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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

NoCinema: NINFOMANÍACA - VOLUME 1

Nymphomaniac: Volume 1-DINAMARCA
Ano: 2013 - Dirigido por: Lars von Trier
Elenco: Charlotte Gainsburg, Stellan Skarsgard, Stacy Martin

NOTA: «««««

Sinopse: Bastante machucada e largada em um beco, Joe (Charlotte Gainsbourg) é encontrada por um homem mais velho, Seligman (Stellan Skarsgard), que lhe oferece ajuda. Ele a leva para sua casa, onde possa descansar e se recuperar. Ao despertar, Joe começa a contar detalhes de sua vida para Seligman. Assumindo ser uma ninfomaníaca e que não é, de forma alguma, uma pessoa boa, ela narra algumas das aventuras sexuais que vivenciou para justificar o porquê de sua auto avaliação.


É incrível o poder de um excelente marketing! Com este “Ninfomaníaca” esta minha afirmação ganha ainda mais evidencia, já que o novo filme do diretor dinamarquês Lars von Trier vem lotando as salas dos cinemas onde está sendo exibido e toda a campanha de divulgação tem batido em cima no alto conteúdo sexual existente no filme, sendo chamado por muitos de um “soft porn”, ou seja, um pornô leve. 

Mas não! Não se deixem enganar por esta afirmação. Ainda que apareça antes do filme um letreiro informando que a obra a ser vista não é a versão original do diretor, duvido muito que o corte final de Lars von Trier seja a apelação toda que o diretor e a equipe de marketing vêm falando. Seu filme de 2009 “Anticristo”, pra você ter uma idéia, é muito mais pesado e mais explicito que este “Ninfomaníaca”. Mas desde o título até os pôsteres com atores famosos simulando um orgasmo, absolutamente tudo sugere a idéia de que quem for ao cinema verá muitas cenas de sexo explicito como nunca antes vista em um filme que não fosse pornô. Lêdo engano! “Ninfomaníaca – Volume 1” (ainda não vejo o porque de ter dois volumes!) tem cenas de sexo? Sim! Mas nada que já não tenhamos visto em outros filmes e nenhuma que de fato faça sair do cinema com ela em mente. 


Portanto, depois de ressaltar bem o ótimo trabalho dos marqueteiros do filme, e do próprio diretor que tem fama de rebelde sem causa, devo alegar que “Ninfomaníaca – Volume 1” me surpreendeu mais do que esperava. Não sou fã do cinema de Lars von Trier, mas achei que o diretor conseguiu centrar em um tema especifico neste filme e dissecá-lo sem a apelação dos seus trabalhos anteriores. Aqui, a melancolia e a solidão, sempre presentes nos personagens do cinema de von Trier, são mais acentuadas diante de uma protagonista viciada em sexo, e que usa isto como ferramenta de escape, chegando ao ponto de envolver sexualmente com sete homens numa mesma noite para, de alguma maneira, preencher o vazio e a falta de prazer que sente por sua vida. E um prazer que, em certo momento, nem o sexo consegue proporcionar. 

Mostrando aquele sexo seco, sem propósito, apenas por mero prazer, von Trier mostra como isso tem tornado as pessoas mais enclausuradas em uma emoção que no fim nada acrescenta. E obviamente que isto é passado aos moldes do diretor, conhecido pelo tom parado e longos diálogos. Confesso que não esperava ver o que vi em “Ninfomaníaca – Volume 1”. Sentindo-me enganado pelo marketing, ao longo do filme a indignação foi substituída pela surpresa, de ver um Lars von Trier se preocupando menos com a apelação, e centrado numa história interessante, apesar de longa e com muitos momentos arrastados, justificando que não tinha necessidade de dois filmes, apenas um, porém, ainda assim, me envolvi com o filme mais do que esperava. Dividido em capítulos, destaco aquele que têm a participação de Uma Thurman que está um arraso, e surpreende fazendo uma das melhores atuações da sua vida! 


Não considero uma obra prima, existem problemas e, repito, não precisava de dois! Decisão puramente comercial. Entretanto, por não ser um fã de Lars von Trier, vi aqui um diretor consistente e focado. Agora, filmes como “Um Estranho no Lago” e “Azul É A Cor Mais Quente”, ambos também do ano passado, que possuem cenas de sexo realmente pesadas, chegando a ser explicitas, não ganham a atenção toda de um “Ninfomaníaca”, que é levíssimo comparado a eles. Aí, digo mais uma vez, o que um excelente marketing não faz!

Comentário por Matheus C. Vilela

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