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sábado, 17 de novembro de 2012

VALENTE

Brave/EUA
Ano: 2012 - Dirigido por: Mark Andrews e Brenda Chapman.

Sinopse: A jovem princesa Merida foi criada pela mãe para ser a sucessora perfeita ao cargo de rainha, seguindo a etiqueta e os costumes do reino. Mas a garota dos cabelos rebeldes não tem a menor vocação para esta vida traçada, preferindo cavalgar pelas planícies selvagens da Escócia e praticar o seu esporte favorito, o tiro ao arco. Quando uma competição é organizada contra a sua vontade, para escolher seu futuro marido, Merida decide recorrer à ajuda de uma bruxa, a quem pede que sua mãe mude. Mas quando o feitiço surte efeito, a transformação da rainha não é exatamente o que Merida imaginava... Agora caberá à jovem ajudar a sua mãe e impedir que o reino entre em guerra com os povos vizinhos.


“Valente”, a nova animação da Pixar, não conseguiu se tornar aquele clássico instantâneo como os filmes de “Toy Story 3” para trás conseguiram. E tendo deslizado feio com “Carros 2”, ao menos o estúdio de animações mais adorado de Hollywood volta em um projeto original com um filme que, mesmo não sendo tão marcante, consegue ser muito melhor que “Carros 2” e possui qualidades notáveis, um visual deslumbrante e uma protagonista inesquecível. 

A obra é o primeiro conto de fadas da Pixar e a grande preocupação do estúdio era criar um filme que não parecesse um típico filme de princesa da Disney, e sim, que tivesse aquela ousadia e originalidade habitual da empresa.


Um grande acerto de “Valente” se encontra em explorar o relacionamento entre mãe e filha, algo muito pouco visto em filmes de animação, e que aqui, o diretor Mark Andrews aprofunda com delicadeza mostrando o amadurecimento de ambas no decorrer da história. Tudo de maneira tranquila e com aquele jeito tocante que a Pixar sabe fazer. 

E para não ficar com cara de Disney, ainda que tenha algumas músicas no decorrer, a Pixar acerta também por focar minimamente na fantasia e optar mais pelo realismo e crueza dos fatos. Não que o filme não tenha magia, mas ela não passa de um mero detalhe, o foco mesmo em “Valente” são as relações familiares e o aprendizado que temos sobre respeito, pais e obediência. As mensagens em si não são nada novas. A adolescente rebelde que irá aprender com os seus erros o valor do respeito aos pais e irá entender que eles só querem o seu bem. Porém, mais uma vez repito, o modo como é transmitido é que é o diferencial da obra. O clichê não soa clichê e bobo, e Andrews o transforma em algo envolvente e tocante de se acompanhar e seguir. 


O visual de “Valente” é outro detalhe fenomenal. Os trabalhos artísticos dos filmes da Pixar são minuciosos, detalhistas e altamente bem feitos. Aqui, desde os vales e florestas escocesas, passando pelas vestimentas (algo também já feito com muita qualidade pela DreamWorks no excelente "Como Treinar O Seu Dragão") até o belíssimo e surpreendente cabelo ruivo da princesa Merida, “Valente” encanta e impressiona. 

E por falar na princesa Merida, a moda hoje são as princesas ousadas, que lutam, enfrentam e não esperam mais por seus príncipes como era antigamente. Já tivemos um exemplo que deu muito certo no ótimo “Enrolados” e agora temos aqui em “Valente”.

Merida não quer saber de casar ou seguir os padrões da época para as mulheres. Ela luta, enfrenta, arrota, grita, anda desarrumada e não está nem aí para o que as pessoas vão pensar. Particularmente, acho essas as melhores princesas, tanto que tenho como a minha preferida a Rapunzel de “Enrolados”. 


Entretanto, senti certa pressa por parte do diretor Mark Andrews com o narrar da história, assim como desnecessário a bruxa que aparece no filme. Poderiam criar muito bem algo ao estilo “Irmão Urso” do que colocar uma bruxa apenas por ser um filme de princesa. Ainda que ela não seja má e nem a vilã (o filme não tem vilão, outra coisa bacana), sua presença pouco acrescenta a trama. 

Mas apesar disso, “Valente” é um retorno de cabeça erguida para a Pixar. Como mencionei no inicio do texto, não é um filme que gerou alvoroço como outros do estúdio, mas vale a pena conferir esse singular, belo, tocante e divertido “Valente”.

Nota: «««««

Comentário por Matheus C. Vilela

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