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quinta-feira, 22 de maio de 2014

NoCinema: X-MEN - DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO

X-Men: Days of Future Past/EUA
Ano: 2014 - Dirigido por: Bryan Singer
Elenco: Hugh Jackman, James MacAvoy, Michael Fassbender

NOTA: «««««

Sinopse: No futuro, os mutantes são caçados impiedosamente pelos Sentinelas, gigantescos robôs criados por Bolívar Trask (Peter Dinklage). Os poucos sobreviventes precisam viver escondidos, caso contrário serão também mortos. Entre eles estão o professor Charles Xavier (Patrick Stewart), Magneto (Ian McKellen), Tempestade (Halle Berry), Kitty Pryde (Ellen Page) e Wolverine (Hugh Jackman), que buscam um meio de evitar que os mutantes sejam aniquilados. O meio encontrado é enviar a consciência de Wolverine em uma viagem no tempo, rumo aos anos 1970. Lá ela ocupa o corpo do Wolverine da época, que procura os ainda jovens Xavier (James McAvoy) e Magneto (Michael Fassbender) para que, juntos, impeçam que este futuro trágico para os mutantes se torne realidade.


Em 2000 chegava aos cinemas “X-Men – O Filme”, obra que adaptava os populares quadrinhos da Marvel sobre um grupo de mutantes cuja principal luta, muito além do que meramente lutar contra outros seres super poderosos, era a busca pelo aceitamento do seu espaço dentro de uma sociedade não acostumada com tais tipos de seres humanos. Bryan Singer, diretor do filme, conseguiu trazer de uma maneira tão viva e equilibrada essa discussão, sem abusar de efeitos ou ação, que despertou em Hollywood não apenas o interesse dos estúdios em apostar em filmes adaptados de quadrinhos novamente, como despertou o interesse do público com uma discussão identificável para qualquer pessoa. 

Um tema sempre mantido nos demais filmes da franquia, Bryan Singer, após deixar a direção do terceiro filme para dirigir “Superman – O Retorno” (2006), volta ao posto de diretor neste “X-Men – Dias de Um Futuro Esquecido” adaptando um dos mais conhecidos arcos das histórias dos X-Men nos quadrinhos. E nada melhor que a viagem no tempo para trazer personagens anteriormente mortos nos demais filmes, como também abre a possibilidade de consertar certas incongruências narrativas na linha cinematográfica dos X-Men. Ainda que no final de tudo não deixe tê-las, isso não passa de detalhes e não interfere em absolutamente nada na eficiência do filme e muito menos nas ligações feitas com os longas já lançados da franquia. 


O mundo atual está destruído. Devastado pelo poder arrasador dos Sentinelas, robôs criados para exterminar a raça mutante mas que no processo não deixou de poupar humanos. Os mutantes estão cada vez mais escassos e o mundo já não é um lugar habitável para nenhum de nós. Xavier juntamente com os mutantes sobreviventes desse holocausto encontram a solução na volta no tempo, mas precisamente no ano de 1972 para impedir que Mística (Jennifer Lawrence) mate o cientista e empresário Bolivar Trask (Peter Dinktale), criador dos Sentinelas, liberando o ódio do mundo contra os mutantes confirmando a ideia dos humanos de “ser uma raça violenta que será responsável pelo extermínio do Homo Sapiens”. Wolverine é o escolhido para o serviço e sua mente é transportada para o seu corpo dos anos 70 com a missão de encontrar os jovens Xavier (James McAvoy) e Magneto (Michael Fassbender) para impedir os planos da Mística e impedir que a humanidade tenha o destino devastador mostrado no inicio do filme. 

O roteiro não busca entrar na discussão de como funciona a viagem no tempo ou como a mutante Kitty Pryde/Lince Negra adquiriu os poderes de transportar a mente de outras pessoas para o passado e, particularmente, acho isso ótimo. Soa orgânico, não cria delongas no roteiro que têm espaço para se preocupar com o que realmente interessa: a história central! 


Outro ponto forte é o fato de deixarem de escanteio o próprio Wolverine, que sempre foi o centro das atenções nos filmes anteriormente. Ele aparece bem, tem presença de cena, protagoniza ótimas cenas de ação, tanto que a escolha de Singer e os roteiristas em levá-lo para o passado é justamente para aproveitar um personagem tão amado pelo público, já que na HQ quem volta no tempo é a Kitty Pryde, mas Wolverine não ofusca o foco central do roteiro que é o triângulo Xavier, Magneto e Mística. 

Realçando a velha discussão entre Xavier e Magneto, aqui temos uma forte continuidade da história de cada um vista no excelente “X-Men – Primeira Classe”, se aprofundando mais ainda no relacionamento entre os três mostrando como a relação entre o trio chegou ao ponto dos primeiros filmes dos X-Men. E a ligação com “X-Men – O Filme”, “X-Men 2” e “X-Men 3: O Confronto Final” é fantástica criando um universo mais redondo e modelando com maior perfeição todo o arco dos mutantes no cinema, sendo este o filme que mais necessita da presença dos anteriores, e sendo este o melhor eficiente como filme solo. É soberba a construção da história capaz de contar uma trama singular de maneira plausível, mas ao mesmo tempo criando forte ligação com os filmes anteriores, mas de um jeito que não atrapalha a experiência de quem, por acaso, não assistiu os outros filmes. 


Criando cenas de ação eficientes, Singer utiliza os poderes de cada mutante coadjuvante com fluidez aproveitando o talento de cada um em cenas de ação criativas e empolgantes. Principalmente a cena envolvendo o personagem Mercúrio e o seu poder de alta velocidade. A cena não só é divertida, como comprova que não devemos criticar um personagem pelo que vemos em fotos ou cartazes. Criticado severamente pelo visual nas redes sociais, este Mercúrio dos X-Men (lembrando que o personagem também será usado em “Vingadores 2” com outra finalidade e outro ator) não é um dos mutantes principais do filme, mas o seu tempo de tela já consegue mostrar a simpatia e carisma do ator Evan Peters, que já foi confirmado no próximo filme “X-Men: Apocalipse”. 

Dramático e tocante. Empolgante e extasiante. “X-Men – Dias de Um Futuro Esquecido” marca a volta triunfal de Bryan Singer ao universo que ele mesmo foi o responsável por nos apresentar. Criando um filme maduro que aborda os temas freqüentes dos X-Men com maestria, equilíbrio e sensibilidade, o filme surpreende se tornando, para mim, o melhor de toda a franquia mutante no cinema. Rever atores tão queridos como Ian McKellen (Magneto) e Patrick Stewart (Xavier) reprisando os seus respectivos papéis é uma alegria sem tamanho principalmente para aqueles, como eu, que cresceram assistindo uma, duas, três e inúmeras vezes os filmes dos X-Men. E agora “Dias de Um Futuro Esquecido” entra para a lista de vícios e filmes memoráveis de super-heróis. Não gostei, eu amei!

Comentário por Matheus C. Vilela

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