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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

UMA NOITE DE CRIME

The Purge-EUA
Ano: 2013 - Dirigido por: James DeMonaco
Elenco: Ethan Hawke, Lena Headey, Edwin Hodge

NOTA: «««««

Sinopse: Quando o governo norte-americano constata que suas prisões estão cheias demais para receberem novos detentos, uma nova lei é criada, permitindo todas as atividades ilegais durante 12 horas. Este período, chamado de Noite do Crime, é marcado por milhares de assassinatos, linchamentos e outros atos de violência por todo o país. O intuito, segundo o governo, é permitir que todos os cidadãos libertem seus impulsos violentos, garantindo a paz nos outros dias do ano. Neste contexto vive a família de James Sandin (Ethan Hawke), um vendedor de sistemas de segurança que prospera graças à Noite do Crime. Quando o evento ocorre, no entanto, o filho de James aceita abrigar um homem perseguido por psicopatas. Logo, toda a família está em perigo, seja dentro de sua própria casa, com a presença do desconhecido, seja pelas ameaças vindas dos psicopatas em frente ao imóvel, que prometem entrar e matar a todos.


O conceito apresentado por “Uma Noite de Crime” é interessantíssimo. O filme começa com um letreiro explicando que os EUA institucionalizaram uma data no ano onde os cidadãos podem se “purificar” cometendo todo e qualquer tipo de violência, desde que seja feita dentro das 12 horas estipuladas por lei. Após essa instauração do governo, o país encontrou a tão almejada paz dentro de sua sociedade, com toda a população vivendo em mútuo respeito durante os 364 dias no ano, exceto, obviamente, na Noite de Crime. 

É curioso imaginar como seria na vida real se tal lei fosse aprovada por algum governo. Lidar com pessoas é uma atividade ao mesmo imprevisível quanto desgastante, e só de imaginar um período sem regras ou tolerância com as pessoas podendo realizar qualquer ato desejado de violência, soa curioso. 


Mas “Uma Noite de Crime” não é um filme que busca explorar as nuances dessa ótima proposta, que envolve temas de sociedade e política. É um filme que foca no ato e como essa atitude se rebaterá contra determinada pessoa. No caso aqui, do protagonista interpretado por Ethan Hawke, um pai de família que vende equipamentos de segurança para a Noite do Crime e que é surpreendido por um grupo decidido a matar um cidadão que o filho de Hawke permitiu, sem sua autorização, a se refugiar dentro da sua casa. Sem a entrega do rapaz, a violência cairá sobre a família de Hawke. 

Portanto, como suspense, “Uma Noite de Crime” é extremamente previsível e sem criatividade. Como ação, funciona apenas em um único momento quando Hawke inicia uma briga com membros do tal grupo, e tudo, devido à eficiente direção do momento. Mas fora isso, o diretor James DeMonaco dificilmente engrena no ritmo e perde uma oportunidade de explorar questões mais interessantes acerca desse conceito original.

Comentário por Matheus C. Vilela

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

SEGREDOS DE SANGUE

Stoker-EUA
Ano: 2013 -  Dirigido por: Chan-Wook Park
Elenco: Mia Wasikowska, Nicole Kidman, Matthew Goode

NOTA: «««««

Sinopse: O pai de India (Wasikowska) morre em um acidente de carro e seu tio Charlie (Goode), cuja existência ela ignorava, vem morar com ela e sua mãe (Nicole Kidman). Pouco depois da mudança, India começa a suspeitar que esse homem misterioso e charmoso tem motivos sombrios. Ao invés de sentir raiva ou horror, a garota sem amigos começa a se encantar por ele.


Chan-Wook Park é um diretor angustiante, tenso e cria sempre em seus filmes um clima estarrecedor de nos deixar com o coração nas mãos. Seus excelentes “Oldboy” e “Sede de Sangue” são provas disso. Embarcando neste que é o seu primeiro filme em Hollywood, Chan-Wook mostra que ainda sabe criar a tensão e o ambiente hostil e imprevisível, porém, “Segredos de Sangue” está longe de ter o impacto presente em seus trabalhos anteriores. 

“Segredos de Sangue” não é ruim. É uma obra competente na narrativa, fervoroso na tensão e com um elenco ótimo encabeçado por Nicole Kidman, Matthew Goode e Mia Wasikowska. Principalmente Goode que está excelente na pele do tio psicopata. 


Mas apesar disso, a falha de “Segredos de Sangue” está justamente na obviedade da sua história, que não é nada original ou surpreendente. O roteiro de Wentworth Miller não busca criar uma tensão ascendente, e isso, prejudica o foco na relação de mãe e filha (Kidman e Wasikowska). E prejudica, principalmente, as revelações finais que já são previsíveis desde o inicio. 

O que vale em “Segredos de Sangue” é presenciar a competência dos atores, e o esforço de Chan-Wook em tornar uma trama simples e falha em algo envolvente. E consegue.

Comentário por Matheus C. Vilela

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O VERÃO DA MINHA VIDA

The Way, Way Back-EUA
Ano: 2013 - Dirigido por: Nat Faxon e Jim Rash
Elenco: Steve Carell, AnnaSophia Robb, Toni Collette

NOTA: «««««

Sinopse: Duncan (Liam James) é um garoto de 14 anos que vive com a mãe e não suporta o namorado dela, Trent (Steve Carell), que volta e meia o menospreza. Eles viajam para uma casa de praia durante o verão, juntamente com a filha de Trent, Laura (Devon Werden). Deslocado em meio aos amigos de Trent e até mesmo com a própria mãe, Duncan passa os dias pedalando pelas redondezas. Num de seus passeios ele conhece Owen (Sam Rockwell), um cara despojado que trabalha no parque de diversões aquático local. Não demora muito para que o garoto se aproxime dele, especialmente quando consegue um emprego de verão no próprio parque.


O filme independente do ano! Sucesso no festival de Sundance, o filme me lembrou de “Os Descendentes”, não pelo conteúdo, mas pela repercussão que vêm tendo. E também o roteiro foi escrito por Nat Faxon e Jim Rash, que escreveram “Os Descendentes” e também dirigem o filme, e mais uma vez, abordam conflitos familiares e partem desse pretexto para falar de amadurecimento. 

O filme é simples e foca em Duncan (Liam James), um garoto cuja mãe esta se relacionando com um sujeito arrogante chamado Trent (Steve Carrell, ótimo!), e toda a família viaja de férias para a casa de praia de Trent. Duncan é um garoto solitário, fala pouco e se sente abandonado pelo pai, e sofre com o relacionamento da mãe. Lá, ele irá conhecer uma menina chamada Susanna (AnnaSophia Robb, linda!) e fará amizade com o dono do parque aquático da cidade chamado Owen (Sam Rockwell, excelente!), que transformará sua vida mostrando a importância de ser o que é e lutar pelos sonhos. 


“O Verão da Minha Vida” não é tão emocionante quanto “Os Descendentes”, mas percebe-se o mesmo estilo de texto e desenvolvimento que se teve no longa de Alexander Payne. O filme se sustenta principalmente pelos atores que estão ótimos trazendo maior interesse por seus personagens. Destaco a atuação de Steve Carrell, acostumado com papeis de pessoas bobas e desajeitadas, o ator surpreende com o tipo arrogante e infiel, causando revolta e repulsa por sua pessoa. Já o protagonista Liam James ganha força quando está ao lado de Sam Rockwell e da bela e cativante AnnaSophia Robb (pra quem não conhece, ela foi a menininha que masca chiclete na “A Fantástica Fábrica de Chocolate” com Johnny Depp, mas agora, bem crescida). 

Falando de amadurecimento e da importância de amigos e saber viver sem medo ou restrições, “O Verão da Minha Vida” acerta por explorar as relações de Duncan com a mãe e principalmente os amigos do parque. O ser humano não é ninguém sozinho, e amigos são fundamentais para o nosso crescimento, e sem eles, é impossível se sentir parte desse mundo. 


Abordando de forma simplória sem grandes reviravoltas ou momentos dramáticos, “O Verão da Minha Vida” merece ser visto e apreciado com o coração aberto. O filme independente do ano que vêm fazendo grande sucesso, não duvido nada que talvez receba uma indicação ao Oscar de Melhor Filme. E ainda que não, ao menos vale a experiência agradabilíssima proporcionada pela obra. Vale a pena!

Comentário por Matheus C. Vilela

JOBS

Jobs-EUA
Ano: 2013 - Dirigido por: Joshua Michael Stern
Elenco: Ashton Kutcher, Matthew Moddine, Josh Gad

NOTA: «««««

Sinopse: De hippie sem foco nos estudos a líder de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. Este é Steve Jobs (Ashton Kutcher), um sujeito de personalidade forte e dedicado, que não se incomoda de passar por cima dos outros para atingir suas metas, o que faz com que tenha dificuldades em manter relações amorosas e de amizade.


Fazer um filme sobre alguém é uma das coisas mais complicadas que existem. Biografar uma pessoa no cinema, principalmente quando ela é mundialmente conhecida, requer cuidado e atenção para não deixar cair no ovacionismo exacerbado e perder a oportunidade de se fazer algo digno. Afinal, por mais que sejamos fãs, todos temos defeitos e a apresentação destes numa biografia não ridiculariza ou transforma a pessoa em um monstro, muito pelo contrário, isso humaniza e torna a experiência ainda mais interessante. 

Confesso que quando anunciaram uma biografia de Steve Jobs, fundador da Apple e revolucionário da tecnologia atual, tendo como protagonista Ashton Kutcher, minha relutância foi imediata. Recusei assistir o filme no cinema e quando vi que o longa não estava sendo bem recebido pela crítica, meu medo aumentava. Primeiro porque o filme não obteve o apoio da família de Jobs e não é baseado em sua biografia oficial, o livro “Steve Jobs – A Biografia”, e segundo, porque Ashton Kutcher nunca foi um grande ator e interpretar alguém fundador da Apple apenas por parecer fisicamente não soava como justificativa para tal. 


Agora que o filme está chegando nas locadoras, resolvi dar uma oportunidade, e, por incrível que pareça, me surpreendi e gostei mais do que esperava. Entendo o porque das críticas em torno da obra, e mesmo não sendo algo ainda digno de Steve Jobs, este filme “Jobs”, dirigido por Joshua Michael Stern consegue transmitir não apenas a personalidade difícil do empresário como também motivar o público partindo da perseverança e determinação de um homem que mudou a história do mundo. E nisso o filme nunca cai no exagero santificando Steve Jobs. Mas o trata com equilíbrio mostrando sua personalidade difícil e também sua genialidade. 

O filme passa surperficialmente sobre sua vida. Não busca se aprofundar em absolutamente nada, como por exemplo, a questão acerca da sua filha Lisa que Jobs negou durante anos ser pai da criança. O filme mostra isso, depois esquece e momentos depois já vemos Jobs morando com a garota, já crescida, e a esposa. O filme explora apenas momentos chaves da vida de Jobs, como o começo da Apple na garagem da casa dos seus pais, sua saída da empresa e sua volta anos mais tarde como CEO. Para os que não conhecem nada sobre sua vida, o filme será mais interessante, mas aos que já conhecem, “Jobs” é sustentando unicamente pela direção e, vejam só, pela competência de Ahston Kutcher. 


Como até já falei anteriormente nesse texto, “Jobs” é um filme pra cima, uma peça motivacional que apresenta a figura genial de Steve Jobs, ao mesmo tempo em que mostra sua personalidade dura e, por vezes, sem educação. E isso deve-se a direção de Joshua Michael Stern que filma com ritmo e dinamismo, escolhe músicas certeiras para compor a trilha sonora (temos Cat Stevens e Bob Dylan!) e Ashton Kutcher me convenceu personificando os trejeitos e modo de falar de Jobs e entregando uma performance redonda para os padrões do roteiro de Matt Whiteley. 

Resta esperar o filme que será baseado na biografia oficial de Jobs e escrito pelo ótimo Aaron Sorkin, que escreveu o excelente “A Rede Social”. Este filme está previsto para 2016 e provavelmente será ali que veremos um Jobs mais incisivo e arrogante e teremos maior profundidade em acontecimentos marcantes de sua vida que o ótimo livro escrito por Walter Isaacson relata muito bem. No entanto, não achei este filme ruim. Sob medida e motivador, “Jobs” é uma experiência positiva.

Comentário por Matheus C. Vilela

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

POLISSIA

Polisse-FRANÇA
Ano: 2011 - Dirigido por: Maïwenn
Elenco: Karin Viard, JoeyStarr, Marina Folis

NOTA: «««««

Sinopse: Diariamente, um grupo especializado da polícia francesa precisa lidar com duros crimes envolvendo crianças. A rotina envolve prisão de pedófilos, interrogação de pais abusivos e o cronfronto com menores infratores. Dentro deste universo, a vida privada de cada policial encontra pouco espaço, apesar de ser difícil manter o equilíbrio entre as duas partes. Essa dinâmica sofre sérias mudanças quando Melissa (Maïwenn), uma fotógrafa enviada pelo Ministério do Interior, passa a acompanhar as missões.


Algo que gosto no cinema europeu, principalmente no francês e alemão, é a maneira crua e incisiva com que apresentam certos acontecimentos da vida. Este “Polissia” acompanha um grupo especializado da policia francesa em casos envolvendo menores de idade, como estupros, aliciamento, etc. O cotidiano dos policiais é repleto de casos que irão mexer com o íntimo de cada um, e juntando isso com a vida pessoal, há dias em que o convívio torna-se estressante e desesperador. 

Dirigido por Maïwenn Le Besco, que também atua no filme, “Polissia” é o retrato cru e sem floreios da sociedade, com casos, às vezes, inimagináveis de se acreditar, envolvendo pais, professores, amigos, etc. A demonstração de que não estamos livres de pessoas com intenções dúbias, e que em qualquer lugar podemos encontrar alguém assim. 


Apesar dessa abordagem maravilhosa de “Polissia”, Maïwenn se perde durante a construção de sua história. A diretora cria momentos angustiantes quando decide focar nos casos de abuso, mostrando a dor das crianças, e principalmente as reações dos acusados. Entretanto, em meio a isso, “Polissia” erra por querer se preocupar com todos os integrantes do grupo policial. Temos a policial com anorexia, o outro que acaba de se separar da esposa, o policial com problemas no casamento que se apaixona pela nova funcionária do grupo (uma fotografa enviada para tirar fotos dos casos, interpretada, aliás, pela própria diretora), tramas estas que não são muito bem construídas, tirando todo o impacto de suas resoluções. 

Porém, há os seus méritos. “Polissia” é um filme competente que não cai no sensacionalismo, buscando de maneira sóbria mostrar os casos resolvidos pela Brigada de Proteção a Menores na França. Há momentos emocionantes, um deles que expõe não um caso de abuso, como é comum no departamento, mas de situação econômica onde uma mãe leva o filho para entregá-lo aos policiais por não ter condições de alimentá-lo e oferecer um local confortável para a criança dormir. Um filme coerente que transmite com indignação e revolta uma realidade desumana e desconfortável, mas, infelizmente, real. 

Comentário por Matheus C. Vilela

SE NÃO NÓS, QUEM?

Wer Wenn Nicht Wir-ALEMANHA
Ano: 2011 - Dirigido por: Andres Veiel
Elenco: August Diehl, Lena Lauzemis, Andreas Dohler

NOTA: «««««

Sinopse: No início dos anos 1960, Bernward Vesper (August Diehl) e sua amiga de universidade Gudrun Ensslin (Lena Lauzemis) se apaixonam no meio da atmosfera da Alemanha Oriental. O casal funda uma pequena editora que, já no primeiro trabalho, causa polêmica: trata-se de um trabalho antigo do pai de Bernward, famoso autor nazista. O questionamento inaugura novos rumos na vida do casal em uma era de mudanças.


“Se Não Nós, Quem?” nos traz as conseqüências deixadas pelo nazismo, após a Segunda Guerra, durante o período da Guerra Fria na geração jovem alemã. A história apresenta Bernward Vesper e Gudrun Ensslin, um casal de adolescentes que começam um relacionamento na faculdade, e apaixonados pela literatura, decidem fundar uma editora. O primeiro livro publicado é um antigo trabalho do pai de Bernward, polêmico autor nazista, que causa grande controversa e polêmica, já que a Alemanha Ocidental sofria com o pós-guerra, e também com a luta dos jovens pela queda do poder autoritário e a implantação da democracia. 

As lutas de 1968 na Alemanha, com os diversos ataques terroristas que tiveram, sempre foi um tema constante no cinema alemão, em filmes onde não se tinha uma visão muito agradável dessa realidade, e muito menos fantasiosa. Obras como “Bom Dia, Noite” (2003), “Os Sonhadores” (2003), “Amantes Constantes” (2005), “O Grupo Baader Meinhoff” (2008) e o mais recente “Carlos, o Chacal” (2010) são provas desse retrato realista e cru da realidade alemã na década de 60. 


Este “Se Não Nós, Quem?” mostra também os primeiros passos do Grupo Baader Meinhoff, mas não é esse o foco. O filme dirigido por Andres Veiel intercala cenas de arquivo das revoluções com o desenvolvimento do casal protagonista, e como essa realidade afetará a visão de cada um sobre aquele mundo. O filme deixa a desejar na construção dessa trajetória dos protagonistas, criando um romance resumido e pouco envolvente do casal, passando pelos anos com rapidez impedindo de se interessar mais por cada um deles e o caminho que seguem na vida. 

Se Não Nós, Quem?” não é um dos mais memoráveis filmes que falam sobre a juventude revolucionária alemã, mas possui suas qualidades como a ótima edição e a maneira pulsante com que Andres Veiel nos apresenta os momentos revolucionários do período, trazendo imagens de arquivos acompanhadas de uma excelente trilha sonora. Mas ainda assim, é um exemplar "normal" e nada impressionante.

Comentários por Matheus C. Vilela

ROTA DE FUGA

Escape Plan-EUA
Ano: 2013 - Dirigido por: Mikael Hafstrom
Elenco: Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Jim Caviezel

NOTA: «««««

Sinopse: Ray Breslin (Sylvester Stallone) é a maior autoridade existente ao se falar em segurança. Após analisar diversas prisões de segurança máxima, ele desenvolve um modelo à prova de fugas. Quando é preso, Ray é enviado justamente para a prisão que criou. Lá ele precisa encontrar uma brecha não imaginada até então, que permita sua fuga.


Quando vou assistir a algum filme estrelado por Sylvester Stallonne ou Arnold Schwarzenegger, busco ver sempre com outros olhos e extrair ao máximo a proposta de seus trabalhos. Quando anunciaram este “Rota de Fuga”, onde os dois ícones do cinema de ação norte-americano estariam dividindo a tela mais uma vez, porém, agora, apenas com os dois, fiquei interessado. Ao término da sessão, saí extremamente feliz por ter assistido um exemplar eficiente de ação, digno dos seus anos dourados, e dentro de um contexto velho, o de fuga de prisão, mas que sempre proporcionou ótimos filmes ao longo dos anos. 

Na trama, Ray Breslin (Stallone) possui a função de avaliar as prisões americanas buscando falhas e possibilidades de fuga. Ele já conseguiu escapar de todas as prisões de segurança máxima onde esteve preso, ao ponto de ter escrito um livro contendo todas as informações para se criar um modelo a prova de fugas. Porém, certo dia, Breslin aceita um trabalho ultra secreto onde é enviado para uma prisão privada em local desconhecido, sem informações e contato interno. Enganado, Breslin começa uma amizade com Emil Rottmayer (Schwarzenegger), detendo, que o ajudará com o plano de escape. 


Dirigido pelo sueco Mikael Hafstrom, que dirigiu filmes bons como “1408” e “O Ritual”, “Rota de Fuga” traz o espírito da fase de sucesso dos dois astros protagonistas com seriedade e foco. Diferente dos seus últimos filmes que apostavam no humor relacionado com a velhice de Stallonne e Schwarzenegger, aqui não temos isso. Ambos encarnam com vigor e competência o estereótipo “motherfucker” como se fossem jovens, e a fator “idade” nem interfere e tão pouco nos lembramos disso. 

E mais ainda, “Rota de Fuga” traz um Stallonne encarnando não unicamente o cara fortão e bom de briga, mas um sujeito inteligente e estrategista. Grande parte da duração do longa se concentra no desenvolvimento dos protagonistas em fugir da prisão, o que resulta numa competente direção de Hafstrom que cria um ritmo empolgante, que confesso, me lembrou “Missão Impossível”, e no final traz ainda uma seqüência de ação no melhor estilo oitentista, com tiros que nunca pegam nos protagonistas, Schwarzenegger metralhando os vilões e Stallonne soltando um “BUM!” antes de ocasionar uma explosão. Momentos galhofas, mas que remetem o melhor da carreira de cada um, o que faz de “Rota de Fuga”, dentro desse contexto, o melhor exemplar dos atores nos últimos anos. 


Competente, divertido, empolgante e tratando Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger com seriedade, “Rota de Fuga” me surpreendeu despertando o interesse de querer ver mais filmes do eterno Rambo e Exterminador. As “quatro estrelas” podem parecer um exagero para um filme estrelado por esses atores, mas se você for avaliar bem o objetivo e o gênero cinematográfico que estamos falando aqui, então verá que “Rota de Fuga” vale e muito a pena.

Comentário por Matheus C. Vilela

terça-feira, 22 de outubro de 2013

OS SUSPEITOS

Prisoners-EUA
Ano: 2013 - Dirigido por: Denis Lelleneuve
Elenco: Hugh Jackman, Jake Gyllenhaal, Melissa Leo

NOTA: «««««

Sinopse: Boston, Estados Unidos. Keller Dover (Hugh Jackman) leva uma vida feliz ao lado da esposa Grace (Maria Bello) e os filhos Ralph (Dylan Minnette) e Anna (Erin Gerasimovich). Um dia, a família visita a casa de Franklin (Terrence Howard) e Nancy Birch (Viola Davis), seus grandes amigos. Sem que eles percebam, a pequena Anna e Joy (Kyla Drew Simmons), filha dos Birch, desaparecem. Desesperadas, as famílias apelam à polícia e logo o caso cai nas mãos do detetive Loki (Jake Gyllenhaal). Não demora muito para que ele prenda Alex (Paul Dano), que fica apenas 48 horas preso devido à ausência de provas contra ele. Alex na verdade tem o QI de uma criança de 10 anos e, por isso, a polícia não acredita que ele esteja envolvido com o desaparecimento. Entretanto, Keller está convicto de que ele tem culpa no cartório e resolve sequestrá-lo para arrancar a verdade dele, custe o que custar.


Filmes investigativos que apostam no suspense de esconder até o final quem é o real culpado, geralmente costumam cair no pecado do exagero saindo totalmente da proposta inicial, criando reviravoltas mirabolantes e levando o público a desvendar os segredos bem antes do tempo previsto pelo roteiro. 

Lembrando outros competentes exemplares investigativos como “Seven” e “Zodíaco”, “Os Suspeitos” parte de uma situação que levará ao máximo os seus personagens. Mas diferente das obras citadas, o filme foca em dois lados. Enquanto assistimos o detetive Loki (Jake Gyllenhaal) buscando uma resposta para o caso apresentado pelo filme, vivenciamos também o desespero de Keller Dover (Hugh Jackman) em descobrir quem foi o responsável pelo sequestro de sua filha, e não enxergando resultados por parte da polícia, decide agir sozinho. 


Mas é aí que temos o diferencial que torna “Os Suspeitos” uma experiência tão profunda e angustiante. Em muitos filmes, a partir deste ponto, o personagem de Jackman iniciaria uma caçada implacável fazendo o impossível para resgatar sua filha, transformando-se numa figura onde suas ações refletiriam o seu desespero e desejo por justiça. Parte dessa abordagem nós vemos em Keller Dover, mas sua pessoa, ao vivenciar dia após dia a falta de respostas, opta por fazer justiça com suas mãos, mas sem nunca cair no estereótipo do pai vingativo ou daquele que não possui limites. Em “Os Suspeitos”, as ações de Keller não são gratuitas, e justificam seu anseio por respostas e responsáveis. 

Outro ponto colocado em cheque na vida de Keller é a sua fé. Iniciando o filme orando o “Pai Nosso”, ao longo dos acontecimentos vamos notar o abalo na crença do personagem. Note como o diretor Denis Villeneuve insiste em mostrar o símbolo da cruz pendurada no carro, ou tatuada na mão do detetive Loki, tudo para ressaltar a fé necessária para encarar aquela situação. A crença de Keller que, não importa o que aconteça, acredita que irá encontrar sua filha. 


“Os Suspeitos” é um filme que exige também disposição. Vai se decepcionar quem for assistir esperando ação ou um filme agitado. O longa é um drama/suspense envolvendo uma investigação e a dor de um pai pelo desaparecimento do filho. Dennis Villeneuve conduz, por vezes, com lentidão colocando o público como participante da situação. A história apresenta muitos fatos e probabilidades, colocando os personagens presos dentro de um labirinto onde qualquer um pode ser o real vilão. Daí que o nome no original, “Prisoners”, ressalta melhor a ideia do filme, que não deixa ninguém escapar das nossas conclusões, inclusive o próprio protagonista. 

O elenco é outro quesito que merece aplausos em “Os Suspeitos”. Hugh Jackman faz uma atuação única em sua carreira como o pai de família Keller Dover, mostrando um aglomerado de sentimentos e revolta que resulta, talvez, em sua mais impactante e emocionante interpretação até hoje. O que faz uma oposição a interpretação de Jake Gyllenhall como o detetive Loki. Gyllenhaal é um detetive racional, que não explode e mantém a calma, trazendo segurança e conforto. Mas seu personagem surge também como um dos mais interessantes e curiosos. Notem suas tatuagens atípicas de um policial e no tique nervoso no olho do ator que pisca com expressividade ao longo de todo o filme, demonstrando sinais de cansaço e, possivelmente, de alguém que teve sérios problemas no passado. O filme não entra nesse mérito, mas é inegável que o detetive Loki surge como uma figura curiosa. E os demais atores, como Paul Dano, Melissa Leo, Terrence Howard, Viola Davis e Maria Bello, aparecem pouco, mas são peças importantes na trama e cada um está ótimo em seus respectivos papeis. 


Um dos melhores filmes do ano, “Os Suspeitos” é aquele filme que te surpreende, te faz se interessar tanto pela história quanto pelos personagens, e principalmente, te deixa aficionado querendo saber o vêm em seguida. Tocante, angustiante e empolgante sem precisar ser energético, falo sem medo que, desde “Zodíaco”, o cinema norte americano não oferecia um suspense investigativo tão bom assim. Vale muito a pena!

Comentário por Matheus C. Vilela

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

KICK ASS 2

Kick Ass 2-EUA
Ano: 2013 - Dirigido por: Jeff Wadlow
Elenco: Aaron Taylor-Johnson, Chlöe Grace Moretz, Christopher Mintz-Plasse

NOTA: «««««

Sinopse: O ato insano de Dave Lizewski (Aaron Taylor-Johnson) em se vestir como o super-herói Kick-Ass e ir para as ruas combater o crime, mesmo sem ter qualquer tipo de superpoder, serviu de inspiração para dezenas de pessoas, que resolveram seguir o mesmo caminho. Mindy Macready (Chloë Moretz) deseja seguir como a super-heroína Hit-Girl, mas o sargento Marcus Williams (Morris Chestnut), que prometeu ao pai dela que iria cuidá-la em sua ausência, não quer que ela leve uma vida perigosa. Com isso, Mindy é obrigada a levar a vida de uma garota de sua idade, deixando de lado os atos heróicos, por mais que Dave insista para que ela faça o contrário. Entretanto, a carreira heróica de Dave não será solitária por muito tempo, já que não demora muito para conhecer o Coronel Estrelas e Listras (Jim Carrey), um ex-integrante da máfia que está reunindo um grupo de super-heróis sem poderes para combater o crime. Paralelamente, Chris D'Amico (Christopher Mintz-Plasse) prepara sua vingança contra Kick-Ass, assumindo um novo codinome: Motherfucker.


Quando o primeiro “Kick Ass” foi lançado em 2010 todos ficaram impressionados com a criativa direção de Matthew Vaugh, que abriu portas para ele dirigir depois o ótimo “X-Men: Primeira Classe”, como também com a violenta história de um adolescente comum que decide virar um super herói. O enredo de “Kick Ass”, e confesso que ainda não li as HQs (ainda!), abrange questões interessantes relacionadas a temas como a influência da cultura pop dentro da sociedade hoje, o poder da mídia e como esses dois juntos podem influenciar, seja positiva ou negativamente as pessoas. Buscando ser sarcástico e cômico do que sério, o diferencial de “Kick Ass” é justamente esse, e como cinema é escapismo, o uso da violência explicita só ressaltam a veracidade dos temas abordados e ajuda muito na criação de momentos de ação inspirados onde Matthew Vaugh não mede esforços para impactar o telespectador.

Esta continuação foi alvo de grande rebuliço após o ator Jim Carrey, que interpreta no longa o Coronel Estrelas e Listras, recusar a divulgar o filme alegando ser muito violento e má influência. Não vou entrar na discussão, pois é um assunto para outro momento, mas que fique gravado que sou contra a opinião de Carrey, que mostra ter uma visão fechada e uma postura um tanto quanto hipócrita. Mas muito bem, vamos nos ater apenas ao filme. 


“Kick Ass 2” não supera o primeiro e está longe de possuir a mesma competência narrativa do mesmo, principalmente em relação ao desenvolvimento dos personagens. Neste segundo, como Kick Ass influenciou muitas pessoas, já temos um quadro maior de super heróis e de vilões, e uma busca maior por parte do roteiro em querer apresentar toda essa diversidade e focar com mais profundidade em outros personagens além do protagonista, como Hit Girl e o vilão Mother Fucker. Nada contra se não fosse à superficialidade com que a trama de cada um é apresentada, principalmente de personagens tão interessantes como Hit Girl e o Coronel interpretado por Jim Carrey, que está ótimo, mas é apagado por um roteiro apressado que torna o seu personagem distante e pouco envolvente. E isso irá prejudicar muito a intensidade da reviravolta que teremos com ele em determinado momento da trama. 

Por outro lado, o diretor Jeff Wadlow, que entra no lugar de Matthew Vaugh (que volta apenas como produtor) mantém o clima e tom do anterior conseguindo criar momentos de ação divertidos e empolgantes com toda a violência sem medo e receio mostradas no filme de 2010. Hit Girl ganha mais espaço e sua adaptação ao mundo “normal” de uma menina “normal” rendem momentos engraçados, ainda que totalmente descartáveis. 


Portanto, preocupado mais com a empolgação e anseio por violência de seus personagens, “Kick Ass 2” está longe de possuir o equilíbrio e qualidades que fizeram do primeiro filme uma experiência tão marcante. Problema este que afeta a duração tornando os 100 minutos do longa uma experiência de altos e baixos. Uma pena, já que via em “Kick Ass 2” um material excelente para se fazer algo superior ao original, agora com personagens novos em um mundo que se transformou após a aparição do herói. Fraco!

Comentários por Matheus C. Vilela

É O FIM

This Is The End-EUA
Ano: 2013 - Dirigido por: Seth Rogen e Evan Goldberg
Elenco: Seth Rogen, Jonah Hill, James Franco

NOTA: «««««

Sinopse: Os grandes amigos Seth Rogen e Jay Baruchel vão em uma festa na casa do ator James Franco, que reuniu diversas celebridades no local, como Jonah Hill, Rihanna, Jason Segel e Emma Watson. Tudo corria bem até que um aparente terremoto se revela como sendo o dia do julgamento final. Rogen, Baruchel, Franco, Hill, Danny McBride e Craig Robinson acabam se vendo presos no local na torcida para que o mundo pare de acabar do lado de fora.



O humor de Seth Rogen e de seus amigos parceiros de sempre como James Franco, Jonah Hill, Dannys McBride e Craig Robinson revolucionaram o chamado “stoner movies”, termo usado para classificar filmes que abusam no consumo de maconha, abordando o assunto de maneira cômica e positiva. Filmes como “Superbad – É Hoje”, “Ligeiramente Grávidos” e “Segurando as Pontas” são provas concretas da eficiência do estilo junto a uma história bem contada. 

Neste “É o Fim”, Seth Rogen, James Franco, Jonah Hill e os demais interpretam eles mesmos. Como de costume, participam de uma festa na nova mansão de Franco quando, de repente, acontece o arrebatamento e a Terra vira um completo caos. Eles permanecem dentro da casa para se protegerem quando no exterior o mundo é consumido pelo fogo. 


O novo trabalho da equipe encabeçada por Rogen, que também é o diretor junto com Evan Goldberg, investe com tudo nesse humor habitual dos atores e dessa vez aborda questões polêmicas como o Apocalipse. Aproveitando o fato de serem eles mesmos no filme, os astros aproveitam a oportunidade para criar diversas piadas ironizando seus filmes e carreira, e de praxe, injetam momentos de ação que oferecem maior dinamismo ao longa. 

A longa duração atrapalha um pouco causando certo cansaço. Com quase duas horas, “É o Fim” poderia ter enxugado muita coisa e ser mais direto. Há momentos onde o marasmo toma conta e a história parece nunca sair do lugar. Entretanto, principalmente para os fãs dos atores, “É o Fim” é uma comédia que funciona, tendo momentos inspirados e uma produção competente, principalmente no clímax final. Bom filme!

Comentário por Matheus C. Vilela

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

RIDDICK 3

Riddick-EUA
Ano: 2013 - Dirigido por: David Twohy
Elenco: Vin Diesel, Dave Bautista, Neil Napier

NOTA: «««««

Sinopse: Riddick, o homem mais procurado da galáxia, foi abandonado à própria morte em um planeta destruído pela guerra. Seu único desejo é voltar para o planeta de onde vem, mas para isso ele precisará enfretar vários demônios e caçadores de recompensas. Enfrentando dificuldades para cumprir a tarefa sozinho, ele faz um pacto com Vaako (Karl Urban), que promete ajudá-lo no retorno à sua terra natal.


A franquia “Riddick” nunca foi algo marcante ou memorável. É um filme de momento onde as pessoas assistem, podem até se divertir, mas saem da sala sem se lembrar de muita coisa. O que sustenta a franquia é justamente a simpatia de Vin Diesel, que não é um grande ator, mas possui um carisma que o torna um dos melhores no gênero ação. 

O primeiro filme do personagem foi lançado em 2000, chamado de “Eclipse Mortal”. Baseado no famoso game, o longa, de orçamento modesto de apenas US$ 23 milhões, fez relativo sucesso o que proporcionou uma continuação intitulada “A Batalha de Riddick”, lançada em 2004 cujo orçamento foi maior que o primeiro, US$ 105 milhões, e o sucesso relativamente semelhante ao anterior. 


A necessidade de se ter um terceiro resume-se ao que o próprio Vin Diesel disse em uma de suas entrevistas para divulgar o filme onde falou que “O terceiro só existe por causa dos fãs!”. O custo deste terceiro foi de modestos US$ 30 milhões. Os realizadores não quiserem arriscar um custo maior como o do segundo e não obter o retorno tão almejado, já que a franquia é bem limitada de público. 

Não sou um fã de Riddick, nunca joguei os jogos, e os filmes anteriores foi uma total decepção para mim. Talvez por conseguir enxergar uma potencial franquia de ação com Vin Diesel, fora “Velozes e Furiosos”, mas no final presenciar uma total falta de ritmo e competência em filmar as cenas de ação, e principalmente em desenvolver a história do protagonista. 


Tais problemas persistem principalmente neste terceiro que é uma total embromação do inicio ao fim com uma história que não acrescenta nada de novo a mitologia do personagem. Ressaltando elementos já apresentados no primeiro, este “Riddick 3” é uma cópia da fórmula usada nos filmes de 2000 e 2004. E pior a história nunca sai do lugar deixando de abranger elementos relacionados ao universo de Riddick, para focar num conflito de vingança entre o personagem e caçadores de recompensa ao longo de 119 minutos. 

Portanto, em meio a tantos problemas, o que se sobressai são a simpatia de Vin Diesel e alguns momentos cômicos que conseguem gerar uma risada tímida. Não sei o que os fãs vão pensar deste terceiro, particurlamente, o filme peca por não apresentar algo de interessante e novo do personagem, o que me faz pensar que, se eu fosse um fã, sairia indignado. Mas já que não sou, saí apenas entediado e cansado, e posso dizer também frustrado por gostar tanto de Vin Diesel e vê-lo tão sem graça neste “Riddick 3”. Por favor, venha o próximo “Velozes e Furiosos”!

Comentário por Matheus C. Vilela

10 Melhores Momentos de "BREAKING BAD"


Obs: Essa postagem contém SPOILERS! CUIDADO!

A história de um professor de química endividado que se transforma em um produtor de metanfetamina logo de cara já soa curiosa. E muito mais surpreendente é o que Vince Gilligan, Bryan Cranston e todos os diretores e roteiristas que trabalharam na série fizeram com essa peculiar história, transformando uma situação tão mínima em algo ascendente que ao longo de cinco temporadas nos deixaram alienados. 

A transformação do protagonista Walter White (Bryan Cryanton), professor de química do ensino médio com um filho paralitico, uma esposa grávida e que descobre ter câncer de pulmão, é nada menos do que surpreendente. Walter representa o típico norte americano de classe média que sempre buscou a estabilidade do sonho americano, mas nunca conseguiu. Ver os amigos crescendo na profissão só ajudou Walter a se sentir um homem ainda mais inferior, com a contínua sensação de nunca ter se encontrado e proporcionado a vida digna que sua família merece. 


Certo dia, ao se encontrar com um ex-aluno chamado Jesse (Aaron Paul), um garoto de classe média que se findou nas drogas e vive longe da família, Walt recebe a proposta de uma parceria que poderá mudar a vida de ambos: produzir metanfetamina e vender! 

Após a primeira cozinhada, para a surpresa de Jesse, Walt produz a metanfetamina mais pura já vista no mercado, com 99% de pureza, o que despertará o interesse de grandes fornecedores. 


Como já mencionado anteriormente no texto a transformação de Walter ao longo das temporadas é um dos grandes pontos fortes da série. Bryan Cranston se mostra um ator incrível transitando entre o desesperado e inseguro pai de família Walter e o implacável e ameaçador Heinsenberg, pseudônimo que adota para encarnar sua vida no lado do crime. 

Só que o elenco de “Breaking Bad” não é feito apenas de Bryan Cranston. Aaron Paul é um estouro como Jesse, mostrando ser um dos melhores atores jovens hoje em Hollywood com momentos de puro talento, como podemos ver principalmente na terceira temporada. Anna Gun traz simpatia como a esposa de Walter, e quando descobre o segredo do marido, sua mudança de personalidade e atitude é agonizante. E os demais atores também merecem aplausos como Bob Odenkirk na pele do cafona advogado Saul Goodman, Giancarlo Esposito como o imprevisível Gus Fring, e os excelentes Jonathan Banks e Dean Norris.

Trazendo um personagem complexo cujas escolhas afetam todos ao seu redor, "Breaking Bad" não foi considerado uma das melhores séries já escritas atoa. Walt é um personagem tão profundo que nos obriga a refletir sobre a própria natureza humana, e como o ser humano é capaz de mudar tão radicalmente. E o mais curioso é que buscamos entender e até relevar as atitudes de Walt por ser um personagem tão carismático, interpretado com gosto por Cranston.


Com o final sublime dessa que é uma das melhores séries já feitas pela televisão norte-americana, escolhemos 10 momentos memoráveis de Breaking Bad. Confira abaixo! 

        TOP 10 - MELHORES MOMENTOS DE         "BREAKING BAD

1 – SUMINDO COM O CORPO USANDO UMA BANHEIRA E ÁCIDO 
1ª temporada - Ep. 02 "Cat´s in the Bag..."



A primeira produção de Walt com Jesse ganha uma inesperada reviravolta quando Jesse introduz Walt para um de seus instáveis sócios, o que gera uma inesperada morte e detenção de um deles como prisioneiro. Para se livrar do corpo, Walt dá a ideia de colocar o corpo na banheira e dissolvê-lo com ácido. A situação é o nosso primeiro contato com o clima e tom da série, e desde já surpreende e impressiona. A primeira vez é sempre inesquecível! 

02 – WALTER VAI AO ESCRITÓRIO DO TRAFICANTE TUCO SALAMANCA COBRAR O SEU DINHEIRO 
1ª temporada - Ep. 06 "Crazy Handful of Nothin"


Antes do ocorrido, Jesse foi tentar firmar um acordo com o líder da distribuição do tráfico em Albuquerque, Tuco Salamanca, mas saiu de lá espancado e com seu pacote de metanfetamina roubado pelo traficante. No final do episódio Walter, sozinho, e usando o seu chapéu de Heiseiberg, vai ao encontro de Tuco e exige o pacote de metanfetamina roubado de volta ou 500 mil adiantados pela distribuição da próxima remessa e juros pelo produto roubado. Obviamente Tuco exita e Walter, que havia entrado no prédio com um pacote de matanfetamina nas mãos, revela que o conteúdo não é metilamina, e quando jogado causa uma estrondosa explosão. Walter consegue intimidar Tuco, faz a negociação e ainda saí do local com o dinheiro adiatado nas mãos.

03 – WALTER E JESSE COMO PRISIONEIROS DE TUCO SALAMANCA 
2ª temporada - Ep. 02 "Grilled"


Após os planos dar errado e Tuco ser procurado pela polícia, Walter e Jesse são levados como reféns pelo traficante que vai esconder na casa do seu tio Hector Salamanca (Mark Margolis), o ex-chefe do tráfico. Hector sofreu um derrame e se encontra hoje numa cadeira de rodas. Não consegue falar e se comunica por uma campainha presa a cadeira, onde, ao ser perguntado, um toque significa “Sim”, e a ausência do toque quer dizer “Não”. O episódio segue com seqüências angustiantes com Walter e Jesse tentando matar Tuco e fugir do local, mas Hector dando sinais a Tuco de que os dois são mentirosos e estão planejando algo contra ele. Cada barulho da campainha é um motivo para nosso coração acelerar mais ainda! 

04 – JANE MARGOLIS MORRE COM O PRÓPRIO VÔMITO E NÃO É SALVA POR WALTER 
2ª temporada - Ep. 12 "Phoenix"


Jane Margolis foi o grande amor de Jesse que vimos na série. Vizinha da onde estava morando, os dois viveram uma paixão fervorosa. Margolis estava num processo de recuperação das drogas, mas certo dia decide se juntar a Jesse e voltar ao hábito do uso de heroína. Os dois planejam largar toda aquela vida em Albuquerque e gastar todos os milhares de dólares de Jesse viajando pelo mundo juntos. Mas Jesse não está com seu dinheiro, que estava com Walter que decidiu não entregar para o garoto não gastar tudo com o vicio. Mas Jane liga para Walter ameaçando contar para sua esposa sobre sua vida como produtor de metanfetamina e entregar tudo para seu cunhado, agente dos narcóticos Hank Schrader. Já Walter está apressado, pois sua esposa está em trabalho de parto no hospital, enquanto ele precisa das metanfetamina guardadas na casa de Jesse para realizar uma grande venda para o maior distribuidor da região, Gustavo Fring. Ao ir à casa de Jesse, arromba a porta e encontra Jesse e Jane deitados na cama dopados e inconscientes. De repente, Jane começa a se contorcer e a engasgar com o próprio vômito. Walter fica surpreso e corre para salvar a moça, porém, Walter para, pensa e deixa Jane se afogar e falecer, já que ela viva seria uma ameaça para seus negócios com Jesse. Um dos momentos mais impressionantes da série, e o inicio do declínio de Walter. 

05 – TENTATIVA DE ASSASSINATO DO AGENTE HANK SCHRADER PELOS PRIMOS DE TUCO SALAMANCA 
3ª temporada - Ep. 07 "One Minute"


Primos de Tuco Salamanca, buscando vingança pela sua morte, planejam matar o agente Hank Schrader, já que foi ele quem matou Tuco. Depois de ter comprado flores para sua esposa e indo buscar o carro na garagem, ali mesmo Hank é atacado por dois brutamontes. Mas minutos antes recebeu uma ligação anônima informando sobre o ataque, o que o possibilitou ficar alerta e agir. Um deles atropelou com o carro, e outro matou com um tiro na cabeça. Mas o ocorrido fez Hank levar um tiro na coluna e ficar paraplégico. 

06 – MORTE DE GUSTAVO “GUS” FRING 
4ª temporada – Ep. 13 “Face Off” 


A relação de Gustavo Fring com Walter, nesse momento, já estava bastante desgastada. Walter estava vivo, pois conseguiu deixar Fring impossibilitado de encomendar sua morte, já que ninguém conseguia produzir uma metanfetamina tão pura como ele. A não ser Jesse, pupilo de Walter que aprendeu todo o processo, e visto como futuro por Fring, Walter já não era mais necessário, e sua família estava correndo perigo de vida. Para resolver de uma vez por todas o problema, já que as tentativas de matar Fring falharam, Walter vai ao encontro de Hector Salamanca (o da cadeira de rodas) no asilo onde vive oferecendo uma última oportunidade para Hector se vingar de Fring pela morte de toda sua família. Hector chama a narcóticos pedindo para falar com o agente Schrader, mas no fim, foi apenas para chamar a atenção de Fring, que foi pessoalmente ao seu encontro no asilo buscar explicações. Inesperadamente, um som de “beap” começa, Fring e seu capanga buscam pelo barulho e descobrem debaixo da cadeira de rodas de Hector uma bomba. Não tem escapatória! A bomba explode a ponto de jogar a porta do quarto longe. Surpreendentemente Gustavo Fring aparece saindo do quarto arrumando o terno, a câmera se aproxima, aparentemente ele está intacto, até que a câmera anda para a esquerda e vemos a outra metade do seu rosto deformada, sem o olho e com a boca mostrando os ossos. Uma cena forte e impactante! E a última da quarta temporada, o que é de deixar qualquer um louco pela quinta. 

07. ROUBO AO TREM COM METILAMINA
5ª temporada - Ep. 05 "Dead Freigh"


Após a morte de Gustavo Fring, Walter, Jesse e Max começam uma parceria e assumem a liderança do tráfico de metanfetamina. Para se produzir a droga é necessário ter metilamina, e os três bolam um plano para roubar o produto de um trem, de maneira que ninguém perceba o ocorrido, trocando a metilamina por água. A tensão é grande e a sequência é de deixar os cabelos em pé. Bem filmada e empolgante, foi um dos momentos altos da quinta temporada. 

08. WALTER ENCOMENDA 10 MORTES AO MESMO TEMPO
5ª temporada - Ep. 8 "Gliding Over All"


Após a morte de Max, para proteger sua identidade e a de Jesse, Walter contrata um assassino profissional para executar 10 homens em prisões diferentes simultaneamente em 2 minutos. A cena das mortes intercalada com a de Walter esperando em casa olhando pela janela me lembrou "O Poderoso Chefão", e vemos um Walter cada vez mais emblemático e perigoso. Um dos melhores momentos de toda a série!

09. OZYMANDIAS
5ª temporada - Ep. 14 "Ozymandias"


“Ozymandias” é um dos mais surpreendentes, empolgantes e angustiantes episódios de toda a série. Primeiro por ter acontecimentos importantes com personagens importantes, o que por si só já mexe com a gente, e, por integrar os instantes finais de “Breaking Bad”. Não quero revelar muito sobre esse episódio em particular, mas já fica na mente que é um dos mais emocionantes de todas as cinco temporadas.

10. BREAKING END
5ª temporada - Ep. 16 "Felina"



Ainda bem que encerraram "Breaking Bad" de maneira justa e digna de um seriado que sempre manteve sua qualidade nos altos patamares. É impossível não se emocionar com este último episódio. O final que desperta esperança em vermos Jesse um homem diferente após tudo que aconteceu ao longo destes cinco anos, e assistir o trágico fim de Walter, após vivenciarmos tantas coisas juntos, é de partir o coração. Mas ao mesmo tempo correto e necessário, e a última cena com Walter caído morto e a câmera subindo ao som da música "Baby Blue" de Badfinger só faz "Breaking Bad" encerrar-se da maneira grandiosa com que começou em 2008 e continuou até 2013. 

Comentário por Matheus C. Vilela