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terça-feira, 17 de setembro de 2013

INVOCAÇÃO DO MAL

The Conjuring-EUA
Ano: 2013 - Dirigido por: James Wan
Elenco: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Lili Taylor

NOTA: «««««

Sinopse: Harrisville, Estados Unidos. Um casal (Ron Livinston e Lili Taylor) muda para uma casa nova ao lado de suas cinco filhas. Inexplicavelmente, estranhos acontecimentos começam a assustar as crianças, o pai e, principalmente, a mãe. Preocupada com algumas manchas que aparecem em seu corpo e com uma sequência de sustos que levou, ela decide procurar um famoso casal de investigadores paranormais (Patrick Wilson e Vera Farmiga), mas eles não aceitam o convite, acreditando ser somente mais um engano de pessoas apavoradas com canos que fazem barulhos durante a noite ou coisas do gênero. Porém, quando eles aceitam fazer uma visita ao local, descobrem que algo muito poderoso e do mal reside ali. Agora, eles precisam descobrir o que é e o porquê daquilo tudo acontecendo com os membros daquela família. É quando o passado começa a revelar uma entidade demoníaca querendo continuar sua trajetória de maldades.


Creio que muito mais do que mostrar monstros ou fantasmas, mais assustador ainda é o não mostrar nada e deixar nossa mente vagar tentando imaginar o que pode existir ali. O lidar com o psicológico e o medo de saber que existe algo, mas não sabemos o quê, é o verdadeiro terror capaz de arrepiar até no fundo da alma e nos fazer ficar pensando sobre aquilo dias e dias. 

Nos últimos anos esse gênero tem recebido um cuidado cada vez mais escasso em Hollywood. Hoje em dia temos inúmeros filmes do gênero lançados direto para Home Video, outros que vão para o cinema, mas a grande maioria nada assusta por lidar com os seus argumentos de maneira cada vez mais direta e aberta, e esquecem que existem pessoas do outro lado assistindo querendo fazer parte da história. 


Tivemos dois filmes recentemente que conseguiram trabalhar muitíssimo bem com esse psicológico do público. “A Mulher de Preto”, com Daniel Radcliffe (o Harry Potter) e “Mama”, produzido por Guillermo Del Toro, possuem momentos excepcionais que comprovam que o mostrar menos, apavora muito mais. Este “A Invocação do Mal” surpreende por saber trabalhar com sua história e trazer importância aos personagens, e no final das contas, o filme se mostra um dos melhores exemplares do gênero dessa última década. 

A história se baseia em um caso real vivido pelo casal de investigadores sobrenaturais Lorraine e Ed Warren. O casal ficou conhecido nas décadas de 50 e 60 pelos seus casos envolvendo paranormalidade, tendo no currículo histórias que inspiraram filmes como “Horror em Amithville” e “Evocando Espíritos”, por exemplo. 


Se verdade ou não isso não nos interessa, mas Lorraine, que ainda é viva tendo 86 anos hoje, alegou que o caso da família Perron apresentado neste “Invocação do Mal” foi um dos mais grotescos que o casal já trabalhou. Na vida real a história terminou com a retirada de Ed Warren do caso pelo patriarca da família, Roger Perron, por causa de uma sessão de exorcismo mal sucedida, e a casa atormentada por espíritos só foi esvaziada quando Carolyn Perron morreu anos mais tarde de doença, e o seu marido Roger Perron, com as filhas, se mudou da casa. 

Dirigido por James Wan, o filme recebeu um investimento de US$ 20 milhões e boa parte desse valor foi investido em ótimos atores resultando na contratação de Patrick Wilson (ótimo!) e Vera Farmiga (maravilhosa!) na pele do casal Warren. O restante foi direcionado a produção, incluindo uma ótima fotografia realizada por John R. Leonetti, uma edição precisa de Kirk M. Morri e uma reconstrução de época minuciosa. 


Mas destaco a direção de Wan como um dos pontos fortes do longa. Wan, que dirigiu os sucessos “Jogos Mortais” e “Sobrenatural”, faz aqui o seu melhor filme da carreira até o momento, demonstrando uma sensibilidade narrativa notória buscando levar o público para dentro da história sem exageros ou abusos de técnica. Tudo é muito sútil, e um mero detalhe, como uma porta se abrindo vagarosamente, diz muita coisa. Usando travellings que vão passeando pela casa ressaltando todo o ambiente, Wan transforma o local num personagem importante do filme e um lugar onde, assim como os personagens, o público se sente inseguro de estar. 

O deslize acontece justamente no final onde “Invocação do Mal” segue a moda de Hollywood em querer mostrar muita coisa entregando de bandeja elementos fundamentais para a tensão do público. Do mesmo jeito que aconteceu em “Mama”, o filme segue excelente trabalhando com o psicológico e o sobrenatural, até o instante que em decide transformar a sutileza e as nuances do suspense, numa fita com demônios se revelando e uma correria com tom de aventura. 


Mas enfim, mesmo com o final excedido, “Invocação do Mal” é ótimo e perdura depois do seu término. Além de ser bem feito e muito bem dirigido. Vale a pena!

Comentário por Matheus C. Vilela

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