perfeita. É um filme que nos deixa ainda mais íntimos de Celine (Delpy) e Jesse (Hawke), afinal, conhecemos os dois desde adolescentes. 


Maduro, humano e verdadeiro não tenho medo de afirmar que a trilogia composta por “Antes do Amanhecer”, “Antes do Pôr do Sol” e “Antes da Meia Noite” são os melhores exemplos de filmes que retratam relacionamentos. Longe da fantasia e do mundo redondinho da maioria das comédias românticas produzidas por Hollywood, esses três filmes fogem a regra e compõe a melhor exemplificação de como é a vida. Só temos que agradecer ao diretor Richard Linklater e aos atores Ethan Hawke e Julie Delpy por presentes tão maravilhosos que nunca serão esquecidos. Nem antes do amanhecer, nem mesmo antes do pôr do sol, e muito anos  antes da meia noite. Obrigado.

Comentário por Matheus C. Vilela

Especial DEL TORO: "HELLBOY"

Hellboy-EUA
Ano: 2004
Elenco: Ron Perlman, John Hurt, Selma Blair

NOTA: «««««

Sinopse: Já perto do fim da 2ª Guerra Mundial, os nazistas tentam eliminar seus inimigos usando magia negra. Uma das experiências feitas é a tentativa de invocar forças ocultas. Um deste rituais é interrompido pelas forças aliadas, que encontram um garoto com aparência de demônio e a mão direita feita de pedra, apesar do ritual não ter sido concluído. O garoto passa a ser chamado de Hellboy e é levado pelos Aliados. Sessenta anos depois, Hellboy agora luta pelo bem e é chamado quando um estranho fenômeno, possivelmente sobrenatural, acontece.


Como Del Toro ama monstros e fantasia, e depois de ter chamado a atenção de Hollywood com filmes ótimos como “Cronos” e a “A Espinha do Diabo”, que lhe rendeu um convite para dirigir “Blade 2” em 2002, Guillermo Del Toro assume a frente do projeto para levar às telonas o personagem de histórias em quadrinhos publicado pela editora Dark House Comics, Hellboy. 

O mundo de Hellboy possui todos os elementos que deixam Del Toro super à vontade. Demônios, seres mágicos, monstros, e assumindo também o roteiro da adaptação ao lado de Mike Mignola, criador do personagem, “Hellboy – O Filme” é uma adaptação praticamente improvável de ser mal realizada, já que temos a presença do pai do personagem no roteiro. 


Com um roteiro sempre fluente mesclado com uma trama bem escrita que constrói maravilhosamente bem a história dos personagens, Del Toro faz um filme empolgante, bem feito, que nos faz se interessar pelo protagonista e se entregar ao excelente clima de aventura criado por ele.

Comentário por Matheus C. Vilela

CURIOSIDADES

- Guillermo Del Toro recusou dirigir "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban" para se dedicar a "Hellboy".

- Vin Diesel foi cotado para interpretar o personagem Hellboy. 

- Durante as gravações de uma cena de ação o ator Ron Perlman quebrou uma costela. 

- Após o sucesso de "Blade 2", Guillermo Del Toro foi chamado para dirigir a continuação, "Blade Trinity". Foi oferecido para ele ou o terceiro filme do Blade ou adaptar Hellboy para o cinema. Como era um sonho antigo do diretor, Del Toro escolheu dirigir "Hellboy - O Filme".

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Especial DEL TORO: "BLADE 2"

Blade 2-EUA
Ano: 2002 - Dirigido por: Guillermo Del Toro
Elenco: Wesley Snipes, Ron Perlman, Léonor Varela.

NOTA:  «««««

Sinopse: Blade (Wesley Snipes) é um ser meio homem, meio vampiro que é consumido pelo desejo de vingança contra os seres que atacaram sua mãe antes mesmo dele nascer e fizeram com que ele se tornasse o que é atualmente. Com isso, ao crescer Blade iniciou uma verdadeira cruzada pessoal para combater e eliminar os vampiros, mas agora uma nova raça mais poderosa chamada reapers, criada a partir de cruzamentos genéticos entre humanos e vampiros, ameaça eliminar ambas as raças. Visto isso, Blade se alia aos seus maiores inimigos para que, juntos, possam combater esta nova raça de seres.


Costumo brincar que Guillermo Del Toro com “Blade 2” conseguiu de uma vez por todos o seu green card para os Estados Unidos. Tudo bem que o seu primeiro trabalho em solo norte americano foi com “Mutação” de 1998, mas foi somente com “Blade 2” que Del Toro conseguiu aparecer para o grande público com um filme mais comercial baseado em um personagem de histórias em quadrinhos. 

Por mais que o primeiro “Blade” seja competente e divertido, particularmente não me empolgo muito com o personagem. Simples questão de gosto e identificação. Não acho ruim, mas também não ovaciono como muitos fazem. Respeito total, claro.  


Este “Blade 2” segue a linha do primeiro e o talento de Del Toro para o suspense, a ação e a fantasia reunidos é posto a prova. O resultado final é satisfatório com sequencias de ação envolventes e bem filmadas. Principalmente a luta final entre Blade e o vilão. 

O que não me agrada é que Del Toro não acerta no ritmo que pendula bastante durante todo o filme, e também em explorar muito superficialmente as motivações dos vilões, o que tira o impacto das reviravoltas. Obviamente Del Toro não possuía total liberdade criativa no material, que claramente possui muitas dedilhadas do estúdio. O diretor só vai acertar de fato em uma adaptação no ano seguinte onde, a frente total do projeto, fará o excelente “Hellboy”. 


Portanto, “Blade 2” diverte e agrada. Não é nada marcante ou memorável mas serve de treinamento para Guillermo Del Toro entrar de vez em Hollywood.

Comentário por Matheus C. Vilela

CURIOSIDADES

- O diretor Paul Hunter (de O Monge A Prova de Balas) foi cotado para dirigir o filme.

- A frase "No real reapers were hurt during the making of this film" (Nenhum reapers real foi machucado durante as filmagens deste filme) aparece nos créditos finais. 

- Mike Mignola e Tim Bradstreet, artistas das histórias em quadrinhos do personagem, trabalharam na área de concepção artística dos cenários e de todo o visual do filme.


Especial DEL TORO: "A ESPINHA DO DIABO"

El espinazo del diablo-MÉXICO, ESPANHA
Ano: 2001 - Dirigido por: Guillermo Del Toro
Elenco: Marisa Paredes, Eduardo Noriega, Federico Luppi.

NOTA: «««««

Sinopse: Aos 12 anos de idade, durante a Guerra Civil Espanhola, Carlos (Fernando Tielve) é abandonado no decadente orfanato de Santa Lúcia, que é dirigido pela aleijada Carmen (Marisa Paredes) e pelo misterioso professor Casares (Federico Luppi). Além de ser recebido com hostilidade e violência pelas outras crianças e pelo cruel funcionário Jacinto (Eduardo Noriega), as escuras dependências da nova casa representam horror e mistério para o garoto. Até que ele recebe a visita do fantasma de Santi (Junio Valverde), um menino que foi brutalmente assassinado na instituição que implora alívio para seu tormento e, mais tarde, alerta para a iminência de uma desgraça. Por fim, o espírito pede a Carlos que execute uma terrível vingança.


Com “Cronos” Guillermo Del Toro ganhou destaque e chamou a atenção de Hollywood, em seguida o diretor realizou sua primeira empreitada na terra do tio Sam com o envolvente “Mutação”, mas o próprio Del Toro declarou não ter tido muitas liberdades criativas no filme e que não gostou muito do resultado final. Foi em 2001 que Del Toro fez o seu primeiro filme de grande sucesso e aclamado por toda a crítica com este “A Espinha do Diabo”. 

Curioso é que o longa é erroneamente vendido como um filme de terror, mas não é. Provavelmente o grande terror existente na obra seja o terror da guerra, da perda e da ganância. Como o diretor fez recentemente e maravilhosamente bem com “O Labirinto do Fauno”, onde mescla discussões fortes da realidade do ser humano com o surreal, aqui Del Toro parte do mesmo principio. 


A história se passa em um orfanato durante o período da Guerra Civil Espanhola, assim como no já citado “O Labirinto do Fauno”, e temos também uma criança como protagonista que vivencia todo o lado irreal da trama. Não temos na obra a fantasia assumida como a vista no filme de 2006. Neste “A Espinha do Diabo” o foco são os acontecimentos envolvendo os moradores do orfanato. 

O fantasma presente na história serve como uma tipificação aterrorizante da guerra e dos sonhos perdidos. O próprio nome “A Espinha do Diabo” podemos relacioná-lo com a própria guerra em si, uma espinha cravada na alma das pessoas. E Del Toro nunca apresenta o fantasma como sendo horror do filme, ainda que crie ótimos momentos de suspense. Porém, sua figura transmite dor e sofrimento, enquanto que, certos personagens humanos são apresentados como os verdadeiros monstros. 


Ainda que muitíssimos diferentes, no fundo “A Espinha do Diabo” e “O Labirinto do Fauno” compartilham de certas similaridades. E ambos conseguem o efeito de impactar o público não só por causa de suas fantasias, mas principalmente devido ao peso dramático de suas histórias.

Comentário por Matheus C. Vilela

CURIOSIDADE

- O diretor Pedro Almodóvar é um dos produtores do filme. 

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Especial DEL TORO: "MUTAÇÃO"

Mimic-EUA
Ano: 1997
Elenco: Mira Sorvino, Jeremy Northam, Josh Brolin

NOTA: «««««

Sinopse: Em Nova York uma epidemia disseminada por baratas mata cerca de mil crianças, sendo que nada consegue erradicar a doença. Susan Tyler (Mira Sorvino), uma cientista que recebe a ajuda do marido, cria a "Geração Judas", uma mutação genética que, se colocada junto a outras baratas, elimina a praga. Após 3 anos Susan constata que as baratas modificadas, que deveriam durar apenas uma geração, continuam se reproduzindo, são do tamanho de um ser humano e se tornaram basicamente carnívoras. Assim, acompanhada de um pequeno grupo, ela desce nos subterrâneos da cidade e tenta deter os gigantescos insetos, antes que criem colônias por toda a metrópole.


Na cidade de Nova York uma epidemia de baratas mata várias crianças por causa de um vírus transmitido por elas o que resulta numa série de pesquisas e buscas para acabar com a doença. A solução é encontrada quando uma cientista cria uma mutação genética que, coloca junto com as barata, aniquila toda a praga. Porém, três anos depois, ela e o marido descobrem que as baratas sofreram, na realidade, uma mutação que aumentou o seu tamanho e força, transformando elas em seres carnívoros e perigosos. 

Filmes que se utilizam desse contexto de insetos assassinos e mutações genéticas como “A Mosca”, “Ataque das Vespas Assassinas” e outros com os mais inimagináveis animais ou insetos possíveis (já tivemos até de tomates assassinos, que é uma fruta, então o resto é lucro!) precisam ser vistos com olhares distintos, afinal, a proposta inicialmente soa como algo ridículo e grotesco, e na realidade é, porém, visto da maneira correta a diversão pode ser melhor do que imaginamos. 


Claro que existem aqueles filmes realmente mal realizados sem eficiência alguma que passam mais vergonha do que conseguem divertir. Mas existem, obviamente, aqueles bem dirigidos cujo resultado final é de puro entretenimento que traz um êxtase de poder vivenciar criaturas repugnadas em sua natureza normal pelo ser humano, mas que nos filmes ganham forma de verdadeiros monstros, exemplificando a maneira como algumas pessoas realmente veem aquilo. E nada melhor do que baratas, não é mesmo? 

Primeiro trabalho de Guillermo Del Toro nos Estados Unidos e segundo na carreira, o diretor mexicano já ganhou logo de cara US$ 30 milhões para trabalhar neste “Mutação”. Inicialmente seria feito um curta metragem de 30 minutos integrado em um longa metragem com vários curtas de ficção cientifica compondo o roteiro. A ideia foi deixada de lado evoluindo para um filme de quase duas horas. Com o bom recebimento de “Cronos”, Del Toro foi chamado para dirigir o projeto. 


Se em “Cronos” Guillermo De Toro lidava com a fantasia do vampiro, neste daqui o diretor aproveita para criar a sua versão dos filmes de insetos/animais assassinos. Diferente de muitos filmes desse estilo onde a única preocupação é matar os humanos e mostrar sangue e morte, Del Toro cria sequencias competências de suspense escondendo a figura do “bicho” durante os primeiros sessenta minutos, e em cenas que nas mãos de outros poderia torna-se galhofa, Del Toro mostra talento conseguindo prender a atenção de quem assiste com uma direção ágil que constrói bem a tensão, gerando entusiasmo e empolgação sem abusar dos sustos e das mortes. 

Mutação” não é uma maravilha e segue a risca os clichês de filmes desse estilo, que para apreciar é necessário se desprover de toda lógica e embarcar na ideia. No caso de “Mutação”, e graças principalmente a Guillermo Del Toro, o filme possui um resultado empolgante e competente conseguindo ser sério, angustiante e um deleite de se assistir. Vale a pena!

Comentário por Matheus C. Vilela

CURIOSIDADES

- Inicialmente "Mutação" seria um curta metragem de 30 minutos.

- O orçamento do filme foi de mais ou menos US$ 30 milhões. 

- Possuí duas continuação: "Mutação 2" de 2001 e "Mimic: Sentinel" de 2003.


Especial DEL TORO: "CRONOS"

Cronos-MÉXICO
Ano: 1993
Elenco: Federico Luppi, Ron Perlman, Claudio Brook

NOTA: «««««

Sinopse: Em 1536, o alquimista Humberto Oganelli desembarcou em Veracruz, no México. Lá ele criou um objeto de ouro chamado Cronos, que concede vida eterna a quem o detém. Quatro séculos depois, a queda de parte de um prédio gera algumas vítimas. Entre elas está um homem de pele estranha, alquimista. As autoridades localizam sua residência, mas jamais divulgam o que encontraram no local. Após uma rápida investigação, o conteúdo da mansão é leiloado. Com isso Cronos chega às mãos de um vendedor de antiguidades que, acidentalmente, dispara seu mecanismo. De seu interior sai uma aranha, que injeta no corpo de seu portador um estranho líquido. Aos poucos ele percebe que seu corpo está rejuvenescendo, mas também passa a ter uma obsessão por sangue.


Primeiro longa metragem de Guillermo Del Toro como diretor, “Cronos” foi um enorme sucesso no México e uma das maiores sensações do festival de Cannes daquele ano. Como vamos perceber ao longo de sua carreira, Del Toro é um apaixonado por fantasia, e principalmente em toda a questão sobre como ela afeta o mundo real. Del Toro aproveita sempre para abordar elementos interessantes não apenas em relação ao fantasioso, como também sobre o comportamento humano diante de algo tão magnânimo. 

Este “Cronos” ainda nos apresenta um Del Toro sem os recursos financeiros e tecnológicos de quando caiu na graça de Hollywood e dirigiu filmes com orçamentos pomposos como “Blade 2” ou os dois filmes do Hellboy. Aqui, ele cria algo mais centrado na discussão sobre a imortalidade criando um suspense, que na medida em que se desenrola, torna-se mais e mais interessante. 


Se notarmos bem, “Cronos” é um olhar crível e perturbador sobre os vampiros. Não temos presas nem lobisomens, muito menos aquela teatralidade toda presente em filmes do gênero. Aqui Del Toro nunca entrega que o personagem em questão é um vampiro, mas cria relações como a necessidade de se manter imortal com sangue humano e o quesito, claro, da própria imortalidade em si.

O resultado final é uma obra interessante que traz um olhar menos otimista e melancólico desse ser.

Comentário por Matheus C. Vilela


CURIOSIDADES

- Primeiro filme de Guillermo Del Toro como diretor.

- O orçamento de "Cronos" na época foi de 2 milhões de dólares. Até então a maior quantia gasta em um filme mexicano. 

- Guillermo Del Toro teve que conseguir um empréstimo de U$ 500,00 mil para terminar de filmar o filme. 

- Certos objetos mecânicos e de efeitos especiais foram levados para as filmagens pelo próprio diretor, que os usava em sua empresa de maquiagem chamada "Necropia".


domingo, 11 de agosto de 2013

CÍRCULO DE FOGO

Pacific Rim-EUA
Ano: 2013 - Dirigido por: Guillermo Del Toro
Elenco: Idris Elba, Ron Pearlman, Charlie Hunnam, Rinko Kinuchi.

NOTA: «««««

Sinopse: Quando várias criaturas monstruosas, conhecidas como Kaiju, começam a emergir do mar, tem início uma batalha entre estes seres e os humanos. Para combatê-los, a humanidade desenvolve uma série de robôs gigantescos, os Jaegers, cada um controlado por duas pessoas através de uma conexão neural. Entretanto, mesmo os Jaegers se mostram insuficientes para derrotar os Kaiju. Diante deste cenário, a última esperança é um velho robô, obsoleto, que passa a ser comandado por um antigo piloto (Charlie Hunnam) e uma treinadora (Rinko Kikuchi).


Monstros sempre fascinaram o cinema. Monstros sempre fascinaram Guillermo Del Toro. O diretor mexicano que ganhou destaque com “Cronos” e “A Espinha do Diabo” bem no inicio da carreira, recebeu em 2002 o green card para Hollywood ao ser chamado para dirigir “Blade 2”, continuação do sucesso de 1998. Estabeleceu-se logo em seguida ao adaptar para o cinema os quadrinhos de Hellboy em dois ótimos filmes, e foi ovacionado pelo mundo quando, em 2006, voltando ao México, dirigiu o estupendo “O Labirinto do Fauno”, que foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e levou três estatuetas nas categorias técnicas. 

Portanto, com esta ascensão de Del Toro em filmes cuja beleza técnica vinha acompanhada de excelentes roteiros nos levando para mundos fantásticos de um jeito que mestres como Steven Spielberg, James Cameron e George Lucas uma vez fizeram, era mais do óbvio que a expectativa para o seu novo trabalho fosse algo monumental. Principalmente por se tratar de um filme que busca homenagear os clássicos de criaturas gigantes invadindo e destruindo cidades inteiras, como, por exemplo, o filme “Godzilla” de 1954, uma das inspirações de Del Toro aqui.


Chamado de “Círculo de Fogo”, Del Toro faz o seu filme mais caro e o mais visualmente grandioso. Uma fenda no fundo do oceano pacífico libera criaturas monstruosas que atacam cidades inteiras. Para bater de frente com os monstros em proporções iguais, os humanos constroem robôs gigantes chamados de Jaegers idealizados para um combate corpo a corpo com as criaturas chamadas de Kaiju

No quesito ação pode-se considerar “Círculo de Fogo” como um dos melhores filmes nesse quesito do ano até agora. As sequencias de embate entre um Jaeger e um Kaiju são fenomenais e altamente críveis, transmitindo não só uma empolgação nostálgica, afinal, quem não se lembra de “Godzilla”, ou mesmo de King Kong, Jaspion e Power Rangers, que fizeram parte da nossa infância e trazia aquele sonho de um dia vivenciar uma luta de seres gigantes, “Círculo de Fogo” traz a tona justamente esse sonho com cenas empolgantes, bem filmadas e efeitos especiais de encher os olhos, até agora o meu favorito para levar o Oscar da categoria. 


Entretanto, o filme sofre de um sério problema, que não prejudica o êxito final da obra, mas causa incômodo ao longo das duas horas e dez minutos de duração: a má exploração dos personagens humanos. A história de “Círculo de Fogo” não é uma das mais originais ou melhores escritas por Del Toro, que escreveu junto com o roteirista Travis Beacham (de Fúria de Titãs 2). Conflitos clichês entre pai e filho e resoluções previsíveis permanecem ao longo de todo o roteiro, porém, não vejo isso como um ponto negativo, afinal, “Avatar“ é um dos melhores exemplos de como trabalhar com clichês e fazer algo memorável. Mas o que prejudica “Círculo de Fogo” é justamente não explorar os conflitos de cada personagem e passar superficialmente por eles como se estivessem ali apenas para não se ter um filme só de robôs e monstros. 

Apesar das interpretações fortes de Charlie Hunnam, Idris Elba, Rinko Kinuchi, Charlie Day e outros, incluindo uma participação marcante de Ron Perlman, sempre companheiro de Del Toro, certos acontecimentos não atingem o impacto almejado justamente por não se identificarmos com os personagens. Em certo momento, por exemplo, antes de acertar um golpe mortal em um kaiju, a personagem de Rinko Kinuchi solta a frase “Isso é pela minha família!”, mas que família se não vimos nada disso antes e não conhecemos o seu drama. 


Pois bem, fora isso, o restante de “Círculo de Fogo” é puro gozo e deleite de cenas belíssimas e empolgantes. O 3D merece elogios, pois trabalha a favor da nossa imersão no filme, e Guillermo Del Toro merece nossos aplausos mais uma vez. Vale a pena!

Comentário por Matheus C. Vilela

terça-feira, 6 de agosto de 2013

ONLY GOD FORGIVES

Only God Forgives-EUA, DINAMARCA
Ano: 2013 - Dirigido por: Nicholas Winding Refn
Elenco: Ryan Gosling, Kristin Scott Thomas, Tom Burke

NOTA: «««««

Sinopse: Um homem (Ryan Gosling) vive um exílio em Bagkok durante dez anos, depois de ter matado um policial. Ele mantém um clube de boxe, que funciona como disfarce para o tráfico de drogas. Quando seu irmão é assassinado depois de matar uma prostituta, o protagonista recebe a visita de sua mãe, que pretende resgatar o cadáver do filho mais novo e vingar-se dos homens que o mataram.


Se no estupendo “Drive” o diretor Nicolas Winding Refn conseguiu encontrar o seu estilo numa narrativa magnificamente bem orquestrada com travellings longos que captavam a emoção do ambiente e uma trilha sonora escolhida a dedo que se encaixava em cada cena, e claro, uma história que trazia profundidade aos personagens nos fazendo se interessar tanto pelo protagonista sem nome interpretado por Ryan Gosling, quanto por sua relação com a personagem de Carey Mulligan, o que fazia os acontecimentos decorrentes serem altamente impactantes e emocionantes. Uma verdadeira demonstração de competência e equilíbrio que resultou no melhor trabalho de sua carreira até agora.

Voltando a trabalhar com Ryan Gosling, o ator interpreta Julian, um rapaz que mora exilado em Bagkoc por dez anos e mantém um clube de boxe como disfarce para o tráfico de drogas. Certo dia, seu irmão mais velho é assassinado, o que resulta na vinda da sua mãe Crystal (Kristin Scott Thomas) para o país e buscar vingança pela morte do filho mais velho. Mas a situação é muito mais ampla do que aparenta e envolvem pessoas poderosas do alto escalão, o que colocará em risco não só a vida do protagonista, como também a da sua mãe. 


Repito que se em “Drive” Nicolas Winding Refn encontrou o seu estilo, em “Only God Forgives” o que temos durante os 90 minutos de filme é uma demonstração de estilo vazia, que não trabalha em favor da narrativa e muito menos em favor dos personagens. Como o próprio nome do filme já diz apenas Deus pode esquecer, mas não os personagens. E se “Only God Forgives” parte do pretexto da vingança para Winding Refn abusar dos travelling, da câmera lenta e da trilha pesada, e gerar, desse modo, aquela sensação de ambiente hostil e carregado. A fotografia trabalha muito para transmitir isso. Porém o que falta ao filme é se aprofundar nos personagens, o que resulta numa enorme falta de interesse por eles e pelo o que acontece com eles. 

Winding Refn se preocupa tanto em mostrar o quão bacana é a sua direção, que esquece que ela só foi bacana em “Drive” porque também tínhamos uma história com profundidade e interesse em cada um dos personagens. Não temos em nenhum momento isso aqui! Apenas uma sucessão de takes e cortes súbitos, poucos diálogos e uma tentativa frustrante de Winding Refn em contar uma história apenas com o visual e sua direção. 


Resultado final? Um filme chato, banal, nada empolgante, desinteressante em cada aspecto e mesmo possuindo 90 minutos, a sensação é a de uma eternidade que nem mesmo Deus é capaz de suportar.

Comentário por Matheus C. Vilela