Ano: 1972
Tema recorrente na extensa carreira de Woody Allen, o sexo é tratado com muito humor em Tudo Que Você Precisa Saber Sobre Sexo (e não pretendo reproduzir o título inteiro por ser longo demais e mais uma piada infeliz do filme). Poucos conhecem uma das fases mais produtivas e divertidas de Woody Allen, em que criava comédias de humor corporal (e, se já existia a neurose do diretor nas falas proferidas por seus personagens, não representa metade da verborragia que ele adotaria anos depois). Esta obra faz parte deste seu início de carreira, em que influências dos seus shows stand-up e comediantes como Buster Keaton e Irmãos Marx, dominando seu cinema com um bom humor invejável.
E o próprio diz que, naquela época, não sabia quase nada de linguagem cinematográfica. A incontestável prova disso é o enfadonho “Todo o que Você...”, que, além de raramente provocar o riso no espectador, demonstra-se pedestre narrativamente. O filme conta com sete segmentos: “Os afrodisíacos funcionam?”, “O que é sodomia?”, “Por que algumas mulheres têm problemas de orgasmo?”, “Os travestis são homossexuais?”, “O que são perversões sexuais?”, “Os experimentos e as pesquisas sobre sexo feitas pelos cientistas médicos são válidas?” e “O que acontece durante a ejaculação?”.
É levemente engraçado observar algumas sacadas de Allen, como o uso de óculos fundo de garrafa numa época em que, obviamente, isso sequer existia. Ao contrário, as gags envolvendo o personagem de Gene Wilder, embora irreverentes, atestam a incapacidade do roteirista, num aparente bloqueio criativo, de criar uma boa piada (e, acredite, a situação é muito propicia). Já o último curta, onde Allen e Burt Reynolds (que, ironicamente, participaria de Boogie Nights posteriormente), é, certamente, o mais criativo e engraçado, uma vez que os personagens (atores vestidos de espermatozoide) discutem sobre a ejaculação (e piadas com a masturbação, por exemplo, revelam-se verdadeiramente eficientes).
Longe da genialidade e veia cômica afiada do Woody Allen de outros filmes melhores, a obra serve mais para observarmos um cineasta iniciando sua carreira com bastante irreverência. Pois suas verdadeiras obras-primas ainda estariam por vir.
Comentário por Júlio Pereira
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