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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

CORIOLANO

Coriolanus/Reino Unido
Ano: 2012 - Dirigido por: Ralph Fiennes

Sinopse: Caius Martius Coriolanus, um general romano temido e reverenciado, está em desacordo com a cidade de Roma e seus cidadãos. Impulsionado a ocupar a poderosa e cobiçada posição de cônsul por sua mãe controladora e ambiciosa, Volumnia, ele não está disposto a agradar às massas cujos votos ele precisa para assegurar o cargo. Quando o povo recusa a apoiá-lo, a raiva de Coriolanus gera um protesto que culmina em sua expulsão de Roma. O herói banido se alia então ao seu inimigo declarado Tullus Aufidius para vingar-se da cidade.


Caio Márcio Coriolano foi um general lendário de Roma durante o século V A.C. que perdeu o pai quando criança e foi criado pela mãe viúva. Ainda jovem, conseguiu destaque na Batalha do Lago Regillus e recebeu o codnome Coriolanos após ter se distinguido no ataque a Corioli, uma cidade dos Volscos, quando foi promovido a general. 

Depois desse feito as histórias em torno do mito foram se agravando incentivando escritores a relatar os seus feitos, daí, pelas mãos de homens como Lívio e Plutarco, a trajetória de Caio Márcio Coriolano foi ganhando forma. Porém, a adaptação mais conhecida de sua vida foi a tragédia escrita por William Shakespeare. 


Sua história atravessou os séculos e é tida como uma lenda moralizante e social, que serve para tratar, de maneira crítica, assuntos como o orgulho militarista-democrático e o desprezo do Estado pelo povo, características estas presentes na figura de Coriolano, que antes um soldado valente de Roma, que dedicou anos de sua vida as batalhas, e após ser indicado para concorrer à vaga de cônsul, é rejeitado pelo povo e por parlamentares devido ao seu autoritarismo, ódio e intangível natureza. 

Dirigido por Ralph Fiennes (Lord Voldmort da séria Harry Potter) e também estrelado por ele, “Coriolano” é uma recontextualização da obra de Shakespeare adaptada para os dias atuais, onde a trama se passa numa Roma em crise e em decadência, e os volscos, no papel de rebeldes guerrilheiros esquerdistas. 


Fiennes ao lado do roteirista John Logan, responsável por roteiros de filmes como “Gladiador”, “O Aviador”, “O Último Samurai” e mais recentemente “A Invenção de Hugo Cabret”, adaptam com competência a peça de Shakespeare para um ambiente atual bem construído e Logan oferece um ar grandioso, onde decidindo manter o estilo de linguagem do período de Shakespeare, cria um filme ágil, com diálogos que não soam cansativos e muito menos desconexos com o período do filme. Aliás, a mesclagem do antigo com o contemporâneo é bem feita e convincente. 

Entretanto, Logan erra por se aprofundar muito pouco nos personagens, criando uma distância entre eles e o público. Tudo é muito superficial e sem emoção em “Coriolano”. Mesmo sendo bem feito a mistura dos diálogos de Shakespeare com a época atual, o filme possui uma narrativa teatral, que talvez tenha sido proposital já que é baseado em Shakespeare, porém, que gera pouco interesse nos personagens, onde, no cinema, a linguagem teatral já não encaixa perfeitamente bem como sendo feita num palco, e com isso, os dramas soam secos e distantes. 


A direção de Fiennes já é competente. Fazendo aqui a sua estreia como diretor, Fiennes mostra saber filmar com habilidade os momentos de guerra, e com tensão as partes de confronto textual entre os personagens. E como ator, Fiennes também se destaca e interpreta com fervor o general Coriolano, e isso, ao lado de um competente Gerard Butler, que interpreta o líder dos volscos e faz meio que uma releitura de seu papel em “300”, ou seja, tá valendo! 

Portanto, “Coriolano” pode ser distante e frio em suas emoções não causando impacto e nenhuma emoção, porém, incrivelmente, é um filme que prendeu a minha atenção até o fim. Ainda que falho, vale a pena tanto pela boa adaptação das linguagens quanto pelos excelentes atores. Bom!

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

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