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sábado, 16 de novembro de 2013

JOGOS VORAZES: EM CHAMAS

The Hunger Games: Catching Fire-EUA
Ano: 2013 - Dirigido por: Francis Lawrence
Elenco: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth

NOTA: «««««

Sinopse: Este é o segundo volume da trilogia Jogos Vorazes, baseada nos romances de Suzanne Collins. A saga relata a aventura de Katniss (Jennifer Lawrence), jovem escolhida para participar aos "jogos vorazes", espécie de reality show em que um adolescente de cada distrito de Panem, considerado como "tributo", deve lutar com os demais até que apenas um saia vivo. Neste segundo episódio da série, após a afronta de Katniss à organização dos jogos, ela deverá enfrentar a forte represália do governo local, lutando não apenas por sua vida, mas por toda a população de Panem.


Com um orçamento de modestos US$ 78 milhões, ano passado fomos surpreendidos com um competente filme chamado “Jogos Vorazes”, que trazia não só pitadas de romance e um conceito político ainda muito recente e debatido com frequência ao longo do curso da humanidade, como também o filme dirigido por Gary Ross conseguiu apresentar uma maturidade muito além das demais obras infanto-juvenis adaptadas para o cinema depois do estouro de “Crepúsculo”, e do impulso tido, anteriormente, com Harry Potter, que abriu as portas. 

Agora com um custo de US$ 140 milhões e a direção do excelente Francis Lawrence, um diretor consistente que fez filmes ótimos como “Eu Sou A Lenda” e “Água Para Elefantes”, que gosto muito, Lawrence, digamos, foi o David Yates da franquia Jogos Vorazes. Assim como Yates entendeu o espírito da saga Harry Potter e amadureceu os filmes trazendo a essência do desespero diante de uma ameaça eminente, Lawrence melhora e muito o que Gary Ross construiu no primeiro filme, e cria um ritmo angustiante e um clima de desespero e desolação. Sentimos o cerco se fechando e a notável desarmonia entre a Capital e os distritos, e como aquele mundo vêm se contraindo com mais frequência a medida em que os poderosos usam seus poderes para retrair e impedir a revolta do povo. 


Dentro de um contexto que sempre esteve presente ao longo da história da humanidade, de Estados políticos impondo suas vontades sobre uma maioria desprivilegiada e mantida refém do sistema, este “Jogos Vorazes: Em Chamas” explora afundo esse contexto político da trama. Num mundo onde estamos presenciando inúmeras revoltas de cidadãos contra seus representantes e todas as atrocidades cometidas por eles, o filme traz algo muito além do que mero entretenimento e uma discussão válida sobre sociedade e o desejo de não aceitar a imposição da burguesia. 

Nas cenas que se passam nos distritos a fotografia cinza de Joe Willems ressalta esse mundo hostil e amargurado, de anos vivendo sem dignidade e liberdade. Em contra partida, quando estamos na Capital, note que a fotografia muda trazendo uma coloração mais amarelada ressaltando a sociedade consumista regada a festas e privilégios. Detalhes, aliás, acentuados pelo figurino criado pela figurinista Trish Summerville, que faz um trabalho exímio entre a excentricidade nas roupas extravagantes dos ricos e a simplicidade e desgaste nas vestimentas dos considerados inferiores. 


Outro ponto forte de “Jogos Vorazes”, desde o anterior, é o ótimo elenco. Jennifer Lawrence continua ótima e apresenta uma performance ainda melhor e mais tocante que no primeiro. Sua química com Josh Hutcherson é notável, e ambos convencem não só com a situação em que se encontram, como dos sentimentos de um pelo outro. O elenco de apoio também não é por menos, já que temos presenças fortes de Donald Sutherland e Philip Seymour Hoffman. 

Como todo filme do meio, obviamente “Jogos Vorazes: Em Chamas” termina deixando muita coisa para os próximos que virão. O último livro, “A Esperança”, será dividido em dois filmes (afinal, a moda pegou!) e desde que continue com essa mesma qualidade, até gosto da ideia. Melhor que o anterior, que já era muito bom, “Em Chamas” prepara o caminho para um final épico e emocionante. Que venha 2014 e 2015!

Comentário por Matheus C. Vilela

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