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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

NoCinema: FROZEN - UMA AVENTURA CONGELANTE

Frozen-EUA
Ano: 2013 - Dirigido por:Chris Buck, Jennifer Lee
Elenco: Kristen Bell, Idina Menzel, Josh Gad

NOTA: «««««

Sinopse: Uma profecia condena um reino a um inverno eterno, então Anna (Kristen Bell) precisa se unir a Kristoff (Jonathan Groff), um ousado homem da montanha, na maior de todas as aventuras para encontrar sua irmã, a Rainha da Neve (Idina Menzel) e pôr um fim no feitiço gelado. Encontrando criaturas míticas, mágicas e extremas como o Everest a cada passo, Anna e Kristoff enfrentam os elementos da natureza em uma corrida para salvar o reino da destruição.


Enrolados”, lançado em 2010, trazia uma princesa totalmente diferente. A Rapunzel do novo século é espevitada, anda descalça, bate nas pessoas com uma frigideira, grita e consegue ser ao mesmo tempo linda e graciosa. Logo me conquistou e se tornou a minha princesa favorita da Disney. E ainda é! Portanto, após o estrondoso sucesso do filme que arrecadou quase US$ 700 milhões em bilheteria mundialmente, a Disney viu que princesa delicada como implantada pelo estúdio no século XX pelo mestre Walt Disney não funcionava mais para a nova geração. Hoje as princesas são belas e encantadoras? Sim! Porém, com um toque da euforia infantil presente. Neste “Frozen" nossa protagonista, princesa irmã caçula da família chamada Anna, dorme de maneira desengonçada com um rastro de saliva caindo da sua boca, é determinada, faladeira e, como Rapunzel, consegue nos conquistar de imediato. 

E uma coisa que aprendemos com “Enrolados” e é mais forte neste “Frozen” é que não é preciso fazer uma história de princesa apostando naquela estrutura padrão de bruxa má, príncipe encantado e princesa indefesa também implantado por Walt Disney desde a década de 30 quando foi lançado “Branca de Neve e os Sete Anões”. Em “Enrolados” o “príncipe” na realidade é um ladrão do reino, não temos a bruxa má cheia de poderes mágicos, mas uma madrasta isenta de magia que só busca viver mais tempo através dos poderes de rejuvenescimento do cabelo de Rapunzel. A magia é presente? Sem dúvida, afinal, é um filme Disney, porém, de um jeito muito mais sutil e menos escancarado que nas obras clássicas do estúdio. 


A história fala de duas irmãs. A mais velha, chamada Elsa, nasceu com uma anomalia que a oferece capacidade de controlar o gelo. Tudo onde toca congela e durante todo o filme, desde a infância até já grande, Elsa não consegue controlar totalmente seus poderes. Certo dia, quando na infância brincava com sua irmã Anna fazendo nevar no castelo e criando bonecos de neve através dos seus dons, sem querer Anna é atingida na cabeça pelos seus poderes ficando desacordada. O rei e a rainha levam a filha para criaturas na floresta chamadas de trolls, e estes conseguem curar a menina e retirar toda e qualquer lembrança dela em relação aos poderes da irmã mais velha. A partir daí, ambas viverão reclusas e separadas uma da outra e de todo o reino, para que ninguém descubra a anomalia da futura rainha e, claro, para que acidentes semelhantes ao de Anna não aconteça novamente. 

Após a morte do rei e da rainha em um naufrágio, Elsa aguarda atingir a idade necessária para assumir o trono. No dia da sua coroação, uma situação a faz mostrar seus poderes para todos, inclusive para a própria irmã. Rejeitada e não aceita por ninguém, Elsa decide fugir para longe, viver nas montanhas e proteger todos os cidadãos do reino, e sua irmã, de mais acidentes. Porém, a magia de Elsa é tão poderosa que ela acaba trazendo, sem querer, um forte inverno que assola todo o reino. Decidida a ajudar a irmã mais velha, convencendo ela a voltar e resolver o problema, Anna parte numa busca em meio ao frio congelante. No caminho, se juntará a um vendedor de gelo chamado Kristoff e a um boneco de neve falante intitulado Olaf. 


Neste “Frozen” apesar de termos aqueles personagens, digamos, não tão legais unicamente interessados na prosperidade do reino, eles acabam não sendo o foco da história e portanto não são os vilões principais. Os vilões de “Frozen”, na realidade, é o medo, a separação, a vergonha e por fim, não apenas um alguém que se auto denomina “o vilão”, mas toda a sociedade em si. Somos nós que diante de algo diferente, estranho, nos comportamos com pré conceito menosprezando pessoas que, se trazidas para perto, conseguiríamos ver sua real natureza. Os vilões quem cria são as próprias pessoas com sua visão fechada de mundo, sempre julgando e rotulando a todos. Isso é muito presente na história de “Frozen”, principalmente em tudo relacionado a personagem Elsa, que passou toda sua infância trancada dentro de um castelo e ensinada pelos pais que era perigosa demais e que tinha que ficar sozinha para proteger as pessoas que ama. 

Outro detalhe que gostei muito neste filme é que a roteirista Jennifer Lee injeta sua sabedoria feminina desmistificando muita coisa criada pela própria Disney nos filmes de princesas antigos ensinando totalmente o oposto. Um exemplo é quando a princesa Anna conhece um príncipe durante a coroação da irmã, os dois cantam, ele a pede em casamento no mesmo dia e imediatamente o pedido é aceito. Porém, quando os dois vai pedir a benção da rainha Elsa, esta recusa e diz que não haverá casamento porque não se pode casar com alguém que acabou de conhecer. Então, num impulso, Anna responde para a irmã mais velha: “Mas é amor verdadeiro!” e recebe da mesma “O que é que você sabe sobre amor?”. Precisa falar mais alguma coisa? Maturidade chegando às princesas da Disney! 


E se o "amor verdadeiro" entre o príncipe encantado e a princesa sempre foi algo tão martelado pela cultura Disney ao longo dos anos, "Frozen" subverte esse conceito mostrando que existem outras formas de amor verdadeiro, como por exemplo, o das irmãs Anna e Elsa. Tão importante quanto, ou até mais, o amor familiar é algo que, quando presente, nada pode interromper.

Como é praxe nos filmes da Disney, obviamente “Frozen” é um musical repleto de canções que realçam mais ainda os sentimentos de cada personagem. Como sou um apaixonado por musicais, a experiência foi extasiante! Destaco a linda e forte candidata ao Oscar “Let It Go”, “Do You Want Build A Snowman” é de fazer chorar, “For The First in Forever” e “Love is a Open Door” são duas sequencias empolgantes do inicio ao fim. Disney sendo o melhor de Disney!


Frozen – Uma Aventura Congelante” é a melhor animação norte-americana deste ano de 2013. Delicada, envolvente e merecedor de todo o sucesso que vêm fazendo. Um filme de princesa? Sim! Mas um filme de princesa com muito a se dizer, e nos apresentado da maneira mais bela e marcante com o melhor estilo Disney! 

Uma breve observação: geralmente fico com muito medo quando resolvem chamar celebridades brasileiras para a dublagem, um exemplo foi Luciano Huck estragando nossa versão dublada em “Enrolados”, mas o comediante Fabio Porchat que dubla o boneco de neve Olaf, surpreende e arrasa com um trabalho notável e muito competente. Parabéns Porchat!

Comentário por Matheus C. Vilela

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