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terça-feira, 22 de outubro de 2013

OS SUSPEITOS

Prisoners-EUA
Ano: 2013 - Dirigido por: Denis Lelleneuve
Elenco: Hugh Jackman, Jake Gyllenhaal, Melissa Leo

NOTA: «««««

Sinopse: Boston, Estados Unidos. Keller Dover (Hugh Jackman) leva uma vida feliz ao lado da esposa Grace (Maria Bello) e os filhos Ralph (Dylan Minnette) e Anna (Erin Gerasimovich). Um dia, a família visita a casa de Franklin (Terrence Howard) e Nancy Birch (Viola Davis), seus grandes amigos. Sem que eles percebam, a pequena Anna e Joy (Kyla Drew Simmons), filha dos Birch, desaparecem. Desesperadas, as famílias apelam à polícia e logo o caso cai nas mãos do detetive Loki (Jake Gyllenhaal). Não demora muito para que ele prenda Alex (Paul Dano), que fica apenas 48 horas preso devido à ausência de provas contra ele. Alex na verdade tem o QI de uma criança de 10 anos e, por isso, a polícia não acredita que ele esteja envolvido com o desaparecimento. Entretanto, Keller está convicto de que ele tem culpa no cartório e resolve sequestrá-lo para arrancar a verdade dele, custe o que custar.


Filmes investigativos que apostam no suspense de esconder até o final quem é o real culpado, geralmente costumam cair no pecado do exagero saindo totalmente da proposta inicial, criando reviravoltas mirabolantes e levando o público a desvendar os segredos bem antes do tempo previsto pelo roteiro. 

Lembrando outros competentes exemplares investigativos como “Seven” e “Zodíaco”, “Os Suspeitos” parte de uma situação que levará ao máximo os seus personagens. Mas diferente das obras citadas, o filme foca em dois lados. Enquanto assistimos o detetive Loki (Jake Gyllenhaal) buscando uma resposta para o caso apresentado pelo filme, vivenciamos também o desespero de Keller Dover (Hugh Jackman) em descobrir quem foi o responsável pelo sequestro de sua filha, e não enxergando resultados por parte da polícia, decide agir sozinho. 


Mas é aí que temos o diferencial que torna “Os Suspeitos” uma experiência tão profunda e angustiante. Em muitos filmes, a partir deste ponto, o personagem de Jackman iniciaria uma caçada implacável fazendo o impossível para resgatar sua filha, transformando-se numa figura onde suas ações refletiriam o seu desespero e desejo por justiça. Parte dessa abordagem nós vemos em Keller Dover, mas sua pessoa, ao vivenciar dia após dia a falta de respostas, opta por fazer justiça com suas mãos, mas sem nunca cair no estereótipo do pai vingativo ou daquele que não possui limites. Em “Os Suspeitos”, as ações de Keller não são gratuitas, e justificam seu anseio por respostas e responsáveis. 

Outro ponto colocado em cheque na vida de Keller é a sua fé. Iniciando o filme orando o “Pai Nosso”, ao longo dos acontecimentos vamos notar o abalo na crença do personagem. Note como o diretor Denis Villeneuve insiste em mostrar o símbolo da cruz pendurada no carro, ou tatuada na mão do detetive Loki, tudo para ressaltar a fé necessária para encarar aquela situação. A crença de Keller que, não importa o que aconteça, acredita que irá encontrar sua filha. 


“Os Suspeitos” é um filme que exige também disposição. Vai se decepcionar quem for assistir esperando ação ou um filme agitado. O longa é um drama/suspense envolvendo uma investigação e a dor de um pai pelo desaparecimento do filho. Dennis Villeneuve conduz, por vezes, com lentidão colocando o público como participante da situação. A história apresenta muitos fatos e probabilidades, colocando os personagens presos dentro de um labirinto onde qualquer um pode ser o real vilão. Daí que o nome no original, “Prisoners”, ressalta melhor a ideia do filme, que não deixa ninguém escapar das nossas conclusões, inclusive o próprio protagonista. 

O elenco é outro quesito que merece aplausos em “Os Suspeitos”. Hugh Jackman faz uma atuação única em sua carreira como o pai de família Keller Dover, mostrando um aglomerado de sentimentos e revolta que resulta, talvez, em sua mais impactante e emocionante interpretação até hoje. O que faz uma oposição a interpretação de Jake Gyllenhall como o detetive Loki. Gyllenhaal é um detetive racional, que não explode e mantém a calma, trazendo segurança e conforto. Mas seu personagem surge também como um dos mais interessantes e curiosos. Notem suas tatuagens atípicas de um policial e no tique nervoso no olho do ator que pisca com expressividade ao longo de todo o filme, demonstrando sinais de cansaço e, possivelmente, de alguém que teve sérios problemas no passado. O filme não entra nesse mérito, mas é inegável que o detetive Loki surge como uma figura curiosa. E os demais atores, como Paul Dano, Melissa Leo, Terrence Howard, Viola Davis e Maria Bello, aparecem pouco, mas são peças importantes na trama e cada um está ótimo em seus respectivos papeis. 


Um dos melhores filmes do ano, “Os Suspeitos” é aquele filme que te surpreende, te faz se interessar tanto pela história quanto pelos personagens, e principalmente, te deixa aficionado querendo saber o vêm em seguida. Tocante, angustiante e empolgante sem precisar ser energético, falo sem medo que, desde “Zodíaco”, o cinema norte americano não oferecia um suspense investigativo tão bom assim. Vale muito a pena!

Comentário por Matheus C. Vilela

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