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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

NoCinema: PHILOMENA

Philomena-INGLATERRA
Ano: 2013 - Dirigido por: Stephen Frears
Elenco: Steve Coogan, Judi Dench, Sophie Kennedy Clark

NOTA: «««««

Sinopse: Irlanda, 1952. Philomena Lee (Judi Dench) é uma jovem que tem um filho recém-nascido quando é mandada para um convento. Sem poder levar a criança, ela o dá para adoção. A criança é adotada por um casal americano e some no mundo. Após sair do convento, Philomena começa uma busca pelo seu filho, junto com a ajuda de Martin Sixsmith (Steve Coogan), um jornalista de temperamento forte. Ao viajar para os Estados Unidos, eles descobrem informações incríveis sobre a vida do filho de Philomena e criam um intenso laço de afetividade entre os dois.


Ainda que o cinema norte-americano viva em constante sintonia com o cinema inglês ambos são dois universos completamente diferentes. Enquanto um gosta do espetáculo e muitas vezes de abusar dos artifícios narrativos, o outro já segue uma linha mais contida, equilibrada, e até quando decidem criticar, ou satirizar ou transmitir uma história extremamente chocante, os britânicos continuam maneirados e nunca passam do ponto. Essa característica, tão comum dos ingleses, se encaixa perfeitamente na história deste “Philomena”, uma trama baseada em fatos reais que tinha tudo para cair no tom novelesco e ser mais do mesmo. 


Não que eu não goste do melodrama, porque há casos que o estilo é bem transmitido e origina filmes eficientes, cito como exemplo o ótimo “O Impossível” com a Naomi Watts. Mas neste “Philomena”, o roteiro de Steve Coogan (também protagonista do filme) e Jeff Pope flui sem apelar para reviravoltas surpreendentes ou cenas de alta dramaticidade. Apesar de tê-las, Coogan e Pope injetam aquele humor inglês ácido e direto, mas sempre sutil e nada para chamar a atenção. Uma qualidade, aliás, que tornam ainda mais críveis e humanas os momentos de descobertas e, digamos, mais dramáticos da história. 

“Philomena” explora muito mais do que meramente a busca de uma mãe pelo filho que não vê há cinqüenta anos. A relação entre Max Sixsmith (Steve Coogan) e Philomena (Judi Dench) é outro ponto forte da obra. Sixsmith é um jornalista cético, estudioso das guerras russas e um ávido entendedor da política. Não acredita em Deus e raramente consegue ser um cavalheiro com as pessoas ao seu redor. Essa característica bate de frente com a pessoa simples, religiosa e faladeira de Philomena, uma mulher que apesar das qualidades, sofre por não ver o filho e guarda esse sentimento já por anos. Até quando conhece Sixsmith e ambos decidem procurá-lo. 


O genial no relacionamento desses dois personagens é que não temos aqui aquela jornada de mudança de caráter, com cenas dos personagens se arrependendo do que fizeram e etc. Nada disso! Tanto Max Sixsmith quanto Philomena continuam os mesmos do inicio ao fim, apresentam suas opiniões, debatem elas e seguem a vida. 

Dirigido por Stephen Frears, um diretor que desde o excelente “A Rainha” não mostrava nada digno de nota, lançando filmes sofríveis como “Cheri” e “O Dobro ou Nada”, Frears encontra aquele equilibro de “A Rainha”, explorando com profundidade os seus personagens e contanto de maneira eficiente e envolvente suas histórias. 


Belo, tocante e delicadamente divertido, “Philomena” é uma obra impossível de não se amar. Com atores magníficos como Steve Coogan e principalmente Judi Dench, o filme merece ser visto! Vale a pena!

Comentário por Matheus C. Vilela

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