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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

NoCinema: 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO

12 Years a Slave-EUA
Ano: 2013 - Dirigido por: Steve McQueen
Elenco: Chiwetel Ejiofor, Michael Fassbender, Nupita Nyong´o

NOTA: «««««

Sinopse: Esta história, baseada em fatos reais, apresenta Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor), um escravo liberto que é sequestrado em 1841 e forçado por um proprietário de escravos (Michael Fassbender) a trabalhar em uma plantação na região de Louisiana, nos Estados Unidos. Ele é resgatado apenas doze anos mais tarde, por um advogado (Brad Pitt).


É extremamente triste, durante a temporada de prêmios, quando um filme começa a mostrar sinais de favoritismo, principalmente para ganhar o Oscar, muitos o verem e diminuírem a obra a um mero exemplar encomendado unicamente para prêmios. Obviamente que o Oscar não significa sinal de qualidade, afinal, já vimos muitos filmes inferiores levando o maior prêmio enquanto aqueles de fato merecedores saindo de mãos abanando. 

O Oscar é importante? Muito. É um premio que agrega alto valor comercial? Sem dúvida! É político? Sim. Mas também não significa que a tal chamada Academia nunca premie filmes bons. A verdade é que sempre haverá discordâncias por se tratar de opiniões. Não acredito que um “crítico” avalie um filme observando apenas o seu valor técnico. Sempre existirá sua opinião presente ali. 


Portanto, as críticas a este “12 Anos de Escravidão” durante essa temporada, definido por alguns críticos como um “típico exemplar de Oscar” que se utiliza da violência da escravidão para impressionar o público e abusa do drama para “abocanhar algumas estatuetas”, é realmente diminuir a obra a um patamar pífio e deixar de discutir o rico material que esta apresenta. Temos até um determinado jornalista brasileiro que assume não ter visto, mas mesmo assim criou sua lista de 16 motivos para não assistir “12 Anos de Escravidão”. Então, por um lado, ser reconhecido com prêmios muitas vezes não é tão vantajoso como aparenta. 

Mas agora voltando nossa atenção totalmente para o filme, “12 Anos de Escravidão” aborda não apenas um assunto difícil sobre um momento histórico desumano e sanguinário da história das Américas, como o faz sem medo de mostrar a violência crua e sem propósito dos brancos, utilizando-se de um olhar altamente esnobe ao retratar até mesmo os “bons senhores de fazenda” como pessoas que, se mostram éticas e religiosas, mas não abrem mão da escravidão e nada fazem contra ela. 


Aliás, em “12 Anos de Escravidão” temos vários pólos que exemplificam os diferentes tipos de homens que existiam no período escravista. Encarnado por atores de nome, o diretor Steve McQueen apresenta o branco comerciante de escravos interessado apenas no lucro (Paul Giamatti); o senhor de fazenda que evangeliza os escravos, mas nada faz por eles (Benedict Cumberbatch); o capataz sem escrúpulos (Paul Dano); o senhor de fazenda violento e implacável no seu ódio pelos negros (Michael Fassbender); e também, fugindo a regra, o homem branco de bom coração (Brad Pitt). Cada um desses personagens exemplifica uma realidade do período, os diferentes tipos de homens, e seus distintos atos de violência contra os negros. 

Outro ponto forte em “12 Anos de Escravidão” é a sua violência. McQueen não cria uma violência gratuita existente ali unicamente para se ter um impacto. Tais cenas conseguem ser impactantes não pelo ato em si, ele também, porém, principalmente por exprimir um ódio sem motivos de uma raça por outra raça. O que leva um ser humano a ter tais atitudes? O porquê disso? São perguntas que McQueen faz e responde em cena, através da imagem. 


Vamos ao elenco. Chiwetel Ejiofor encarna com fervor o protagonista Solomon Northup, negro livre que é enganado por dois companheiros de trabalho e vendido como escravo, resultando nos 12 anos de escravidão apresentado no título. Ejiofor é uma força da natureza que exprime, seja através de um olhar distante, ou de um mexer dos lábios, as dores da injustiça sofrida. Do mesmo modo é Nupita Nyong´o, uma revelação, que traz consigo anos de sofrimento e abuso, passados com tanta entrega que a atriz é mais do que merecedora do Oscar de Coadjuvante. E completando o trio de destaques, Michael Fassbender é um furacão em cena na pele do inescrupuloso Edwin Epps, um escravocrata senhor de fazenda que acredita piamente na violência como ferramenta de ensino e obediência. 

A trilha sonora composta por Hans Zimmer, que foi indicada ao Oscar, é carregada da simplicidade dos escravos. Composta por barulhos de panelas, correntes, Zimmer cria uma percussão angustiante e tenebrosa que exerce forte poder na condução da história. 


Podem falar o que for, mas “12 Anos de Escravidão” é desde já uma obra essencial e importante relacionado à escravidão. Adotado como material de estudo obrigatório em todas as escolas norte-americanas, o filme é um daqueles trabalhos que será lembrado sempre como um dos mais importantes filmes sobre o assunto. E merece nossa atenção sim! Recomendado!

Comentário por Matheus C. Vilela

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