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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

TOP 10 - OS MELHORES FILMES DO ANO DE 2012

Olá a todos, sou Matheus C. Vilela, comentarista de cinema do site Lumi7 e daqui do blog Lyons Movie Set. Confira abaixo o meu Top 10 dos Melhores Filmes lançados em nossos cinemas em 2012, acompanhado de breves comentários sobre cada filme.

Agradeço ao carinho de todos e desejo um Feliz 2013!

Obs: A lista está em ordem alfabética.

01. 007 - OPERAÇÃO SKYFALL

Já falei inúmeras vezes que nunca fui fã de James Bond. Nada contra, apenas não era fã. Mas comecei a gostar do personagem lá em “Casino Royale”, no entanto, neste “Skyfall” o diretor Sam Mendes consegue misturar a nostalgia do Bond antigo com o estilo de se fazer ação do cinema atual, resultando em uma obra impecável, empolgante, com momentos divertidos e que muito acrescenta a mitologia do personagem. Um final arrasador e um vilão brilhante interpretado por Javier Barden. O melhor filme já feito de James Bond!

02. ARGO

Já é fato que Ben Affleck é bem melhor como diretor do que como ator. O astro achou o seu lugar por trás das câmeras e com apenas três filmes como diretor no currículo, Affleck conseguiu ganhar a admiração de Hollywood, do público e restaurar o seu respeito na carreira. Este seu terceiro trabalho chamado “Argo” é o melhor filme de sua carreira por trás das câmeras até então, e consegue pegar um acontecimento histórico realmente cinematográfico e adaptar para as telas de maneira sublime, empolgante e belíssimo de se acompanhar. Alan Arkin e John Goodman merecem destaques por suas excelentes atuações!

03. BATMAN - O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE

Fazendo contraste com o clima pipoca de “Os Vingadores”, “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge” encerra a trilogia iniciada por Christopher Nolan em 2005 com “Batman Begins”. Não é o melhor dos três, mas encerra com competência a história, possui um clima envolvente e momentos marcantes, principalmente os confrontos entre Batman e o vilão Bane. E mesmo com problemas de ritmo e edição em alguns momentos, “The Dark Kinight Rises” é um desfecho digno de aplausos.

04. CAVALO DE GUERRA

Steve Spielberg nos apresenta uma homenagem ao cinema em sua Época de Ouro, onde tínhamos aqueles épicos como “E o Vento Levou”. Sem dúvida, um filme fora do tempo que lançado hoje pode causar estranheza para alguns, porém, Spielberg juntamente com a nostalgia que traz ao longo do filme nos emociona e encanta com cenas apoteóticas do cavalo Joey durante a Primeira Guerra Mundial. Um filme de cabeceira para se deleitar assistindo!

05. OS DESCENDENTES

Um dos fortes candidatos nas premiações do início deste ano, Alexander Payne com sua simplicidade em contar histórias, fala aqui de família e dos seus contrastes. Temos uma trilha e condução excelentes e um George Clooney impecável emocionando e fazendo rir.

06. DRIVE

Ryan Gosling dando um show neste thriller dirigido por Nicolas Winding Refn que nos encanta não só por suas cenas bem pensadas e bem filmadas, mas pela competência com que cria a ação e realiza as reviravoltas na história. Empolgante e belo do inicio ao fim, outro grande destaque de “Drive” é a sua trilha sonora, com músicas escolhidas a dedo e que se encaixam maravilhosamente nas cenas. Digno de ser visto e revisto!

07. FRANKENWEENIE

Tim Burton faz aqui o seu melhor filme do século XXI. Nunca vi o diretor tão sensível, até mais do que em “Edward – Mãos de Tesoura”. “Frankeweenie” é uma homenagem do diretor aos filmes de horror que marcaram a sua infância e uma autobiografia de sua própria infância. Burton faz um filme autoral onde coloca todo o coração conseguindo não só empolgar, mas também nos emocionar. A melhor animação de 2012!

08. A INVENÇÃO DE HUGO CABRET

Outra grande homenagem aos primórdios do cinema, Martin Scorsese brilha em seu primeiro longa infantil falando de família, sonhos e trazendo um relato da vida de Georges Méliès, que foi um dos primeiros diretores de filme da história.

O longa possui uma produção incontestável, desde a fotografia, passando pela trilha sonora até os maravilhosos efeitos especiais, e ainda, “A Invenção de Hugo Cabret” é o melhor uso do 3D já feito até agora.

09. MOONRISE KINGDOM

Os filmes de Wes Anderson divergem muitas opiniões, quem não curte o seu estilo de cinema não curte mesmo, já quem gosta é fã em absoluto. Em “Moonrise Kingdom” o diretor fala sobre infância, as descobertas e os momentos complexos ao longo dela. De maneira sutil, sem exageros e com o seu estilo habitual de filmar, sempre com enquadramentos precisos e milimetricamente pensados, “Moonrise Kingdom” é um dos mais interessantes e divertidos filmes de sua carreira. Vale a pena!

10. OS VINGADORES

Os Vingadores é um filme de fã, mas que, capta a atenção e empolga mesmo para aqueles não habituados com o universo Marvel. O terreno foi muito bem preparado nos filmes solos dos heróis anteriormente, e o longa também traz a nostalgia daquela época pura dos super heróis, onde não se tinha violência explicita e clima sombrio e pesado. Aqui, além de bastante divertido, os efeitos são excelentes e as cenas de ação memoráveis. Ainda que não perfeito, é um filme pipoca da melhor qualidade!

Em breve... ainda está semana... o TOP 10 dos PIORES FILMES DE 2012
Aguarde...

INTOCÁVEIS

Intouchables/FRANÇA
Ano: 2012 - Dirigido por: Eric Toledano e Olivier Nakache

Sinopse: Philippe (François Cluzet) é um aristocrata rico que, após sofrer um grave acidente, fica tetraplégico. Precisando de um assistente, ele decide contratar Driss (Omar Sy), um jovem problemático que não tem a menor experiência em cuidar de pessoas no seu estado. Aos poucos ele aprende a função, apesar das diversas gafes que comete. Philippe, por sua vez, se afeiçoa cada vez mais a Driss por ele não tratá-lo como um pobre coitado. Aos poucos a amizade entre eles se estabele, com cada um conhecendo melhor o mundo do outro.


A França nunca viu um filme seu fazer um sucesso mundial tão grande como este “Intocáveis”, dirigido por Eric Toledano e Olivier Nakache, que assinam também o roteiro, e estrelado por François Cluzet e Omar Sy. 

Mas também é impossível não gostar de “Intocáveis”. O filme narra à história de um aristocrata francês tetraplégico que contrata um jovem rapaz para ser o seu cuidador. Porém, o que era uma experiência de um mês, torna-se uma amizade de anos que dura até os dias de hoje. 


“Intocáveis” não parece em nenhum momento com aquele típico filme francês de linguagem lenta, humor contraído e ritmo devagar. Aliás, talvez essa identificação do mundo com o filme seja devido a sua linguagem tradicional, a história de companheirismo e amizade e as excelentes atuações. Uma mistura onde cada elemento foi dosado perfeitamente, principalmente o humor e o drama, gerando assim, um filme divertido, envolvente, que em nenhum momento torna-se cansativo, muito pelo contrário, ao término queremos continuar assistindo mais e mais. 

Em certo momento, a obra me fez lembrar brevemente de “Perfume de Mulher”, onde ali também tínhamos um deficiente que contratava um jovem para cuidar de si, e ambos começam a viver uma grande aventura juntos, aonde cada um vai aprendendo com o outro. Aqui, basicamente é isso. Temos duas pessoas com características totalmente opostas, mas que vão se encaixar maravilhosamente bem com o tempo, e nos momentos mais difíceis, a amizade entre os dois será um forte aliado.


Os atores François Cluzet e Omar Sy são sem dúvida a melhor coisa do filme. Pois se a química entre eles não funcionasse, a amizade entre ambos não seria convivente e muito menos interessante de se assistir. Aqui, os dois atores dão um show de atuação, e considero os grandes responsáveis por boa parte do dinamismo e interesse do público pela história. 

Enfim, “Intocáveis” é um grande filme, que fala de amizade, união, força, companheirismo sem nunca parecer forçado ou novelesco. Um filme para se assistir de coração aberto, se emocionar e dá ótimas risadas.

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

sábado, 29 de dezembro de 2012

DETONA RALPH

Wreck-It Ralph/EUA
Ano: 2012 - Dirigido por: Rich Moore

Sinopse: Ralph (John C. Reilly) é o vilão de Conserta Félix Jr., um popular jogo de fliperama que está completando 30 anos. Apesar de cumprir suas tarefas à perfeição, Ralph gostaria de receber uma atenção maior de Felix Jr. (Jack McBrayer) e os demais habitantes do jogo, que nunca o convidam para festas e nem mesmo o tratam bem. Para provar que merece tamanha atenção, ele promete que voltará ao jogo com uma medalha de herói no peito, no intuito de mostrar seu valor. É o início da peregrinação de Ralph por outros jogos, em busca de um meio de obter sua sonhada medalha.


Após a entrada de John Lasseter como presidente do departamento de animações da Disney (sem a Pixar), a Disney vem mostrando sua força e se revitalizando no mercado fazendo animações cada vez melhores. Se antes o estúdio já foi o ícone do gênero mas depois foi perdendo espaço para outros estúdios e também para a própria Pixar, que hoje pertence a Disney, a empresa de Mickey Mouse pode agradecer Lasseter pela nova fase que estreou com o muito bom "Bolt - Supercão" em 2008, até o excelente "Enrolados", lançado em 2010 e que fez quase 600 milhões em bilheteria ao redor do mundo. 

Agora, com este "Detona Ralph", a criatividade e competência dramática do departamento de animações da Walt Disney mostra-se mais inspirada do que nunca, conseguindo superar até os mais recentes trabalhos de sua mentora, a Pixar. 


"Detona Ralph" é um colírio para os fãs de video game tanto dos novos quanto daqueles que pegaram a época onde os fliperamas eram moda. A nostalgia é presente e essa mistura do velho com o novo se faz muito marcante aqui, trazendo aquele clima de infância muito gostoso e prazeroso. 

A trama busca passar velhas mensagens como buscar reconhecer quem você é, gostar de quem você é e saber se dar o valor. Tudo com bastante humor e momentos dramáticos geralmente habituais nas animações, no entanto, surpreendentemente, ainda que clichê, "Detona Ralph" encanta pela simplicidade dessas emoções e por usar a amizade como pontapé para emocionar o público. Os olhares, a trilha sonora e a sutileza com que esses momentos são transmitidos, mostram a clara inspiração dos melhores exemplares Pixar. Afinal, o filme é meio que um "Toy Story" dos games já que aqui os personagens dos jogos após o seu horário de trabalho, possuem toda uma vida por trás do jogo, assim como os brinquedos faziam lá em "Toy Story" onde em frente dos humanos eram uma coisa, e por trás, outra. 


E não só em técnica, humor, dramaticidade ou nostalgia que "Detona Ralph" é bem realizado, mas também na criação de personagens carismáticos onde facilmente conseguem conquistar o público. Assim como em "Monstros S. A" a relação de Sulley com a garotinha Bo era tocante e divertida, aqui, a amizade entre Ralph e a garotinha Vanellope atinge o mesmo efeito.

Portanto, 2012 é sem dúvida o ano da Disney. Com dois excelentes filmes animados, "Frankenweenie" e "Detona Ralph", o estúdio deve ganhar o tão almejado Oscar de Melhor Animação na premiação do ano que vem, onde desde a criação da categoria em 2002 nunca havia levado. E "Detona Ralph" não só merece ser visto, mas também revisto. Vale a pena!

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

KATY PERRY - PART OF ME

Katy Perry - Part of Me/EUA
Ano: 2012 - Dirigido por: Jane Lipsitz e Dan Cutforth

Sinopse: Documentário em 3D sobre a cantora Katy Perry, abordando o início de sua trajetória musical como cantora gospel até se tornar um dos maiores ícones da música pop. Trata ainda de seu relacionamento e divórcio com o ator Russel Brand.


Olha, ultimamente venho superando meu medo e dando chance para esses recentes documentários que segue a turnê de um determinado astro e aproveita para falar de sua vida e mostrar como ele chegou ali. Apesar de não ser fã, vendo o esforço de Justin Bieber no documentário “Never Say Never” o garoto ganhou o meu respeito. E agora, Katy Perry ganha ainda mais minha apreciação. Já gostava dela antes, não é uma das mais estupendas cantoras que já tivemos, mas sem dúvida, criou o seu estilo, é linda, carismática e divertidíssima de ouvir e assistir. Aqui, neste “Katy Perry – Part of Me” ela nos apresenta o seu lado humano com uma sinceridade e ousadia como poucos astros vi fazer igual. 

Sua humildade, respeito para com os colegas de profissão e apreço e atenção aos fãs são uma das mais bacanas qualidades de Katy. Sua busca em seguir o seu sonho investindo em seu estilo caricato e colorido é inspirador. Katy foi valente, correu atrás e não se deixou influenciar pela visão dos chefões de estúdio e nunca teve medo de esconder quem era e qual o estilo que gostaria de apresentar ao mundo. E conseguiu! 


Outro detalhe notável em “Katy Perry – Part of Me” é que o filme não busca esconder os momentos de dificuldade da cantora, como por exemplo, o término de seu relacionamento com o ator Russell Brand, que acabou o casamento através de uma mensagem de texto minutos antes dela entrar no palco. E como o show deve continuar... Katy decide seguir em frente. 

A direção eficiente dos diretores de Jane Lipsitz e Can Cutforth ajuda bastante, intercalando momentos dos shows da cantora com bastidores e entrevistas que vão falando mais sobre Katy Perry, os seus gostos, sua ideia de família, religião, etc. 


Portanto, vale a pena conferir o filme. Eu gostei muito! Principalmente por me fazer gostar mais ainda de Katy Perry, não como cantora apenas, mas, principalmente, como pessoa. E prova de que Katy é mesmo linda, aqui, a pop star não tem vergonha de aparecer sem maquiagem, porém, mais admirável é como ela mantém sua humildade e singularidade no mundo do show business.

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O ESTUDANTE

El Estudiante/México
Ano: 2009 - Dirigido por: Roberto Girault

Sinopse: O Estudante conta a aventura de Chano, um homem de 70 anos de idade, que acaba de se inscrever na universidade para estudar Literatura. Assim, se encontra com o mundo dos jovens, de costumes e tradições muito diferentes das suas. Porém, com Dom Quixote sempre como exemplo, Chano atravessa a barreira das gerações e faz novos amigos, torna-se um guia e ajuda a resolver seus problemas. Até que um forte golpe acontece em sua vida e serão agora seus jovens amigos, que terá que ajudá-lo a superar.


A vida é um caminho que segue para o pior dos finais: a morte. Mas o bom dela é viver os momentos perto daqueles que amamos e saborear com vontade cada oportunidade apresentada por ela. Seja no amor, seja nos estudos, na família, aonde for à vida nos ensina e nos oferece escolhas. E somente cada um de nós é o responsável por tais decisões. O importante é saber viver, curtir cada pessoa, não trair, não escolher nada que torne breve o trágico final, mesmo a gente não sabendo quando pode acontecer. E sem dúvida alguma, o melhor de tudo na vida é ter alguém com quem compartilhas as dores, as alegrias, viver o dia a dia, superar juntos as dificuldades e ter os melhores momentos juntos. E justamente isto, sobre o prazer da vida, é que este filme O Estudante fala.


Antes de mais anda a história já possui uma trama muito bem bolada. Temos um senhor de 70 anos chamado Chano (interpretado pelo espetacular Jorge Lavat em uma atuação digna de Oscar), aposentado, que decide voltar a estudar. Com isso em mente, ele se inscreve na faculdade e lá, de início, sentirá pequenos contrastes com o ambiente escolar de hoje com o de sua época. Desde as gírias até as músicas e os relacionamentos, Chano percebe a incrível diferença entre as gerações. Vendo os interesses e o modo como os meninos pensam e chegam às meninas, acaba concluindo, em dado momento, que nos dias atuais não existe, mas aquele encanto, amor, carinho, respeito de seu tempo.

Só que o mais legal de tudo, é que “O Estudante” acaba não caindo no estilo “filme crítico”. Ele apresenta esse estilo da sociedade atual e coloca Chano como um intruso, mas um intruso que será o contraponto para juntar duas mentalidades diferentes (a antiga e a atual) e colocar ambas para se interagir. No filme, nosso personagem tanto aprende quanto ensina para seus colegas adolescentes sobre a vida, e é claro, o amor. E, diga-se de passagem, o final é algo arrasador. Além de possuir diálogos lindíssimos e inesquecíveis, o desfecho de “O Estudante” é simplesmente para se lembrar e nunca esquecer. Uma verdadeira lição de vida mostrada de tal forma que não contive as lágrimas no rosto, e até agora neste ano, não me lembro de ter chorado tanto em um filme.


Com uma direção delicada e sutil de Robert Geraut e um roteiro que foge de clichês, ou mesmo tendo, consegue passá-los sem o menor problema, “O Estudante” é uma obra maravilhosa que acaba de conseguir seu espaço no meu coração. É o cinema mexicano causando surpresa. Assista imediatamente!

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela


SECRETARIAT - UMA HISTÓRIA IMPOSSÍVEL

Secretariat/EUA
Ano: 2010    -   Dirigido por: Randall Wallace


Cavalos, corridas, Disney e um emaranhado de lições sobre nunca desistir, correr atrás de seus objetivos e não se acomodar na vida. Isso tudo não parece nada original não é mesmo? Eu, particularmente, me lembro de diversos outros filmes que trabalham bastante com os mesmos assuntos, como por exemplo: Corcel Negro, Seabiscuit – Alma de Herói, O Encantador de Cavalos, Duplo Triunfo e outros tantos que o cinema Hollywoodiano sempre fez questão de produzir. E agora, chegando direto para DVD no Brasil, a Disney nos apresenta Secretariat – Uma História Impossível, que nos conta basicamente o que já vimos nos exemplos citados acima.


O problema de se já produzir algo há algum tempo batido e que pouco anda interessando o público atualmente é deixar com que o filme caia no costumeiro e não desenvolver tal material sem gerar grandes surpresas. Secretariat erra justamente por não explorar os pontos fortes de dramas com cavalos, que seria  o dramalhão em torno de sua dona e o animal, o medo de perder o cavalo, cenas em câmera lenta para  transmitir uma beleza maior do bicho e outras pequenas nuances que, aparentemente melodramáticas demais (e na realidade são), por um lado proporcionaria um envolvimento bem maior com o público e criaria cenas tocantes cumprindo uma velha definição minha de: é clichê mas faz chorar. E mesmo Secretariat - Uma História Impossível tendo alguns desses requisitos, tais momentos são mal desenvolvidos e sem inspiração.

No entanto, a fita preocupa-se essencialmente em focar nos conflitos financeiros em torno do cavalo do título, na dívida de 8 milhões que a personagem precisa pagar e não têm dinheiro e nas pessoas que a criticam por não querer vender o cavalo e saldar a dívida, e isso, simplesmente por acreditar que o mesmo vencerá o campeonato mais importante do ano e valer o triplo do valor.


Não estou afirmando que apresentar tais conflitos seja ruim, são detalhes que fazem parte dessa história real e portanto são importantes, mas o erro é se focar exclusivamente nisso e deixar de criar uma abordagem mais emocional entre Secretariat e sua dona como outros filmes fazem. As cenas de treinamento e as corridas são apresentadas burocraticamente, rápidas e sem muitas ousadias. E logo no momento onde a fita procura criar uma identificação maior entre o público e Secretariat mostrando sua dona lhe dando banho, o soar da música “Oh Happy Day” acaba por não se encaixar perfeitamente bem, tirando assim, tudo de melhor e inspirador que aquele momento seria capaz de proporcionar.

Agora, um fator que sustenta a película tornando-a agradável é justamente o seu time de atores. Encabeçado pela simpática Diane Lane, seguido de um divertido John Malkovich e com participações especiais de James Cromwell e Scott Glenn, a fita, entre trancos e barrancos, se mantém acessível.


Mas Secretariat, mesmo assim, não atinge um patamar memorável. Não ligo para os clichês, pois as vezes filmes com clichês melodramáticos conseguem encantar e serem inesquecíveis, porém, a falta de um dramalhão melhor elaborado e detalhista acaba por prejudicar a eficiência da fita, tornando os seus 120 minutos longos, cansativos e desinteressantes. 

Quer assistir um bom filme de cavalo com corridas e um drama bem construído e montagens de cenas belíssimas e tocantes? Assista primordialmente os já citados O Encantador de Cavalos, Corcel Negro e Seabiscuit, esses sim sabem mexer bem com o dramalhão e tocar na alma da gente.

Nota«««««

Comentário por Matheus C. Vilela

HANNA

Hanna/EUA
Ano: 2010    -  Dirigido por: Joe Wright


A carreira de Joe Wright até agora está impecável. Alcançando o reconhecimento da critica com o ótimo Orgulho e Preconceito, depois dirigindo sua obra prima Desejo e Raparação e, mais recentemente, lançando um drama não tão emocionante mais não menos envolvente chamado O Solista, Wright muda de gênero e surpreende com este thriller de suspense e ação estrelado por Saoirse Ronan e com Cate Blanchett e Erica Bana no elenco.

O filme procura nos mostrar, primeiramente, como se encontra nossa personagem principal. Morando com o pai (um ex agente do FBI) em um ponto escondido da Finlândia, Hanna mostra-se ser uma garota diferente. Com força, resistência e instintos apurados, Hanna é constantemente treinada por seu pai com a finalidade de cumprir uma missão que a levará para a Europa e partes da África. Até o momento, o roteiro procura não abrir muito do porque de tudo isso, de sua exclusão do mundo e os motivos disso. Vamos descobrir os motivos e as respostas que envolvem o passado da garota e de seu pai com o decorrer do filme, aonde Wright vai nos conduzir por perseguições, fugas e lutas corpo a corpo sem abrir muito o jogo.


A resolução causa surpresa, mas não chega a impactar. O filme esconde, esconde, mas ao revelar chega a ser rápida e pouco explorada a cena. Algo como “é isso e isso” e tudo bem. Entretanto, confesso que, apesar das revelações não causarem o impacto que poderiam, Joe Wright consegue prender nossa atenção amarrando muito bem essa trama, colocando a câmera no lugar certo nos momentos de luta, e ainda, não abusa de closes ou mesmo da trilha sonora. O grande mérito de Wright é conseguir fazer com que a expectativa seja mais atraente do que propriamente os socos e seqüências bem coreografadas.


Portanto, Hanna é um ótimo exemplar de thriller de ação e suspense. Explorando bem os dramas da personagem e conseguindo segurar a atenção do público, o filme empolga e impressiona. Não chega a ser um clássico, mas em meio há tanta futilidade hoje em dia uma obra de condução firme e ação inteligente sempre é bem vinda.

Nota: «««««
Comentário por Matheus C. Vilela

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Especial Woody Allen: BROADWAY DANNY ROSE

Broadway Danny Rose/EUA
Ano: 1984


É curioso observar a evolução cinematográfica de Woody Allen: se em seus primeiros filmes, mal sabia cria uma narrativa coesa, aqui se dá ao luxo de adotar uma estrutura interessantíssima, cuja história é contada através de flashbacks. E, neste caso, a narração permite a criação duma áurea ainda mais mítica, fantasiosa e idealista do protagonista: Danny Rose. 

Rose é um agente teatral responsável pela carreira dos mais diversos artistas. Decide, certo dia, investir na carreira dum cantor, Lou Canova (Nick Apollo Forte), que fez relativo sucesso nos anos 50 e foi destinado ao esquecimento desde então. O cantor é apaixonado pela amante, Tina Vitale (Mia Farrow). E, numa noite importante para Lou, Rose tem que passar por situações inusitadas para levar Tina ao show. 


Sonhador e perseverante, Danny Rose é um personagem de coração mole que se importa com absolutamente todos os artistas que agencia, indo atrás não só dos melhores empregos, mas de assuntos até mesmo pessoais (escolher roupa, por exemplo). É uma mente dócil e pura no meio do cínico universo do show business. Allen interpreta-o com maestria, em uma de suas melhores atuações, uma vez que exprime extrema sensibilidade no personagem, sem largar de mão suas típicas neuroses. Já Farrow surpreende num dos papéis mais diferentes de sua carreira. 
[
O longa acompanha, inclusive, uma jornada diária, repleta de situações insólitas – até com a máfia ele se envolve -, de Danny tentando salvar o dia de Lou. Além de revelar muito sobre a paixão do personagem, rende gags excelentes que nos envolvem do início ao fim. E essa batalha só torna a decisão do cantor, no fim, ainda mais cruel – uma crítica ao universo do show business. 


Com isso, Danny Broadway Rose é um filme completamente apaixonante sobre um dos personagens mais adoráveis criados pela neurótica mente de Woody Allen.

Comentário por Júlio Pereira

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A ÚLTIMA ESTAÇÃO

The Last Station/EUA
Ano: 2011 - Dirigido por: Michael Hoffman


Lev Nikolayevich Tolstoy, ou mais conhecido como Liev Tolstói, é considerado um dos maiores autores de todos os tempos, tendo escrito obras como Ana Karenina e Guerra e Paz. Nascido na Rússia, Tolstoy teve uma infância difícil. Perdeu os pais cedo e acabou educado por preceptores. Anos mais tarde, em 1851, se inscreveu no exército da Rússia onde o ajudaria a adquirir idéias para se tornar um pacifista. Tolstói na adolescência bebia muito, perdia muito dinheiro em jogos e constantemente se encontrava com prostitutas. Na velhice, o escritor repudiaria seu antigo estilo de vida.


Mas A Última Estação não relata toda a vida de Tolstói. O filme baseia-se em um romance de mesmo nome lançado em 1900 onde o foco são os últimos anos do escritor, que já velho, ficou ainda mais conhecido por se tornar um pacifista, onde pregava uma vida isenta de luxo e mais próxima da natureza. Condenava os dogmas, os Estados e a igreja dizendo que eram apenas ferramentas de dominação sobre os mais fracos. Tais idéias bateriam de frente com o governo e a igreja, mas acima de tudo, o conflito maior cresceria dentro de sua casa onde sua esposa, a Condessa Shophia Tolstaia (Helen Mirren), também não concordaria com os pensamentos do marido de abster de toda uma vida afortunada e abrir mão dos direitos autorais de suas obras tornando-as públicas.


O diretor Michael Hoffman narra bem a história misturando conflitos emocionais com divertidos momentos entre as personagens. Mostrando com extrema eficácia os ideais e os últimos anos conturbados do casamento de Liev Tolstói, Hoffman abre uma tocante discussão sobre o amor, à união e os valores mais importantes que devemos ter na vida colocando o telespectador no meio desse fogo cruzado entre pacifistas e a condessa, fazendo com que cada um decida com qual dos dois lados deve-se concordar.

O grande problema é a história se focalizar no personagem Valentin Bulgakov (James MacAvoy), o novo assistente de Tolstói, que após se apaixonar por uma moça livre que não segue as regras impostas pelo movimento pacifista e, depois de conviver boa parte com a condessa e entender o porquê de ser contra o marido, acabará dividido entre os dois lados do conflito. E é um grande problema, pois o filme perde muito tempo com um romance pouco aprofundado entre o rapaz e a moça gerando certo desconforto por deixar de explorar melhor a vida de Tolstói.


Contudo, nada que um bom elenco, uma impecável trilha sonora e direção de arte (mesmo que esta lembre muito a Inglaterra e não a Rússia) não resolvam. Christopher Plummer está muito parecido com o real Tostói e mereceu sua indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, e de mesmo modo, Helen Mirren por sua indicação ao prêmio de Melhor Atriz.

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

INTERMEDIÁRIO.COM

Middle Men/EUA
Ano: 2009  - Dirigido por: George Gallo


Falar assim pode parecer vulgar, mas a pornografia sempre fez parte da história do ser humano. Seja nas histórias da Bíblia, nos reinados de Calígula, Alexandre “O Grande”, ou, especificando melhor, podemos afirmar que em toda e qualquer civilização que existiu e existe a sexualidade está presente. Sempre falou mais alto o desejo do homem de se “auto satisfazer”, e a beleza e sensualidade das mulheres ao longo de toda a história foram usadas exclusivamente para esse fim. E por isso, não receio em dizer que as mulheres são uma das armas mais poderosas já usadas pelo homem, sendo capaz de destruir e construir reinos. E não digo só do homem, mas também da própria mulher. Sua beleza é um legitimo ás na manga.


E com o decorrer do tempo a única coisa que mudou foi à maneira de se divulgar a sexualidade. Se antes não existia tecnologia e um texto com ar libertino era divulgado, como por exemplo, as histórias escritas pelo Marques de Sade e Casanova, o Estado perseguia incansavelmente e impedia que tal imoralidade fosse divulgada para a sociedade. Já hoje, com a televisão, internet e uma sociedade bem mais liberal que nos tempos antigos, a pornografia tornou-se um comércio lucrativo que conseguiu se alto adaptar com as facilidades do presente e, mexendo com aquilo no qual todo ser humano sente e gosta, acabou por se tornar um enorme e rentável mercado virtual, rendendo milhões e milhões aos seus responsáveis.


Este interessante “Intermediário.com” lida justamente sobre os bastidores da pornografia dos dias atuais. Mas especificamente com a vida de Jack Harrys (Luke Wilson, “Dias Incríveis”), que, antes com uma vida perfeita e tudo no lugar, começa a trabalhar com dois rapazes gênios em computação que bolam um plano para ganhar dinheiro com a internet. Porém, iniciando apenas como middle man, ou seja, o sujeito responsável pelas negociações e de fazer as coisas funcionarem, Jack vai acabar, aos poucos, se distanciando da família e entrando cada vez mais num mundo milionário de sexo e mulheres fáceis.

O filme inteiro é narrado em flashback pelo personagem de Luke Wilson e a trama por um todo faz questão de mostrar a lucratividade dessa atividade, mas também, por outro lado, de apresentar ao telespectador o lado sujo e antiético que existe, concluindo por fim que a pornografia é um negócio que, aparentemente prazeroso, é, acima de tudo: arriscado, conturbado, controverso e que afeta bastante a vida pessoal de cada um.

Mostra o envolvimento com a máfia, à busca por conteúdo, em vender os produtos discretamente para não gerar desconfiança e temos um lado dramático da vida familiar de Jack Harrys, uma abordagem um tanto quanto irrelevante, mas que não prejudica muito a dinâmica da fita.


Portanto, Irtermediario.com é uma amostra interessante e chamativa sobre uma indústria que diverge opiniões e lida com um tema sempre polêmico e antigo. Muito bom.

   Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

MARLEY E EU 2 - FILHOTE ENCRENQUEIRO

Marley and Me - The Puppy Years/EUA
Ano: 2011 - Dirigido por: Michael Damian


Baseado em uma história real cujo final é impossível de se fazer uma continuação, ao menos com a personagem Marley, Marley e Eu, lançado em 2008, foi um grande sucesso de público e crítica que encantou pela divertida e emocionante história de Marley e seu dono John Grogan. Porém, quando descobri que foi lançada uma “continuação” diretamente para DVD intitulada Marley e Eu 2 – Filhote Encrenqueiro, fiquei simplesmente sem reação e decidi assistir por mera curiosidade e por ser um grande fã do primeiro filme.


O filme em si não é e nem pretende ser uma continuação, muito pelo contrário, ele tem um estilo e objetivos completamente diferentes do primeiro e usa o nome "Marley e Eu" apenas para atrair pessoas, como eu por exemplo.

Pelo tamanho do cachorro aqui, entendemos que a história se passa durante a fase criança do animal com a família do jornalista John Grogan, que aqui é apenas citada. E como não temos os atores do original e a história é toda inventada, a solução encontrada foi fazer com que Marley passasse uma temporada com a irmã de Jennifer Grogan (interpretada por Jennifer Aniston no original), podendo assim, criar uma trama própria isenta da necessidade de envolver o primeiro filme.


Na intenção de possuir algo que tornasse mais divertido e animado o filme, os roteiristas optam pela mais insuportável idéia que o cinema já inventou: animais falantes! É isso mesmo! Neste segundo tanto Marley quanto qualquer outro animal do filme fala, e juntamente com uma filmagem amadorística que lembra bastante aqueles seriados infantis da Disney Channel ou Nickelodeon, a película resume-se a um mero filme para crianças de 3 a 5 anos de idade. Algo constrangedor e patético para quem é mais velho e já viu o primeiro filme e/ou leu o livro. E como se não bastasse ter animais falantes, os roteiristas injetam ainda piadas de tombo e comida voando com vilões caricatos e idiotas.

Talvez se tivessem criado algo sem envolver a história de John Grogan, eu teria visto com outros olhos sem ter o filme original nem o livro em mente. Porém, tiveram que usar o “Marley e Eu” e estragar tudo, me proporcionando uma das piores experiências do ano.

 Nota: «««««
Comentário por Matheus C. Vilela

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

MADAGASCAR 3 - OS PROCURADOS

Madagascar 3: Europe´s Most Wanted/EUA
Ano: 2012 - Dirigido por: Eric Darnell, Tom McGrath, Conrad Vernon

Sinopse: Os amigos Alex (Ben Stiller), Marty (Chris Rock), Melman (David Schwimmer), Gloria (Jada Pinkett Smith), rei Julien (Sacha Baron Cohen) e os pinguins deixam o continente africano rumo à Europa. Eles vão parar em Mônaco, onde passam a ser perseguidos por uma obcecada agente de controle animal (Frances McDormand). Em plena fuga, o grupo encontra abrigo em um circo em crise. Logo eles passam a ajudá-lo, iniciando um processo de revitalização que poderá levá-los a uma turnê nos Estados Unidos e, consequentemente, de volta para casa.


A franquia Madagascar diverge opiniões, porém, creio que não deve se levar a sério os filmes, pois todos ali são emaranhados de exageros que incontestavelmente divertem pra caramba o público. Particularmente gostei bastante do primeiro filme lançado em 2005, o segundo foi muito bem realizado tendo grandes homenagens a melhor animação de todos os tempos, O Rei Leão, e agora, este terceiro filme que estreia no formato 3D, consegue ser o mais engraçado de todos os três filmes, ainda que deixe de lado algumas situações da trama dos personagens esquecendo assim os longas anteriores. 

E o grande forte da franquia Madagascar são os seus personagens, principalmente os coadjuvantes que são memoráveis e divertidíssimos. Aqui neste terceiro, os pinguins se encontram mais explosivos do que nunca, o Rei Julian agora está apaixonado e ainda temos novas adições com personagens que não atrapalham em nada, pelo contrário, acrescentam mais ainda para a diversão do filme. 


Sendo um dos melhores filmes que vi em 3D, Madagascar 3 – Os Procurados segue com eficiência e muito bom humor o que o primeiro filme apresentou lá em 2005. Tem os seus erros e problemas sem dúvida, no entanto, até relevamos já que toda a franquia consegue ser excepcional em seu objetivo: divertir crianças e adultos! 

Agora além do famoso hit “Eu me remexo muito!” este terceiro apresenta uma nova canção que deve ficar marcada também, é chamada de “Afro Circo”. Vale a pena!

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O HOBBIT - UMA JORNADA INESPERADA

The Hobbit - An Unexpected Journey/EUA
Ano: 2012 - Dirigido por: Peter Jackson

Sinopse: Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) vive uma vida pacata no condado, como a maioria dos hobbits. Um dia, aparece em sua porta o mago Gandalf, o cinzento (Ian McKellen), que lhe promete uma aventura como nunca antes vista. Na companhia de vários anões, Bilbo e Gandalf iniciam sua jornada inesperada pela Terra Média. Eles têm por objetivo libertar o reino de Erebor, conquistado há tempos pelo dragão Smaug e que antes pertencia aos anões. No meio do caminho encontram elfos, trolls e, é claro, a criatura Gollum (Andy Serkis) e seu precioso anel.


O livro “O Hobbit”, também escrito por J. R. R Tolkien, sempre foi considerado um livro um tanto quanto desnecessário e banal dentre todos os que envolvem esse universo criado por Tolkien. Visto como uma obra mais infantil e humorada, em comparação com o peso dramático e violência de “O Senhor dos Anéis”, muitos estavam com medo de que o filme seguisse essa linha e terminasse como um mero blockbuster família. Principalmente depois de termos visto algo tão marcante como a trilogia de “O Senhor dos Anéis” no cinema. Porém, apesar de ter sim os seus problemas, felizmente o diretor Peter Jackson, que retorna ao universo depois de ter comandado a trilogia do anel, consegue criar um exemplar satisfatório que empolga, diverte e traz a alegria de estar novamente na Terra Média. 

Este “O Hobbit – Uma Jornada Inesperada” dá início ao primeiro capítulo de uma nova trilogia cujos filmes estão sendo gravados simultaneamente e irão estrear em anos sequenciais, do mesmo modo como ocorreu com “O Senhor dos Anéis”. Particularmente não vejo necessidade de ter três filmes para um livro, já que um dos problemas deste “O Hobbit” é justamente a longa duração e vários momentos que, se cortados, dariam um filme mais direto e objetivo. E se cada livro de “O Senhor dos Anéis” foi excelentemente adaptado em um único filme, “O Hobbit” não foge a regra, pois a enrolação e momentos puramente “família”, assim como no próprio livro, poderiam ter sido deixados de lado, ou apenas diminuídos, pois isso acaba deixando em muitos momentos o ritmo lento e cansativo.


Entretanto, apesar de Peter Jackson manter todos esses momentos de gags, ele consegue adaptar maravilhosamente bem aquilo que realmente interessa. E se nos livros Tolkien é tão direto naquilo que acontece, Jackson alonga as cenas de clímax e engrandece criando momentos de pura inspiração como, por exemplo, o excelente e muito empolgante clímax final. Assim como a parte onde aparece o personagem Sméagol (mais uma vez interpretado com muito fervor por Andy Serkis), um momento onde nossos olhos não querem se fixar em outro lugar. 

E Peter Jackson traz uma evolução com este “O Hobbit – Uma Jornada Inesperada”. Ele decidiu gravar o filme em 48 quadros por segundo, o dobro de um filme normal que é 24 quadros. Para você que não sabe esses quadros por segundo é o exercício feito para gerar a ilusão que nosso cérebro interpreta como movimento, e 24 quadros, ou até 30, era o que muitos alegavam ser o máximo que um ser humano conseguiria identificar. Pois quanto mais quadros por segundo, maior é a nitidez e fluidez da imagem em movimento que é mostrada, portanto, quebrando as barreiras, assim como James Cameron fez com o 3D em “Avatar”, Peter Jackson inaugura a tecnologia dos 48 Fps (Frames por segundo, ou, quadros por segundo), e nos apresenta toda a beleza das terras da Nova Zelândia, onde foi gravado o filme, e todos os fenomenais e estupendos efeitos especiais com uma nitidez e visibilidade fora do comum, nos fazendo se sentir presente em cena com os atores de tão nítido e detalhista que a tecnologia faz tornar as sequências. Realmente uma beleza sem igual!


A produção é outro fator de destaque em “O Hobbit”. Até mais do que “O Senhor dos Anéis”, afinal, a tecnologia de hoje evoluiu bastante desde aquela época, “Uma Jornada Inesperada” são quase três horas de uma beleza visual notável. Desde a fotografia linda de Andrew Lesnie, que foi o responsável pelos três “O Senhor dos Anéis”, uma trilha musical inspiradora de Howard Shore e, claro, efeitos especiais da Weta Digital de cair o queixo, o filme será um forte concorrente nas categorias técnicas do Oscar de 2013. 

Os atores também não fazem feio. Ian McKellen continua inspirador com toda a sabedoria e astúcia do Mago Gandalf, e as voltas de Cate Blanchett, Hugo Weaving, Christopher Lee, Elijah Wood e Andy Serkis como Sméagol trazem ainda mais a nostalgia da trilogia do anel que já completa uma década e continua memorável.


Porém, para mim o grande acerto foi terem chamado Martin Freeman para interpretar na juventude o personagem Bilbo Bolseiro, que aqui é o protagonista. Temos sim o retorno de Ian Holm fazendo sua versão mais velha, onde ele já a fez em “A Sociedade do Anel”, mas aqui, Freeman encanta, diverte e consegue prender a atenção do público e fazer com que este acredite e torça por ele durante todo o filme. 

O Hobbit – Uma Jornada Inesperada” não chega a ser um “O Senhor dos Anéis”. Mas Peter Jackson adapta muito bem o livro que não possui uma grande história como a trilogia do anel e é realmente mais infantil, porém, ele faz uma obra que, ainda que tenha os seus problemas, consegue ser bastante divertida e empolgante, sem falar de belíssima visualmente. Portanto, é um filme que merece ser visto. Recomendado!

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Especial Woody Allen: MANHATTAN

Manhattan/EUA
Ano: 1979

MANHATTAN Não tem jeito: Manhattan é meu filme favorito do diretor. Talvez pelo charme que exale. Talvez pela linda fotografia preto e branco (a melhor da carreira de Allen). Quem sabe pela personalidade quase ingênua do protagonista, ou a crença fiel no amor. 

O roteiro conta a história de Isaac (Allen), um escritor de meia-idade que entra numa situação embaraçosa: sua ex-esposa (Meryl Streep), casada agora com outra mulher, decide escrever um livro sobre o casamento com ele, revelando situações constrangedoras passadas pelo casal. Enquanto isso mantém um relacionamento com uma jovem de 17 anos, Tracy (Mariel Hemingway), até se apaixonar por Mary (Diane Keaton), amante de seu melhor amigo, que, por sua vez, é casado. 


Apesar de contornar muito bem todos seus personagens (e conferir uma carga dramática incrível a eles), o filme se concentra mesmo em Isaac, sua idiossincrasias, tom jocoso, aventuras amorosas e neuroses (que acabam resultando em gags impagáveis). E o final, especialmente, por oferecer uma espécie de redenção ao protagonista, é belíssimo. 

Com sequências como a do beijo no escuro, Manhattan é uma das maiores maravilhas de Woody Allen.

Comentário por Júlio Pereira