Ano: 1984
É curioso observar a evolução cinematográfica de Woody Allen: se em seus primeiros filmes, mal sabia cria uma narrativa coesa, aqui se dá ao luxo de adotar uma estrutura interessantíssima, cuja história é contada através de flashbacks. E, neste caso, a narração permite a criação duma áurea ainda mais mítica, fantasiosa e idealista do protagonista: Danny Rose.
Rose é um agente teatral responsável pela carreira dos mais diversos artistas. Decide, certo dia, investir na carreira dum cantor, Lou Canova (Nick Apollo Forte), que fez relativo sucesso nos anos 50 e foi destinado ao esquecimento desde então. O cantor é apaixonado pela amante, Tina Vitale (Mia Farrow). E, numa noite importante para Lou, Rose tem que passar por situações inusitadas para levar Tina ao show.
Sonhador e perseverante, Danny Rose é um personagem de coração mole que se importa com absolutamente todos os artistas que agencia, indo atrás não só dos melhores empregos, mas de assuntos até mesmo pessoais (escolher roupa, por exemplo). É uma mente dócil e pura no meio do cínico universo do show business. Allen interpreta-o com maestria, em uma de suas melhores atuações, uma vez que exprime extrema sensibilidade no personagem, sem largar de mão suas típicas neuroses. Já Farrow surpreende num dos papéis mais diferentes de sua carreira.
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O longa acompanha, inclusive, uma jornada diária, repleta de situações insólitas – até com a máfia ele se envolve -, de Danny tentando salvar o dia de Lou. Além de revelar muito sobre a paixão do personagem, rende gags excelentes que nos envolvem do início ao fim. E essa batalha só torna a decisão do cantor, no fim, ainda mais cruel – uma crítica ao universo do show business.
Com isso, Danny Broadway Rose é um filme completamente apaixonante sobre um dos personagens mais adoráveis criados pela neurótica mente de Woody Allen.
Comentário por Júlio Pereira
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